Alforria, paternalismo e etnicidade em Porto Alegre, 1800-1835

Autores

  • Gabriel Aladrén

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.6742

Palavras-chave:

Escravidão, Libertos, Alforria, Paternalismo, Etnicidade

Resumo

Este artigo dedica-se a analisar os padrões de alforria em Porto Alegre, nas três primeiras décadas do século XIX. Os escravos, na região pesquisada, estavam presentes em praticamente todas as atividades produtivas. Nesse contexto, a prática da manumissão difundiu-se e ensejou a formação de um importante contingente populacional de libertos. As possibilidades de conquista da alforria eram distintas para os escravos africanos e os nascidos no Brasil. Os primeiros alforriavam-se, sobretudo, através da compra de sua liberdade, possibilitada pela formação de pecúlio, quer individualmente, quer com o auxílio de parentes, amigos e aliados. Os nascidos no Brasil dominavam amplamente as alforrias que não envolviam contrapartida monetária. Verificou-se que essa predominância assentava-se na relação, regulada pela política de domínio paternalista, de maior proximidade entre esses cativos e seus senhores. Entretanto, essa proximidade não significava a ausência de conflitos e tensões.

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Publicado

2008-07-01

Como Citar

Aladrén, G. (2008). Alforria, paternalismo e etnicidade em Porto Alegre, 1800-1835. Anos 90, 15(27), 125–160. https://doi.org/10.22456/1983-201X.6742

Edição

Seção

Dossiê: África - Brasil