Nunca foram heróis! A disputa pela imposição de significados em torno do emprego da violência na ditadura brasileira, por meio de uma leitura do Projeto ORVIL
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.28623Palavras-chave:
ORVIL, Serviços de informações, Tortura, Memória, Ditadura brasileira, Serviços secretosResumo
Este texto aborda o processo de criação, execução e divulgação do Projeto ORVIL, a partir da perspectiva de um de seus principais executores: o então tenente-coronel “N2”. O projeto foi pensado ainda no início de 1984, e propunha a elaboração de uma “Escrita da História” que deslocasse o discurso que vinha sendo produzido pelos militantes de esquerda acerca da tortura no Brasil, principalmente a partir da Anistia, e divulgado por meio de entrevistas e de uma extensa bibliografia memorialística. Permeado pelo discurso relativo à memória e às disputas realizadas em torno de sua imposição, o texto analisa, a partir da perspectiva individual, como esta construção se traduziu em um cenário institucional. Procuramos a) compreender como um determinado grupo de militares, marcadamente ultra-conservadores, se concebiam no cenário do golpe militar e de implementação da repressão; b) perceber quais estratégias foram e ainda são utilizadas para contar e rememorar esse passado e, por fim; c) identificar quais fatores possuem capacidade de intervir nesta construção, tanto da perspectiva endógena, em termos de instituição, quanto exógena.
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