Do Fetichismo à Idade Positiva: apropriação territorial e política indígena no Rio Grande do Sul da Primeira República (1889-1925)

Autores

  • Marcio Both Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.24075

Palavras-chave:

Índios, História, Estado

Resumo

Os primeiros anos do século XX são marcados pela presença de uma preocupação por parte das autoridades governamentais do Brasil com respeito à questão indígena. Embora tal fato não fosse novidade, uma vez que acompanha o processo de conquista das terras brasileiras desde os primeiros contatos estabelecidos entre indígenas e europeus ainda no século XVI. No século XX, o problema ganha novos contornos e um dos principais exemplos disso é a criação, em 1910, de uma instituição federal responsável por tratar da questão indígena: o Serviço de Proteção ao Índio e Localização do Trabalhador Nacional (SPILTN). Juntamente com a implementação de políticas estatais voltadas a tutela dos indígenas, as áreas tradicionalmente habitadas pelas populações nativas, no caso do Rio Grande do Sul, são alvo de um intenso processo de povoamento. Assim, o interesse deste artigo é discutir a relação entre o gerenciamento da questão indígena levada a cabo por parte dos agentes governamentais e o processo de ocupação territorial que marcou a região de matas do estado durante o período da Primeira República.

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Biografia do Autor

Marcio Both, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

Graduado em História pela UNIJUI. Mestre em História pela UFRGS. Doutor em História pela UFF e professor dos cursos de graduação e pós-graduação em História da UNIOESTE.

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Publicado

2012-01-17

Como Citar

Both, M. (2012). Do Fetichismo à Idade Positiva: apropriação territorial e política indígena no Rio Grande do Sul da Primeira República (1889-1925). Anos 90, 18(34). https://doi.org/10.22456/1983-201X.24075

Edição

Seção

Dossiê: História indígena na América