A Vila Buarque torna-se hipster: conceitos globais, efeitos locais
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.103765Palavras-chave:
hipsters, cosmopolitismo, ubiquidade, consumo, cidadeResumo
Resumo: Neste artigo, são apresentadas reflexões a partir de uma pesquisa etnográfica sobre o bairro da Vila Buarque, na região central de São Paulo. Historicamente ocupado por camadas médias e superiores da população paulistana, na última década o bairro tem vivenciado um afluxo de novos moradores hipsters (jovens de alto poder aquisitivo, vinculados a atividades profissionais tidas como criativas, alinhados a um espectro político mais progressista) e a inauguração de uma série de novos estabelecimentos comerciais (tais como bares, cafés, restaurantes e lojas de design) voltados a este perfil. Este fenômeno contraria a tendência histórica de deslocamento das elites para longe da região central da cidade, e é tomado como ponto de partida para a observação de como diversas referências globais de consumo e de modos de estar na cidade se refletem no contexto local.
Palavras-chave: hipsters, cosmopolitismo, ubiquidade, consumo, cidade
VILA BUARQUE BECOMES HIPSTER: GLOBAL CONCEPTS, LOCAL EFFECTS
Abstract: On this article, are discussed reflections based on an ethnographical research about Vila Buarque Neighborhood, in the central area of São Paulo. Historically occupied by middle-upper stratum of São Paulo population, over the last decade the neighborhood has become an residential option for new hipster residents (young people with high incomes, related to professional activities generally seen as creative, mostly politically progressive), and has witnessed the opening of several new businesses (such as bars, coffee shops, restaurants and design stores) targeted to these residents. This phenomenon happens in the opposite direction of the historical tendency of the elites leaving the central area of the city, and is taken as a starting point for the observation on how global references of consumption and ways of being in the city are reflected on the local context.
Keywords: hipsters, cosmopolitanism, ubiquity, consumption, city
Downloads
Referências
ALCÂNTARA, Maurício F. Síntomas versus diagnósticos: hipsters y gentrification en Vila Buarque, São Paulo. Investiga Territorios, n. 7, p. 31–45, 2018a.
___. Gentrificação e “hipsterização”: um estudo sobre a Vila Buarque (São Paulo, Brasil). Sociabilidades Urbanas - Revista de Antropologia e Sociologia, v. 2, n. 6, p. 31–48, nov. 2018b.
___. “Hipsterização” no centro de São Paulo: consumo, trabalho e produção da cidade. Dissertação de mestrado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2019.
BOURDIEU, Pierre. Outline of a Theory of Practice. Cambridge: Cambridge University Press, 1977.
___. A Distinção: Crítica Social do Julgamento. Porto Alegre: Zouk, 2011.
CORDEIRO, Graça. Í. Territórios e identidade: sobre escalas de organização socio-espacial num bairro de Lisboa. Revista Estudos Históricos, v. 2, n. 28, p. 125–142, 25 fev. 2001.
DAVIDSON, Mark; LEES, Loretta. New-Build ‘Gentrification’ and London’s Riverside Renaissance. Environment and Planning A: Economy and Space, v. 37, n. 7, p. 1165–1190, 1 jul. 2005.
DONZELOT, Jacques. La ville à trois vitesses: relégation, périurbanisation, gentrification. Esprit, abr. 2004.
FRÚGOLI JR., Heitor. Centralidade em São Paulo: trajetórias, conflitos e negociações na metrópole. São Paulo, SP: Edusp, 2000.
FRÚGOLI JR., Heitor.; CHIZZOLINI, Bianca B. Relações entre Etnografia Face a Face e Imagens do Google Street View: Uma Pesquisa sobre Usuários de Crack nas Ruas do Centro de São Paulo. GIS - Gesto, Imagem e Som - Revista de Antropologia, v. 2, n. 1, 29 maio 2017.
LEES, Loretta. Super-gentrification: The Case of Brooklyn Heights, New York City: Urban Studies, 2 jul. 2016.
LLOYD, Richard. Neo-Bohemia: Art and Commerce in the Postindustrial City. Nova York: Routledge, 2010.
MAGNANI, José Guilherme. C. Da periferia ao centro: trajetórias de pesquisa em antropologia urbana. São Paulo: Terceiro Nome, 2012.
MISKOLCI, Richard. Estranhos no paraíso: notas sobre os usos de aplicativos de busca de parceiros sexuais em San Francisco. Cadernos Pagu, n. 47, 2016.
MORETTI, Enrico. The New Geography of Jobs. Boston: Mariner Books, 2013.
MÜLLER, Nice L. A área central da cidade. In: AZEVEDO, A. DE (Ed.). A cidade de São Paulo: Estudos de geografia urbana. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1958. v. IIIp. 121–182.
OCEJO, Richard E. Masters of Craft: Old Jobs in the New Urban Economy. Princeton: Princeton University Press, 2017.
PHILLIPS, Martin. Rural gentrification and the processes of class colonisation. Journal of Rural Studies, v. 9, n. 2, p. 123–140, 1 abr. 1993.
SILVA, Helio R. S. A situação etnográfica: andar e ver. Horizontes Antropológicos, v. 15, n. 32, p. 171–188, dez. 2009.
SMITH, Darren The Politics of Studentification and '(Un)balanced' Urban Populations: Lessons for Gentrification and Sustainable Communities?: Urban Studies, 1 nov. 2008.
SMITH, Neil. Toward a Theory of Gentrification A Back to the City Movement by Capital, not People. Journal of the American Planning Association, v. 45, n. 4, p. 538–548, 1 out. 1979.
VELHO, Gilberto. Projeto e metamorfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro: J. Zahar Editor, 1994.
___. Metrópole, cosmopolitismo e mediação. Horizontes Antropológicos, v. 16, n. 33, p. 15–23, jun. 2010.
WERBNER, Pnina.; HALL, Stuart. Cosmopolitanism, Globalisation and Diaspora: Stuart Hall in Conversation with Pnina Webner. In: WERBNER, P. (Ed.). Anthropology and the new cosmopolitanism: rooted, feminist and vernacular perspectives. ASA monographs. New York: Berg, 2008. p. 345–360.
ZUKIN, Sharon. Loft Living: Culture and Capital in Urban Change. Reprint edition ed. New Brunswick, N.J: Rutgers University Press, 1989.
___. Naked City: The Death and Life of Authentic Urban Places. Reprint edition ed. Oxford: Oxford University Press, 2011.
ZUKIN, Sharon; KASINITZ, Philip.; CHEN, Xiangming. Global Cities, Local Streets: Everyday Diversity from New York to Shanghai. 1 edition ed. Nova York: Routledge, 2015.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY-NC.
O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista, a qual é filiada ao sistema Creative Commons, atribuição CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/). O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas.
O(s) autor(es) que submete (m) artigos para publicação na revista Iluminuras são legalmente responsáveis pela garantia de que o trabalho não constitui infração de direitos autorais, isentando a Revista Iluminuras quanto a qualquer falha quanto a essa garantia.