Amnésia social e representações de imigrantes: consequências do esquecimento histórico e colonial na Europa e na América

Autores

  • Karl Monsma Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Oswaldo Truzzi Universidade Federal de São Carlos

DOI:

https://doi.org/10.1590/15174522-02004903

Palavras-chave:

imigração, racismo, colonialismo, memória social

Resumo

Em vários países de imigração hoje, especialmente na Europa e na América do Norte, os “novos” imigrantes não europeus são vistos como mais problemáticos do que os imigrantes “históricos” da Europa. Geralmente, os movimentos e políticos anti-imigrantistas negam que sejam racistas, alegando que os novos imigrantes não aceitam os valores ocidentais, e que suas características culturais impedem a integração e produzem atitudes antidemocráticas, machistas e até terroristas. O artigo apresenta evidências históricas de que tal caracterização dos novos imigrantes, como se fossem portadores de uma alteridade insuperável, sem nenhuma relação com os países de imigração, só é possibilitada por duas formas de amnésia social: o esquecimento do tratamento sofrido por muitos imigrantes da periferia europeia no passado, e o esquecimento do passado colonial e neocolonial dos países de imigração. No passado, vários grupos imigrantes da periferia da Europa sofreram bastante hostilidade e estigmatização nos principais países de imigração. Também precisamos levar em conta o passado colonial para compreender as mudanças nos fluxos migratórios e as representações dos novos imigrantes, muitos dos quais não chegaram em grandes números antes, porque eram excluídos por políticas racistas de imigração. Distinguimos entre impérios de ultramar e impérios continentais, que muitas vezes incorporam povos conquistados como minorias nacionais e arbitrariamente dividem nações, redefinindo como “imigrantes” ou “ilegais” povos que migram dentro de seus próprios territórios. Argumentamos que a amnésia histórica e colonial não corresponde somente à vontade psicológica de deslegitimar os novos imigrantes; também é institucionalizada nos lugares e nas instituições da memória, que excluem da memória pública a integração dolorosa dos imigrantes da periferia europeia e as relações coloniais e neocoloniais entre os países de imigração e os territórios de origem dos novos imigrantes.

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Biografia do Autor

Karl Monsma, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professor at the Universidade Federal do Rio Grande do Sul (from 2005 to 2010 in Universidade do Vale do Rio dos Sinos, from 1997 to 2005 in Universidade Federal de São Carlos and from 1992 to 1997 in Northwestern University). He has developed pos-doctoral studies in Universidade de São Paulo (USP, 1995-1996), Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, 2004) and Hamburger Institut für Sozialforschung (2017-2018).

Oswaldo Truzzi, Universidade Federal de São Carlos

Professor titular do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos e pesquisador 1B do CNPq.

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Publicado

2018-12-14

Como Citar

MONSMA, K.; TRUZZI, O. Amnésia social e representações de imigrantes: consequências do esquecimento histórico e colonial na Europa e na América. Sociologias, [S. l.], v. 20, n. 49, 2018. DOI: 10.1590/15174522-02004903. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/sociologias/article/view/81942. Acesso em: 29 mar. 2024.