A crise de extinção? Cosmopolíticas e conservação da biodiversidade no norte-amazônico brasileiro
Palavras-chave:
conservação, biodiversidade, entre-saberes, cosmopolítica, norte-amazônico brasileiro.Resumo
Neste texto, exploro os contornos da problemática que eclode com as pesquisas em conservação da biodiversidade no norte-amazônico, a partir da dimensão temporal encapsulada na relação, in situ, entre pesquisadores das ciências biológicas e indígenas (etnias dessana e macuxi) que habitam no interior ou nos arredores de dois sítios de coleta científicos: a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de São João do Tupé, Manaus/AM e a Estação Ecológica de Maracá, em Alto Alegre/RR, em 2014 e 2015. Se um dado biológico se fabrica junto às constrições de tempo da pesquisa, sejam elas planejadas ou imponderáveis (climáticas, logísticas, financeiras, pragmáticas etc.), o encontro de perspectivas permite outra experiência de tempo. A análise se orienta por indícios que sugerem, no mínimo, dois eixos de aproximação: a relação entre os instrumentos científicos, os corpos e habilidades na produção dos dados biológicos, e a relação entre a produção destes últimos e os efeitos (cosmo)políticos do encontro de perspectivas a campo. Ambos são atravessados pela dimensão temporal. Disso resulta uma reflexão especulativa em torno à dimensão epistemológica da produção de conhecimento sobre a biodiversidade brasileira e também a eclosão de uma crítica potente ao modo de relação entre biodiversidade e sociedade, e ao que se chama “crise de extinção”.Downloads
Referências
DELEUZE, Gilles ; GUATTARI, Félix. Mille plateaux. Capitalisme et schizophrénie II. Paris: Éditions Le Minuit, 1980.
DASTON, Lorraine; GALISON, Peter. Objectivity. New York: Zone Books, 2010.
KNORR-CETINA, Karin D. Scientific communities or transepistemic arenas of research? A critique os Quasi-Economic models of science. Social Studies of Science. London, v. 12, p. 101-130, 1982.
INGOLD, Tim. Da transmissão das representações à educação da atenção. Educação. Porto Alegre, v.33, n.1, jan/abr, pp. 6-25, 2010.
______. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, vol. 18, n.37, p. 25-44, jan/jul, 2012.
LATOUR, Bruno. Changer la société, refaire de la sociologie. Paris: La Découverte, 2005.
SANTOS, Boaventura de Souza. De las dualidades a las ecologias. La Paz: Red Boliviana de Mujeres Transformando la Economia (REMTE), 2012.
STENGERS, Isabelle. Un engagement pour le possible. Cosmopolitiques : la nature n’est plus ce qu’elle était, n. 1, jun, p. 27-36, 2002.
______. Cosmopolitiques. Tomes I et II. Paris: Les empêcheurs de penser en ronde/Poche, 2003.
______. La proposition cosmopolitique. In : LOLIVE, Jacques ; SOUBEYRAN, Olivier. L’émergence des cosmopolitiques. Paris : La Découverte, p. 45-68, 2007.
______. Une autre science est possible: manifeste pour un ralentissement des sciences. Paris : Les empecheurs de penser en rond/La découverte, 2015.
STRATHERN, Marilyn. Partial connections. Savage, Maryland: Rowman and Lottlefield, 1991.
______. Property, Substance and Effect: Anthropological Essays on Persons and Things. London: The Athlone Press. 1999
______. Environments within: an ethnographic commentary on scale. In: FLINT, K.; MORPHY, H. Culture, landscape, and the environment: the Linacre Lectures 1997. Oxford: Oxford University Press, p. 44-71, 2000.
VARGAS, Felipe. “Você precisa estar na mata”. Entre-saberes e modos de engajamento nas práticas de conservação da biodiversidade no norte-amazônico brasileiro. Tese. Doutorado em sociologia. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2017.