HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E TEORIA QUEER: DIÁLOGOS POSSÍVEIS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Palavras-chave:
História, Educação, Teoria Queer, Pesquisa, Ensino.Resumo
Almejamos contribuir para a formação acadêmica de professores-pesquisadores, apresentando uma nova perspectiva no ensino e aprendizagem em História da Educação, fundamentada a partir das postulações da teoria Queer. Este objetivo nasce a partir das nossas experiências profissionais com a disciplina de História da Educação e poderá servir como um instrumental pedagógico para a formação de professores-pesquisadores nos cursos de pedagogia e Licenciatura em História. Partimos inicialmente de um levantamento bibliográfico, a fim de demonstrar a utilidade do diálogo interdisciplinar, destacando o arranjo de sua configuração e suas possibilidades. Na primeira parte, sintetizamos algumas facetas da História da Educação – vista como domínio epistemológico e disciplina acadêmica – e suas possíveis articulações com a teoria Queer. Na segunda parte, demonstramos como o diálogo entre as mesmas pode ser utilizado no processo de ensino-aprendizagem, por intermédio de uma temática central, que serve como exemplo, a saber: Regulações de Gênero. Consideramos que o diálogo entre a História da Educação e a teoria Queer adentra as margens do passado e do presente, com teor crítico, desnaturalizando a vida individual e social. Mostra-se como uma iniciativa pós-identitária de educar, possível de ser colocada em prática na formação de professores-pesquisadores. Além disso, revela-se promissor na medida em que tenta germinar um novo tipo de prática pedagógica, onde esta não se restringe ao excesso do mesmo, mas na alteridade e aceitação do outro; uma prática pedagógica que não reivindica a explicação única, mas que se reconhece na pluralidade de sentidos, interconexões e processos; uma prática pedagógica que compreende os limites de sua interpretação. O diálogo entre História da Educação e teoria Queer aposta na multiplicação das diferenças que podem subverter os discursos totalizantes e hegemônicos da Ciência e do cotidiano acadêmico. Adverte a importância de contextualizar as formas de agir e reagir, salientando que a agência não é igual em todos os tempos e espaços. Serve para estranhar, desconstruir, os saberes sobre as regulações de gênero e não (re) legitimar padrões e relações vigentes.Downloads
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