A implementação da figura do juiz de garantias no Brasil:
Um caminho à um sistema acusatório e a uma real imparcialidade do magistrado?
Palavras-chave:
Sistemas penais, Sistema acusatório, Sistema inquisitivo, Juiz de Garantias, Pacote AnticrimeResumo
O ordenamento jurídico penal brasileiro surge de uma tradição europeia continental, inspirado amplamente nas mudanças decorrentes da Revolução Francesa e do império do Iluminismo que trouxeram a forma mista de processar penalmente: com uma fase de investigação eminentemente inquisitória e um juízo acusatório, baseado na ampla defesa e contradição e na separação das funções de acusação e julgamento. Esta é a atual formação do sistema penal brasileiro, o qual, entretanto, será transformado em breve quando da aplicação prática dos ditames do pacote Anticrime, Lei n 13.964/2019, que previu a existência de um juiz de garantias responsável pela fase de investigação até o oferecimento formal da denúncia pelo membro do Ministério Público. Por esta razão, e como hipótese da investigação, este juiz de garantias supostamente garantirá a existência de um modelo acusatório. Devido a este panorama, a pesquisa terá como objetivos traçar um cenário da distinção entre os modelos acusatórios e inquisitivos e seu reflexo no ordenamento jurídico penal brasileiro, além de analisar a figura do juiz de garantias como proposta no Pacote Anticrime, seus pressupostos e competências, assim como a discussão jurisprudencial e política que segue sua implementação formal.
Downloads
Referências
ANDRADE, Mauro Fonseca. Juiz de Garantias.Curitiba: Juruá, 2011.
ANDRADE, Mauro Fonseca. O sistema acusatório proposto no projeto de novo codex penal adjetivo. Revista de informação legislativa, nº183, 2009.
ANTUNES, Maria João. Direito Processual Penal.Coimbra: Edições Almedina, 2016.
ARANTES, Rogério Bastos. Direito e política: o Ministério Público e a defesa dos direitos coletivos. Revista brasileira de ciências criminais, v.14, nº39, p.83-102, 1999.
BADARÓ, Gustavo. Direito Processual Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
BARILLI, Raphael. A centralidade do juízo oral no Sistema Acusatório: uma visão estratégica acerca do processo penal. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, v. 4, n. 2, p.669-705, 2018.https://doi.org/10.22197/rbdpp.v4i2.150
BRASIL. Lei nº 13.964/2019. Pacote Anticrime.Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13964.htm>. Acesso em 28 jul. 2020.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº6305. Ministro Relator Luiz Fux. Decisão Monocrática de 22 jan. 2020. Disponível em < http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5844852>. Acesso em 27 jul. 2020.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Despacho na Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.299/DF. Ministro Relator Luiz Fux. 03 fev. 2020. Disponível em < http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/audienciasPublicas/anexo/ADI6299.pdf>. Acesso em 27 jul. 2020.
CHEMIN GUIMARÃES, Rodrigo; GONÇALVES RIBEIRO, Sarah. O caso das Bruxas de Salem e a origem do plea bargaining norte-americano: contrapondo o entendimento dicotômico dos sistemas processuais penais. Revista Brasileira de Direito Processual Penal,v.6, n.2, p.835-872, 2020.https://doi.org/10.22197/rbdpp.v6i2.323
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Avaliação dos Impactos da Pandemia causada pela Covid-19 nos Processos de Trabalho dos Tribunais. Brasília: CNJ, 2020, disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2020/08/Impactos-Covid_V3_19082020.pdf>. Acesso em 27 jan. 2021.
FERRAJOLI, Luigi. Derecho y razón –teoría del garantismo penal. Trad. Gómez-Jara Diez. Madrid: Trotta, 1995.
FIGUEIREDO MARQUES, Rui; FERNANDO MATHIAS, Carlos; NORONHA, Ibsen. História do Direito brasileiro.Rio de Janeiro: Forense, 2015
GIMENO SENDRA, Vicente; MORENO CATENA, Víctor; CORTÉS DOMINGUEZ, Valentín. Derecho procesal penal. Madrid: Colex, 1996
LANGER, Máximo.In the beginning was fortescue: on the intellectual origins of the adversarial and inquisitorial systems andcommon and civil law in comparative criminal procedure. UCLA School os Law Research Paper, n.16-03, 2015. Disponível em < https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2703126>. Acesso em 22 jul. 2020.
LANGER, Máximo. La larga sombra de las categorías acusatorio-inquisitivo.Revista Brasileira de Direito Processual Penal, v.1, n.1, p.11-42, 2015.https://doi.org/10.22197/rbdpp.v1i1.2
LANGER, Máximo. Strength, Weakness or Both? On the endurance of the adversarial-inquisitorial systems in comparative criminal procedure.UCLA School of Law Research Paper,n.15-49, 2015. Disponível em < https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2687355>. Acesso em 22 jul. 2020.
LOPES JUNIOR, Aury. Direito Processual penal e sua conformidade constitucional.São Paulo: Saraiva, 2012.
LOPES JÚNIOR, Aury. Fundamentos del proceso penal.Valencia: Tirant lo Blanch, 2015.
MAYA, André machado. Juiz de garantias: fundamentos, origem e análise da lei 13.694/19. São Paulo: Tirant le Blanch, 2020.
MAYA, André Machado. O juizado de garantias como fator determinante à estruturação democrática da jurisdição criminal: o contributo das reformas processuais penais latino-americanas à reforma processual penal brasileira. Revistas Novos Estudos Jurídicos, v.23, n.1, 2018, p.71-88.
MAYA, André Machado. O juiz de garantias no projeto de reforma do código de processo penal. Boletim IBCCRIM, a. 17, n.24, 2009, p.06-07.
MONTERO AROCA, Juan. El principio acusatorio entendido como eslogan político. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, v.1, n.1, p.66-87, 2015.https://doi.org/10.22197/rbdpp.v1i1.4
NIEVA FENOLL, Jordi. Derecho Procesal III -Proceso Penal.Valencia: Tirant lo Blanch, 2019.
PAVAJEAU, Carlos A. Gómez. La oportunidad como principio complementario del proceso penal.Ediciones nueva jurídica: Colombia, 2007.
REYES ALVARADO, Yesid. Prohibiciones de prueba en los sistemas de tendencia inquisitiva y adversarial. IN: AMBOS, Kai; MALARINO, Ezequiel (coord). Fundamentos de Derecho Probatorio en materia penal.Valencia: Tirant lo blanch, 2009.
RODRIGUEZ-GARCÍA, Nicolás. La justicia penal negociada: experiencias de derecho comparado.Ediciones Universidad Salamanca: Salamanca, 1997.
SANTOS, Cláudia Cruz. A corrupção de Agentes Públicos e a Corrupção no Desporto.Coimbra: Almedina, 2018.
SCHÜNEMANN, Bernd. Crítica almodelo norteamericano de proceso penal. In: SCHÜNEMANN, Bernd. Obras. Tomo II. Buenos Aires: Rubinzal Culzoni Editores, p.427-450, 2009.
SILVA, Cátia. Justiça em jogo: novas facetas da atuação dos promotores de justiça.São Paulo: Edusp, 2001.
SOLER, José María Rifá; GONZÁLEZ, Manuel Richard; BRUN, Iñaki Riano. Derecho Procesal Penal. Pamplona: Gobierno de Navarra, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Eletrônica de Direito Penal e Política Criminal
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade, não representando, necessariamente, o pensamento da Revista Eletrônica de Direito Penal e Política Criminal, seus Editores e seu Conselho Científico. Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da Revista REDPPC.