O cinema autorreferencial de Chantal Akerman como ato de teoria do deslugar

Autores

  • Natália Lago Adams Universidade Tuiuti to Paraná
  • Sandra Fischer Universidade Tuiuti do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583202048.284-303

Palavras-chave:

Chantal Akerman. Deslugar. Autorreferência. Ato teórico.

Resumo

O artigo observa a condição de deslugar focando o olhar crítico-analítico prioritariamente no universo do cineasta, considerando que na pós-modernidade e contemporaneidade proliferam as produções que se fazem território autorreferencial do criador. Parece ser o caso de Chantal Akerman, cuja filmografia apresenta indícios do ‘eu’ no âmbito ficcional e no documental, permitindo identificar, na dimensão do que se entende como deslugar, o predomínio de um peculiar, oscilante pertencimento/não-pertencimento manifesto em constantes deslocamentos e perambulações. Neste sentido, à luz das reflexões acerca do filme como ato teórico propostas por Jacques Aumont, o estudo parte do método de análise comparativa para observar excertos dos filmes Je, tu, il, elle (1974), News from home (1976) e Les rendez-vous d’Anna (1978) a fim de examinar o pensamento autobiográfico que sustenta as narrativas da diretora belga — buscando confirmar a hipótese de que as labilidades espaciais e psicológicas consistem no traço distintivo de seu trabalho. O objetivo do estudo é investigar se e como tal característica é transversal na obra da diretora belga, ali impregnando a inteligência criadora de modo a afetar diretamente as articulações poéticas e sensíveis. Ao comparar as declarações de Akerman no documentário I don’t belong anywhere (2015) com as diegeses do corpus em questão, os resultados obtidos indicam ser possível, por ora, confirmar a manifestação a condição de deslugar tanto nas personagens, quanto em quem as criou.

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Biografia do Autor

Natália Lago Adams, Universidade Tuiuti to Paraná

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Linguagens da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Tuiuti do Paraná (PPGCom/UTP), na Linha de Pesquisa Estudos de Cinema e Audiovisual. Bolsista PROSUP/CAPES. Pesquisadora discente do Grupo de Pesquisa “Desdobramentos Simbólicos do Espaço Urbano nas Narrativas Audiovisuais” (GRUDES, PPGCom-UTP / CNPq). E-mail: natalialagoadams@gmail.com

Sandra Fischer, Universidade Tuiuti do Paraná

Pós-doutora em Cinema pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ) e doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP); docente e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Linguagens da Universidade Tuiuti do Paraná (PPGCom/UTP); vice-líder do Grupo de Pesquisa “Desdobramentos Simbólicos do Espaço Urbano nas Narrativas Audiovisuais” (GRUDES, PPGCom-UTP / CNPq). E-mail: sandrafischer@uol.com.br.

Referências

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FOUCAULT, Michel. O que é um autor? Lisboa: Nova Vega, 2006.

I DON’T belong anywhere. Direção: Marianne Lambert. Bélgica. Produção: Icarus Films, 2015. 1 DVD (67 min.).

JE, tu, il, elle. Direção: Chantal Akerman. Bélgica, França. Produção: Paradise Films, 1974. 1 DVD (90 min.).

LACAN, Jacques. Escritos. São Paulo: Perspectiva, 1978.

LES rendez-vous d’Anna. Direção: Chantal Akerman. Bélgica, França, Alemanha Ocidental: Produção: Hélène Films, Paradise Films, Unité Trois, Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF), 1978. 1 DVD (127 min.).

NEWS from home. Direção: Chantal Akerman. França, Bélgica. Produção: Institut National de l'Audiovisuel (INA), Paradise Films, Unité Trois, Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF), 1976. 1 DVD (85 min.).

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Publicado

2020-01-01

Como Citar

Lago Adams, N., e S. Fischer. “O Cinema Autorreferencial De Chantal Akerman Como Ato De Teoria Do Deslugar”. Intexto, nº 48, janeiro de 2020, p. 284-03, doi:10.19132/1807-8583202048.284-303.

Edição

Seção

Dossiê Teoria dos cineastas