“A memória é uma ilha de edição”: notas para pensar os modos de produção e circulação de imagens a partir da hashtag #tbt no Instagram

Autores

  • Cândida Maria Nobre de Almeida Moraes Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Maria das Graças Pinto Coelho Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583202050.59-73

Palavras-chave:

#tbt. Regimes de visibilidade. Memória. Circulação. Narrativas de si.

Resumo

Este artigo questiona de que modo operam os regimes de visibilidade de si na publicação de imagens de eventos em plataformas de redes sociodigitais. Nesse sentido, propõe, de forma breve, como exercício para pensar, o fenômeno no Instagram do uso da hashtag #tbt – do inglês throwback Thursday, em referência a momentos e contextos passados que voltam a circular mais especificamente na galeria, prioritariamente às quintas-feiras. Reconhece-se o risco de assumir um recorte empírico mais ensaístico, na medida em que há estudos mais verticalizados e orientados às materialidades que circulam nos espaços digitais, a exemplo de Manovich (2017), Lemos e De Sena (2018). Entretanto, sugere-se alguns insights dos modos de observação para tensionar o debate em curso. Ancora-se na análise os conceitos de memória, as discussões sobre a estrutura da rede quanto aos modos de produção e circulação das imagens e sobre a dualidade tempo e espaço nos fluxos das narrativas de si. Conclui-se que, mesmo em um contexto de identidades múltiplas, os regimes de visibilidade impõem o esforço de uma coerência expressiva dos sujeitos conectados que buscam a publicação de memórias não apenas com o sentido de permanência, mas como estratégia de conversação. Destaca-se o presente como período homogeneizador das experiências, ainda que essas lembranças (#tbt) se ancorem no passado.

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Publicado

2020-08-31

Como Citar

Moraes, C. M. N. de A., e M. das G. P. Coelho. “‘A memória é Uma Ilha De edição’: Notas Para Pensar Os Modos De produção E circulação De Imagens a Partir Da Hashtag #tbt No Instagram”. Intexto, nº 50, agosto de 2020, p. 59-73, doi:10.19132/1807-8583202050.59-73.

Edição

Seção

Artigos