De qual muçulmano estamos falando? Ancoragem e objetivação na representação do islamita pela revista Istoé

Autores

  • André Melo Mendes Universidade Federal de Minas Gerais - Faculdade de Filosofia - Departamento de Comunicação
  • Raquel Dornelas Doutoranda Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583201944.28-56

Palavras-chave:

Representação Social. Ancoragem. Objetivação. Muçulmano. Terrorismo.

Resumo

O artigo busca entender como os muçulmanos foram representados pelas páginas da revista semanal Istoé, na ocasião dos atentados terroristas, na França, em janeiro e em novembro de 2015. Para isso, foram trabalhadas as noções de ancoragem e objetivação, entendendo-as como partes centrais da Teoria da Representação Social, de Serge Moscovici. Ao operacionalizar tais conceitos, utilizamos como ferramental uma análise imagética e textual, assim percebendo como o ato de representação demonstra outros aspectos da nossa própria sociedade e como a narrativa pesquisada problematiza a própria prática da imprensa. O artigo conclui que as duas edições do periódico jornalístico representaram os muçulmanos sob três categorias: o bem-sucedido, a vítima e o terrorista – sendo esse último concretizado na figura do membro do Estado Islâmico.

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Biografia do Autor

André Melo Mendes, Universidade Federal de Minas Gerais - Faculdade de Filosofia - Departamento de Comunicação

Professor Adjunto do Departamento de Comunicação Social da UFMG. Membro suplente do Núcleo Estruturante do Colegiado do Curso de Graduação em Comunicação Social da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, no domínio Criação Verboaudiovisual. Membro titular do Colegiado do Curso de Graduação em Comunicação Social da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995), mestrado (2002) e doutorado (2008) em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais. Realizou parte da tese de doutorado na Indiana Universtiy (Bloomington). Sua tese de mestrado foi vencedora do PRÊMIO MOINHO SANTISTA JUVENTUDE de 2002, sendo publicada pela Editora da UFMG em 2007 com o título: "O amor e o diabo na obra de Angela Lago: A complexidade do objeto artístico". Esse livro foi indicado para o prêmio Jabuti e considerado "MELHOR LIVRO TEÓRICO de 2007" pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Coordenador do Curso de Publicidade da Faculdade Promove em Sete Lagoas no ano de 2002, professor de Semiótica, Estética, Fotografia e Oficina de Linguagem do Centro de Ensino Superior Promove (2002/2011); professor de Paradigmas da Comunicação no curso de Pós-gradução do Curso de Gestão Estratégica da Comunicação na PUC-MG (2008/2011) e professor de História da Arte na Escola Guignard (2011). Sua tese de doutorado está relacionada com as ilustrações que Arlindo Daibert realizou a partir do livro "Grande sertão: veredas" de Guimarães Rosa.Tem experiência na área de Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: teorias da comunicação, semiótica, comunicação visual, estética, análise de imagens, fotojornalismo, Angela Lago, Guimarães Rosa, Arlindo Daibert. Atualmente está realizando pesquisas na área da fotografia. Já reallizou palestras internacionais e nacionais sobre temas afins.

Raquel Dornelas, Doutoranda Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais

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Publicado

2019-01-01

Como Citar

Mendes, A. M., e R. Dornelas. “De Qual muçulmano Estamos Falando? Ancoragem E objetivação Na representação Do Islamita Pela Revista Istoé”. Intexto, nº 44, janeiro de 2019, p. 28-56, doi:10.19132/1807-8583201944.28-56.

Edição

Seção

Artigos