Por que russo e, não, soviético? Cinema e semiótica do campo eslavo

Autores

  • Irene de Araújo Machado Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583201532.15-37

Palavras-chave:

Cinema russo. Dialogia. Vanguarda soviética. Realismo. Semiótica da cultura. Sistemas modelizantes.

Resumo

Este ensaio discute a dicotomia que entende o processo de denominação cultural identitária russa como forma de filiação ideológica soviética. Toma como ponto de partida o cinema de Tarkovski e seus embates com o realismo socialista porque situa aí as raízes de uma discussão, não menos polêmica, que ultrapassa os próprios limites da vanguarda revolucionária soviética. Segundo a hipótese de nosso trabalho, os embates que cercam o conflito russo versus soviético podem ser dimensionados em três eixos: o geopolítico, o cultural e o ideológico. Configurados nos campos literário, cinematográfico e semiótico, encontramos argumentos e experiências que nos levam a situar a pergunta de pesquisa como um caminho para a investigação crítica de uma história pouco conhecida.

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Biografia do Autor

Irene de Araújo Machado, Universidade de São Paulo

Professora da Escola de Comunicações e Artes da USP; Professora do PPG em Meios e Processos Audiovisuais da USP; Pesquisadora CNPq PQ-1D; Editora Científica da Revista Significação e da Revista E-Compós. Orientadora de Mestrado e Doutorado no campo da Semiótica da Cultura.

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Publicado

2015-06-05

Como Citar

Machado, I. de A. “Por Que Russo E, não, soviético? Cinema E semiótica Do Campo Eslavo”. Intexto, nº 32, junho de 2015, p. 15-37, doi:10.19132/1807-8583201532.15-37.

Edição

Seção

Ensaio