Acessibilidade / Reportar erro

Uma Arte do Encontro

The Art of the Encounter

Un Art de la Rencontre

RESUMO

A partir da abertura para pesquisas dos arquivos da segunda parte da vida de Grotowski, este texto se debruça sobre as concepções de teatro do mestre polonês, nas quais ele o descreve como a arte do encontro. Trata-se, ao mesmo tempo, de colocar essa proposição nas interrogações de uma época e de mostrar como esse encontro é o anátema que reverterá as perspectivas tanto sobre a arte do ator, quanto sobre a criação e as relações teatrais. Enfim, essas pesquisas sobre o teatro como arte do encontro têm continuidade hoje por intermédio do Open Program, um dos dois grupos do Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards e, notadamente, suas criações em torno do poeta americano Allen Ginsberg, autor cuja poesia pretende, da mesma forma, um encontro com o outro e com o mundo.

Palavras-chave:
Ator; História da Performance; Processos de Criação; Relações Teatrais; Memória

ABSTRACT

As the archives from the second half of Grotowski's life were made available, this text focuses on the Polish master's conceptions of theatre where he describes theatre as the art of the encounter. This paper simultaneously places this proposition in the context of questions of a specific time period, and reveals how this encounter is the anathema that will revert viewpoints both about the art of acting and the creation of theatrical relations. These researches on theatre as the art of the encounter continue today through the Open Program, one of the two groups of the Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards, and, notably, their creations around American poet Allen Ginsberg, an author whose poetry intends, in a similar way, to encounter the other and the world.

Keywords:
Actor; History of Performance; Creative Processes; Theatre Relations; Memory

RÉSUMÉ

À l'occasion de l'ouverture à la recherche des archives de la seconde partie de la vie de Grotowski, ce texte revient sur les conceptions du théâtre du maître polonais qu'il décrit comme un art de la rencontre. Il s'agit à la fois de replacer cette proposition dans les interrogations d'une époque et de montrer comment cette "rencontre" est l'anathème qui renversera les perspectives tant pour l'art de l'acteur que pour la création et la relation théâtrale. Enfin, ces recherches sur le théâtre comme art de la rencontre se poursuivent aujourd'hui à travers l'Open Program, l'un des deux groupes du Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards, et notamment leurs créations autour du poète américain Allen Ginsberg, auteur dont la poésie se veut également l'occasion d'une rencontre avec l'autre et avec le monde.

Mots-clés:
Acteur; Histoire de la Performance; Processus de Création; Relation Théâtrale; Mémoire

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

  • ATTISANI, Antonio (Org.). Jerzy Grotowski. L'eredità vivente. Turin: Accademia University Press, 2013.
  • BIAGINI, Mario. L'Humain en Action au Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards, conférence à l'Université de Caen Basse-Normandie en dialogue avec Eric Vautrin. In: ATTISANI, Antonio (Org.). Jerzy Grotowski. L'eredità vivente. Turin: Accademia University Press, 2013.
  • BROOK, Peter. Dialogue entre Peter Brook et Jerzy Grotowski. In: BROOK, Peter. Avec Grotowski. Arles: Actes Sud, 2009. P. 111-137.
  • GROTOWSKI, Jerzy. Le Théâtre est une Rencontre. In: GROTOWSKI, Jerzy. Vers un Théâtre Pauvre. Paris: L'Âge d'homme, 1971. P. 53-58.
  • LISTA, Giovanni. Le Corps et la Scène Implosée. In: LISTA, Giovanni. La Scène Moderne. Paris: Editions Carré d'art, 1997; Arles: Actes Sud, 1997. P. 193-213.
  • MERVANT-ROUX, Marie-Madeleine. Un Espace Accidenté. Agôn {online}, La Rupture, Lyon, n. 2, 2008-2010. Disponível em: <Disponível em: http://agon.ens-lyon.fr/index.php?id=1076 >. Acesso em: 05 jan. 2010.
    » http://agon.ens-lyon.fr/index.php?id=1076
  • 1
    Este artigo é uma versão do texto publicado simultaneamente em francês em Attisani (2013).
  • 2
    Institut Mémoires de l'Édition Contemporaine, é uma instituição de arquivos e de pesquisas instalada em Paris e em Saint-Germain la Blanche Herbe (Baixa-Normandia, França) que conserva, inventaria e torna acessível à pesquisa coleções de arquivos de autores e outros. Disponível em: <http://www.imec-archives.com>.
  • 3
    Apresentação da coleção disponível na internet: <http://www.imec-archives.com/fonds_archives_fiche.php?i=GRW>.
  • 4
    Disponível em: <http://www.grotcenter.art.pl>.
  • 5
    Jornada proposta por Éric Vautrin (Universidade de Caen Basse-Normandie/Laslar) com o apoio do Laslar (Caen), da APP (Rennes 2) e de HAR Paris-Ouest Nanterre, e em associação com o CDN de Basse-Normandie, 24 de março de 2012, St. Germain-la-blanche-herbe.
  • 6
    Notaremos que do mesmo modo que estes revisitavam à sua maneira as experiências dos anos 1910 e 1920, Grotowski recuperava e prolongava as questões dos primeiros mestres da mise en scène por semelhante movimento duplo de retorno e de continuidade.
  • 7
    O Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards é composto de duas equipes de pesquisas, o Focused Research Team in Art as Vehicle dirigido por Thomas Richards e o Open program mantido pelo diretor associado do Workcenter, Mario Biagini. O Open program reúne onze atores vindos de várias partes do mundo; seus trabalhos procuram notadamente facilitar e encorajar as trocas entre o Workcenter e a sociedade, se debruçando precisamente sobre a copresença e as relações entre atores e espectadores.
  • 8
    O "real" é a estruturação social do tempo: o ritmo do dia e da noite, o calendário anual, a memória do passado transcrita pela história; é a organização social do espaço: a topografia da cidade (com suas moradias, suas praças, seus edifícios) e, mais largamente, a geografia. Esse 'real', culturalmente organizado, integra naturalmente elementos míticos. Não se pode falar de oposição entre o irreal absoluto da cena e o real absoluto dos espectadores (Mervant-Roux, 2010, online).
  • 9
    Uma parte das coletas sonoras desse célebre antropólogo que permitiu o conhecimento e o estudo de um vasto patrimônio oral está acessível em: <http://www.culturalquity.org/lomaxgeo>.
  • 10
    Grotowski escreveu: "Quando se trabalha sobre um canto muito vivo, não é sobre a possessão que é preciso pensar, é preciso pensar no canto como uma pessoa. {...} O canto como pessoa, não é a pessoa que canta, não é a pessoa que cantou primeiro, não é a pessoa que criou o canto: o canto é uma pessoa, e cantando eu devo descobrir isso" (Brook, 2009, p. 135).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2013

Histórico

  • Recebido
    29 Out 2012
  • Aceito
    10 Dez 2012
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Av. Paulo Gama s/n prédio 12201, sala 700-2, Bairro Farroupilha, Código Postal: 90046-900, Telefone: 5133084142 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: rev.presenca@gmail.com