Acessibilidade / Reportar erro

O Século de Jerzy Grotowski

The Century of Jerzy Grotowski

Le Siècle de Jerzy Grotowski

RESUMO

Segundo o autor, no século XXI se descobrirá a importância fundamental da investigação realizada pelo mestre polonês e, sobretudo através da mediação do Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards, se poderá aproveitar os resultados artísticos daquela história e uma concepção da práxis dos atores e dos diretores livre de preconceitos ideológicos e morais, de modo que o legado grotowskiano seja um dos fundamentos de uma cultura teatral nova, baseada na presença e no encontro.

Palavras-chave:
Jerzy Grotowski; Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards; Ator; Herança de Stanislavski; Teatro Contemporâneo

ABSTRACT

According to the author, in the twenty-first century there will be a discovery of the importance of the Polish master's research and - especially through the mediation of the Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards - it will be possible to use the results of the history and a conception of actors's and directors's praxis free from ideological and moral prejudices, so that Grotowski's legacy will be one of the foundations of a new theatrical culture, based on presence and encounter.

Keywords:
Jerzy Grotowski; Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards; Actor; Stanislavski's Legacy; Contemporary Theatre

RÉSUMÉ

D'après l'auteur, c'est au XXIème siècle que l'on découvre l'importance majeure de la recherche menée par le maître polonais, grâce notamment à la médiation du Workcenter of Jerzy Grotowski et Thomas Richards. Médiation qui a permis de diffuser les résultats artistiques de cette recherche, ainsi qu'une conception de la praxis des acteurs et metteurs en scène libre de tout préjugé idéologique et moral, faisant de l'héritage de Grotowski le socle d'une culture théâtrale nouvelle, fondée sur la présence et la rencontre.

Mots-clés:
Jerzy Grotowski; Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards; Acteur; Héritage de Stanislavski; Théâtre Contemporain

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

  • ATTISANI, Antonio. Actoris Studium, Album #1, Processo e composizione nella recitazione da Stanislavskij a Grotowski e oltre. Alessandria: Edizioni dell'Orso, 2009.
  • ATTISANI, Antonio. Smisurato cantabile. Note sul lavoro del teatro dopo Jerzy Gro-towski. Bari: Edizioni di pagina, 2009.
  • BROOK, Peter. Prefácio. In: GROTOWSKI, Jerzy. Per un Teatro Povero. Roma: Bulzoni, 1970. P. 11-12.
  • DAUMAL, René. Jaques-Dalcroze, éducateur. In: RUGAFIORI, Claudio; DAUMAL, René (Org.). L'Evidence Absurde, Essais et Notes, I (1926-1934). Paris: Gallimard, 1972. P. 270-275.
  • FLASZEN, Ludwik. Intorno al 1956. Rivolta e conformismo nella vita culturale polacca. Teatro e Storia, Roma, v. 28, p. 15-56, 2007.
  • FLASZEN, Ludwik. Da mistero a mistero. In: FLASZEN, Ludwik; POLLASTRELLI, Carla; MOLINARI, Renata (Org.). Il Teatr Laboratorium de Jerzy Grotowski 1959-1969. Pontedera: Fondazione Pontedera Teatro, 2001.
  • GINSBERG, Allen. The Fall of America: poems of these states, 1965-1971. San Francisco: City Lights Books, 1972.
  • GROTOWSKI, Jerzy. Tu es le Fils de Quelqu'un. In: ATTISANI, Antonio; BIAGINI, Mario (Org.). Opere e Sentieri, II: Jerzy Grotowski. Testi 1968-1998. Roma: Bulzoni, 2007. P. 73-81.
  • GROTOWSKI, Jerzy. Esercizi. In: FLASZEN, Ludwik; POLLASTRELLI, Carla; MOLINARI, Renata (Org.). Il Teatr Laboratorium de Jerzy Grotowski 1959-1969. Pontedera: Fondazione Pontedera Teatro, 2001. P. 48.
  • SINI, Carlo. Le Arti Dinamiche. Filosofia e Pedagogia Figure dell'Enciclopedia Filosofica, sexto livro. Milão: Jaca Book, 2004.
  • VASSILIEV, Anatolij. Cronaca del Quattordici. In: ATTISANI, Antonio; BIAGINI, Mario (Org.). Opere e Sentieri, III: testimonianze e riflessioni sull'arte come veicolo. Roma: Bulzoni, 2008. P. 75-96.
  • 1
    A presente contribuição retoma partes de algumas intervenções precedentes sobre Jerzy Grotowski e o Workcenter para tentar estabelecer os aspectos mais significativos de um legado e de uma atividade contínua que Ferruccio Marotti sempre levaram em consideração, diferentemente da oscilante cultura teatral italiana.
  • 2
    Discurso pronunciado na televisão polonesa em 15 de janeiro de 2009 e retomado pelo "la Repubblica" em 6 de março de 2009.
  • 3
    "Fazíamos o nosso trabalho não para, mas, contra alguma coisa. E não somente no sentido político - que teria sido superficial - mas, no sentido da existência humana. O que é importante na vida? O que é, pelo contrário, somente merda? O que significa trabalhar e talvez morrer? O que se pode realmente aceitar e o que se deve recusar? Tudo isso implicava um preço terrível a ser pago" (Grotowski está falando dos primórdios do Teatr Laboratorium. Cfr. Anatolij Vassiliev, cronaca del quattordici, em Opere e Sentieri, III, Testimonianze e riflessioni sull'arte come veicolo, organizado por A. Attisani e M. Biagini, Bulzoni, Roma, 2008, p. 75-96).
  • 4
    A Ferruccio Marotti deve-se, entre outras coisas, o empenho para a edição italiana de Per un teatro povero (Roma: Bulzoni, 1970) e muitas outras coisas, como a recuperação do filme sobre o Príncipe constante, dois símbolos que dizem como a sua produtividade fertilíssima se realizou sobre a marca da discrição e driblando a soberba de autor que quer passar à história imprimindo a marca da própria opinião sobre os assuntos de sua especialização. De qualquer modo, a Itália é o país que, mais do que qualquer outro, acolheu generosamente Grotowski, e quem na Itália aproxima-se hoje do mestre tem sorte, porque entre aqueles que lhe estiveram próximos estão pessoas como Carla Pollastrelli e Mario Biagini, bem como a realidade do Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards e da Fundação Pontedera Teatro, sem os quais seria inimaginável o atual e impressionante trabalho de restauração filológica e de tradução, o que, frequentemente, nos permite ler aqueles textos antes dos outros. No restante do mundo, este trabalho procede com lentidão e muitas ambiguidades (sobre este cfr. eventualmente A. Attisani, "Un programma di lavoro", em Smisurato cantabile. Note sul lavoro del teatro dopo Jerzy Grotowski, Edizioni di pagina, Bari 2009. No mesmo livro são indicadas diversas publicações recentes sobre Grotowski e o Workcenter).
  • 5
    Cfr. J. Grotowski, "Esercizi", em Il Teatr Laboratorium de Jerzy Grotowski 1959-1969, Textos e Materiais de Jerzy Grotowski e Ludwig Flaszen, com um escrito de Eugenio Barba, organizado por L. Flaszen, C. Pollastrelli e R. Molinari, Fondazione Pontedera Teatro, Pontedera 2001 (após, La casa Usher, Florença 2007).
  • 6
    Cfr. C. Sini, Le arti dinamiche. Filosofia e pedagogia - Figure dell'enciclopedia filosofica, sexto livro, Jaca Book, Milão 2004.
  • 7
    L. Flaszen, Intorno al 1956. Rivolta e conformismo nella vita culturale polacca, tradução e notas de Eugenio Barba. "Teatro e storia", 28, 2007, p. 15-56.
  • 8
    Cfr. J. Grotowski, Performer, em Opere e sentieri, II: Jersey Grotowski. Textos 1968-1998, organizado por Attisani e M. Biagini, Bulzoni, Roma 2007.
  • 9
    Refiro-me também aos filmes da última fase, como Dowstairs Action de Mercedes Gregory (1989), Action in Aya Irini (2003), Dies Iræ (2006) e a outras montagens realizadas e exibidas pelo Workcenter.
  • 10
    J. Grotowski, "Dalla compagnia teatrale all'arte come veicolo", em Opere e sentieri, II (2007).
  • 11
    Cfr. L. Flaszen, Da mistero a mistero, em Il Teatr Laboratorium di Jerzy Grotowski 1959-1969.
  • 12
    Sobre este tema cfr., eventualmente, de quem escreve, Actoris Studium, Album #1, Processo e composizione nella recitazione da Stanislavskij a Grotowski e oltre, Edizioni dell'Orso, Alessandria, 2009.
  • 13
    René Daumal, Jaques-Dalcroze, éducateur, (1934), em L'evidence absurde, essais et notes, I (1926-1934), édition établie par Claudio Rugafiori, Gallimard, Paris 1972, p. 270-275.
  • 14
    Biagini amplifica a ressonância grotesca já presente em Ginsberg. Se para o escritor americano trata-se de uma sensibilidade que se refere mais ou menos explicitamente ao grotesco de Rabelais, "atualizado" por Mikhail Bakhtin, para Biagini é necessário pensar sobre a tradição teatral que vai de Meyerhold a Grotowski e outros.
  • 15
    America fala de um jovem que reflete sobre o próprio ser cidadão dos Estados Unidos, que procura as palavras para manifestar a raiva que a política daquele país e suas remoções assustadoras nele suscitam, e que, ao mesmo tempo, o ama como lugar para viver, terminando por deliberar que aceita fazer parte dele, embora recusando "se alistar no exército ou girar tornos em fábricas de peças de precisão" e dedicando-se, ao invés disso, à obra com seus frágeis braços.
  • 16
    Um dos estímulos mais interessantes desta operação é o de voltar a atenção novamente à beat generation e à obra de Jack Kerouac, um autor a ser redescoberto, seja sob o plano dos conteúdos, seja pela estratégia poética. Por exemplo, Pé na estrada (On the road) é uma evidente (se bem que ignorada pela maioria) atualização do Hino da Pérola gnóstico, com sua viagem de leste a oeste e retorno em busca da pérola, descobrindo que o objetivo é a jornada e o variado destino dos "irmãos" que realizam a viagem, etc. Uma releitura da beat generation também implicará em uma distinção entre resultados elevados e buscas substancialmente fracassadas no plano artístico (a poesia de Ginsberg e apenas alguns romances de Kerouac situam-se no primeiro caso; já a prosa ginsberguiana e a produção poética de Kerouac, por exemplo, pertencem ao segundo caso, sendo consideradas mais como registros de intenções e hipóteses críticas) e uma atenção diferente à parte ensaístico-discursiva.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2013

Histórico

  • Recebido
    29 Set 2012
  • Aceito
    27 Dez 2012
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Av. Paulo Gama s/n prédio 12201, sala 700-2, Bairro Farroupilha, Código Postal: 90046-900, Telefone: 5133084142 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: rev.presenca@gmail.com