LUGARES DE RESISTÊNCIA: O PROCESSO DE REPRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO NO CONTEXTO DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS NO BRASIL – SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO
DOI:
https://doi.org/10.22456/1982-0003.82842Palavras-chave:
Resistência social, Segregação socioespacial, Megaeventos esportivos.Resumo
Em todas as grandes cidades do mundo, fragmentos do espaço são escolhidos para receber aportes de capital sobre o interesse de alguns grupos em detrimento de outros, usando os megaeventos esportivos como justificativa e sinalizando um novo processo de reprodução do capitalismo nos tempos contemporâneos, que traz à tona o conflito pelo espaço – como lugar de apropriação e uso em contraposição ao espaço como reprodução de valor e de valor de troca.
Objetiva-se analisar o conflito pelo espaço urbano em relação à habitação e as formas de resistência dos moradores que foram diretamente afetados por obras de infraestrutura e construção de equipamentos para os megaeventos esportivos brasileiros – Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos Rio 2016 –, tendo o poder público como intermediador dos processos de remoção e as empresas privadas como responsáveis pela execução das obras públicas.
A metodologia teórica proposta se baseia na análise dos níveis e dimensões propostos por Lefebvre (2001, 2002), representados pelo embate constante entre a ordem próxima ou nível imediato (o vivido), e a ordem distante (as instituições), mediada pelo nível intermediário (a cidade). A metodologia prática que se coloca é a aplicação de entrevistas dirigidas à moradores das comunidades que foram ameaçadas de remoção, tanto com os que conseguiram permanecer quanto com os que aceitaram as negociações com o poder público.
Almeja-se discutir as resistências por habitação dentro de um contexto historicamente produzido e tendo por premissa que o próprio processo de resistência é a forma possível encontrada por muitos moradores das metrópoles, na busca por uma utopia de transformação da própria relação social e do modo como se produzem os espaços.