Organon
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<p>A <strong>Organon</strong> é uma revista científica do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que objetiva a divulgação de trabalhos, total ou parcialmente inéditos, no campo dos Estudos Linguísticos, dos Estudos Literários e dos Estudos da Tradução. A revista aceita trabalhos de autores/as doutores/as. Não doutores/as poderão enviar trabalhos em coautoria. As avaliações são realizadas no modo duplo-cego.</p> <div id="journalDescription"> </div>Universidade Federal do Rio Grande do Sulpt-BROrganon0102-6267Ao submeter um artigo à revista Organon e tê-lo aprovado, os autores concordam em ceder, sem remuneração, os direitos de primeira publicação e a permissão para que Organon redistribua esse artigo e seus metadados aos serviços de indexação e referência que seus editores julguem apropriados.LÍNGUAS INDÍGENAS E INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS
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<p><em>Este artigo, de natureza ensaística, explora as possibilidades de uso da inteligência artificial (IA) como ferramenta complementar na preservação e na revitalização de línguas indígenas no Brasil. Reconhecendo o papel central dessas línguas na construção da identidade e da memória coletiva dos povos indígenas, o texto enfatiza que elas são fontes de potencialidades culturais, históricas e epistemológicas que transcendem a mera comunicação. A IA, nesse contexto, é apresentada como uma aliada estratégica para reforçar iniciativas já existentes, como a criação de arquivos digitais, programas de tradução e o próprio ensino linguístico, mas nunca como elemento primordial desse processo. Ao analisar o potencial e os desafios dessa interação, o estudo busca fomentar o debate sobre as literaturas indígenas e destacar a relevância de fortalecer a diversidade linguística no Brasil, valorizando essas línguas como patrimônios vivos indispensáveis na academia e na sociedade</em></p>Maria Zenaide Gomes de CastroCarlos Lopes
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144348Entre o dito e o escrito: Uma análise da persistência da oratura indígena na literatura brasileira
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<p><em><span style="font-weight: 400;">Este artigo explora a oratura como a "palavra viva", essencial para a preservação de tradições e culturas. A pesquisa analisa como a oratura foi marginalizada em comparação à literatura escrita, e como ambas deveriam coexistir e se complementar. Com base nas ideias de Jack Goody (2012), o artigo reflete sobre a importância da oratura, especialmente entre os povos indígenas, como meio de transmissão de saberes e identidades culturais. Além disso, discute a evolução do conceito de folclore no Brasil, destacando a contribuição de estudiosos como Sílvio Romero, Mário de Andrade e Câmara Cascudo para a valorização da cultura popular, bem como o conceito de folclorização e a marginalização da cultura popular e indígena, vistas sob um olhar reducionista, que as colocava na posição de pertencentes a um povo “inculto”. Na busca por respostas, será possível explorar a dinâmica entre a tradição oral e escrita na formação do imaginário e da memória coletiva nacional. Ainda tem por fim, entender os conceitos de folclore e folclorização; compreender a relação entre a oratura e a literatura indígena; e refletir sobre o papel das narrativas indígenas na construção e preservação das identidades culturais destes povos.</span></em></p>Aryane Teixeira da Silva MoraisElizabeth Dias Martins
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144357Kanaimî Paasi
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Sonyellen Fonseca Ferreira Fiorotti
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144696Jeroky
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<p><em>Relatos de origem do povo guarani reiteram o compromisso de cuidar do território ancestral enquanto se movimentam inspirados nas belas palavras. Por conta da continuidade colonial sobre os seus lugares de existir, as lutas no presente incluem retomadas no sentido de política do cosmos no campo artístico-cultural e no midiático. Acompanhando versões da narrativa cosmológica, proponho observar recorrências da divindade criadora que se desdobra na escuridão a partir de si mesma e que situa os inícios de tudo na palavra-espírito-som que se presentifica nas divindades e então nos corpos dos seres que cantam e dançam. Observo ainda a associação do nascer da linguagem com jeroky, ato de dançar ou de se surgir em broto flexível erguido na direção da luz.</em></p>Ana Lúcia Liberato Tettamanzy
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144797DE MOÇAMBIQUE AO OESTE BRASILEIRO: NOVOS MUNDOS NAS TRAVESSIAS DA LITERATURA CONTEMPORÂNEA
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<p><em>Procuramos desenvolver, neste artigo, uma leitura do poema </em>Índia do rio<em>, de Gleycielli Nonato Guató, e do conto </em>O dia em que explodiu Mabata-bata<em>, de Mia Couto. Para tanto, valemo-nos de estudos de autores como Abdala Júnior e Ailton Krenak, para quem o diálogo solidário ou a articulação de alianças afetivas entre os povos africanos e latino-americanos pode contribuir significativamente para a emancipação desses imaginários e para a projeção de um mundo em que a diversidade dos povos seja efetivamente respeitada em sua autenticidade. Partindo dessas ideias, procuramos observar os possíveis aspectos estéticos e temáticos que aproximam e particularizam os projetos literários desenvolvidos por Couto e Guató, respectivamente. Propomos, em especial, uma leitura sobre a confluência da tradição e da modernidade articulada nesses discursos artísticos que ascendem de diferentes fronteiras da lusofonia contemporânea. Compreendemos que, a</em><em>o expressarem, no plano literário, as cores do imaginário moçambicano e do imaginário guató, Couto e Guató reivindicam o direito de sujeitos indígenas e africanos ocuparem um novo espaço no imaginário da sociedade ocidental: o espaço assumido pela intelectualidade, pelos atores sociais que rejeitam o lugar de servidão e tomam para si a responsabilidade de reescrever a história e redesenhar o futuro de seus povos.</em></p>Carolina Barbosa Lima e Santos
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144662“ESSA É UMA HISTÓRIA DE FICÇÃO, NÃO ACONTECEU DE VERDADE, MAS PODERIA TER ACONTECIDO”
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<p><em>Esta pesquisa objetiva apresentar outra leitura sobre a história do Brasil a partir da obra O Karaíba de Daniel Munduruku (2018). A partir de um levantamento bibliográfico e utilizando-se dos pressupostos da Literatura Comparada, buscou-se apresentar outra perspectiva sobre a história do Brasil, a partir das vozes indígenas evidenciadas em uma narrativa metaficional historiográfica. Esse processo evidencia as tradições e mundivivências indígenas, possibilitando novas reflexões sobre a conjuntura brasileira antes da invasão europeia, contribuindo para a desconstrução de narrativas estereotipadas acerca dos povos indígenas. Desse modo, este estudo posibilita o desenvolvimento de pensamentos críticos e reflexivos sobre o enfrentamento aos ideiais colonialistas. Conclui-se que a literatura indígena brasileira evidencia o protagonismo dos povos originários, desconstruindo a versão unilateral da história propagada pelos europeus, e revelando um novo ponto de vista acerca da história do Brasil. Pretendemos dialogar com a história do Brasil e construir uma base teórica sólida a partir da crítica contemporânea recorrendo a nomes como Airton Krenak, Suene Honorato, Márcia Wayna Kambeba, entre outros autores e autoras que contribuem para esse debate.</em></p>Maria Lucileia Gonçalves da SilvaFrancisca Carolina Lima da Silva
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144803Editorial
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Alena Ciulla
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.146847Ellen Lima, Ixé Ygara Voltando pra´Y`kûaá (sou canoa voltando pra enseada do rio)
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<p>Resenha do livro de poemas <em>Ixé Ygara Voltando pra´Y`kûaá (sou canoa voltando pra enseada do rio), </em>(São Paulo: Editora Urutau, 2021), de autoria de Ellen Lima.</p>Cristina Mielczarski dos Santos
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144718TECENDO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DESDE A ESCOLA E O TERRITÓRIO
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Miguel Angulo-Giraldo
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.143963Caminho das águas
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<p>[Não se aplica.]</p>Suene HonoratoAna Lúcia Liberato Tettamanzy
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144790Colheita
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Márcia MuraSuene HonoratoAna Liberato Tettamanzy
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.146830COSMOPOÉTICAS GUARANI
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<p><em>Os povos indígenas no Brasil têm existido e resistido há milênios e, nos últimos cinco séculos, como parte do processo de invasão europeia, as estratégias de resistência têm sido reelaboradas como consequência do recrudescimento de mecanismos de violência orquestrados por distintas forças no país. Populações Guarani, em particular, estão entre aquelas que mais têm sofrido ataques sistemáticos. O objetivo deste ensaio é apresentar e discutir cosmopoéticas Guarani como retomadas literárias para a fabulação de outros mundos, amparado sobretudo na arte e no pensamento de </em><em>Carlos Papá Mirim Poty</em><em>. Argumentamos que criações e estéticas indígenas Guarani são fundamentais para nos ajudar a construir outros referentes de compreensão e leitura sensível do mundo, em que a espiritualidade (palavras-alma) é peça crucial no complexo quebra-cabeça de relações entre povos originários e sistemas globais de opressão de origem colonial, capitalista e patriarcal. Palavras e expressões como nhe’ëry, jeroky, ayvu rape, xeyvara reté e ka'aguy dão forma à cosmopoética Guarani, uma estratégia de interiorização das realidades para exteriorização do bem-viver. </em></p> <p><strong><em> </em></strong></p>Alan Alves-BritoIsael da Silva Pinheiro
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.143447“Nhe’erŷ”
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<p><strong><em>RESUMO</em></strong><strong>:</strong> De modo transmidiático, o projeto <em>Selvagem</em>, produzido, dirigido e cofundado respectivamente por Anna Dantes, Madeleeine Deschamps e Ailton Krenak cria um espaço online e interconectado que oferece conhecimentos sobre as cosmovisões indígenas. Haja vista o canal do <em>Youtube “Selvagem: ciclo de estudos sobre a vida”</em>, este trabalho objetiva apresentar duas séries de filmes. A primeira é “<em>Nhe’erŷ</em>”, traduzida como o lugar “onde os espíritos se banham”, uma das séries de filmes curtos produzidos pelos indígenas Carlos Papá e Cristine Takuá, nas quais compartilham e nos aproximam de forma delicada e poética dos encantos da Mata Atlântica (para eles, a <em>Nhe’erŷ</em>) e das cosmo-percepções da língua guarani. Os vídeos da série “Ayvu Pará”, traduzidos como “desenhos da fala”, assim como os da série “<em>Nhe’erŷ</em>” são como pequenas aulas, que concentram grandes significados profundos das <em>nhe’ë</em>, as “palavras-alma”, ou da ‘fala”, <em>ayvu</em>, cingida de amor. As aulas-filmes nos aproximam das cosmo-percepções dos Guarani por meio da língua indígena, a qual mostra a sua beleza de relações entre humanos e não-humanos, como uma cosmo-poética (CESARINO, 2012), capaz de criar imagens descolonizadoras (CUSICANQUI, 2010). Com esse estudo percebeu-se que os videos enquanto recurso político-social revelam uma das cosmo-práxis comunicacionais dos Guarani (OLIVEIRA, 2020), monstrando que ambos não só criam novos parâmetros de tradução entre mundos como também geram uma resistência cosmo-poética contra-colonizadora.</p> <p> </p> <p><strong><em>PALAVRAS-CHAVE: língua guarani; Nhe’erŷ; Selvagem; filmes Guarani; Carlos Papá. </em></strong></p> <p><strong><em> </em></strong></p> <p> </p>Paloma De Melo HenriqueAlisson Preto Souza
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144374LITERATURA INDÍGENA DE AUTORIA FEMININA: O TEKO PORÃ NA POESIA DE SULAMY KATY
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<p><strong><em>RESUMO: </em></strong><em>Este trabalho analisa o livro Nós somos só filhos, de Sulamy Katy (2011), investigando como essa obra reflete a cosmovisão dos povos originários, tendo como base o conceito de Teko Porã. A pesquisa busca compreender de que maneira a colonização e os registros coloniais moldaram narrativas históricas sobre os povos indígenas, além de examinar como a literatura indígena de autoria feminina ressignifica essas representações. No poema foram identificados elementos que exaltam a ancestralidade, a identidade, a memória coletiva, a relação espiritual com a natureza e seu caráter materno. O estudo demonstra, portanto, a relevância dessa produção literária como resistência cultural, valorização das tradições indígenas e como caminho para se pensar outras formas de habitar o planeta. </em></p> <p><em> </em><strong><em>PALAVRAS-CHAVE:</em></strong><em> literatura indígena; autoria feminina; teko porã.</em></p>Maria Valdênia da SilvaJaiane Alves Silva
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144805CORPO E TERRITÓRIO: A POÉTICA DE SONY FERSECK NA LITERATURA INDÍGENA CONTEMPORÂNEA
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<p><span style="font-weight: 400;">O texto analisa a poética de Sony Ferseck, destacando sua contribuição à literatura indígena contemporânea e a relação entre corpo e território. A autora enfatiza a importância da ancestralidade e da identidade indígena, apresentando a escrita de Ferseck como uma forma de resistência e autorrepresentação das mulheres dos povos originários. A fim de melhor embasar a pesquisa recorremos às reflexões e concepções de </span><span style="font-weight: 400;"> Gago (2020), Colson (1985), Graúna (2013; 2019),</span><span style="font-weight: 400;">, entre outros. A perspectiva do corpo-território é central para entender como essas narrativas se articulam com as experiências e vivências das comunidades indígenas, refletindo uma busca por espaço e voz na sociedade contemporânea.</span></p> <p><br style="font-weight: 400;"><br style="font-weight: 400;"></p>Elen Karla Sousa da SilvaDariana Paula Silva Gadelha
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.142929UMA ANCIÃ ILUMINA A NOITE
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<p><em>Neste artigo, parte-se da obra </em>Weiyamî: mulheres que fazem sol<em> (2022), de modo específico, do poema “Ewaron”, da escritora indígena Makuxi Sony Ferseck, para tecer um diálogo crítico-reflexivo em torno da existência de um feminismo indígena no contexto brasileiro. Recorre-se, para tal, à literatura nativa (Dorrico, 2018) como canoa, de modo a singrar as águas de um pequeno córrego, que é este artigo, para propor um rio de discussões e elucidações futuras mais profundas sobre o tema. Na perspectiva aqui assumida, Ferseck, em sua poética, situa como protagonista as vozes de mulheres indígenas violentadas e silenciadas pela cultura patriarcal, ao tempo em que ilumina, com a Sol, as histórias encobertas de suas antepassadas, clareando noites que duram séculos. Pretende-se, ao partir desse trançado, instigar o debate acerca de quais feminismos se pensar para mulheres indígenas, tecendo possíveis conexões entre a poética indígena makuxi, o Feminismo Comunitário proposto por Paredes e Guzmán (2014) e o Ecofeminismo de Mies e Shiva (2021).</em></p>Maria Beatriz Smith Silva Adriana Cristina Aguiar Rodrigues
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144369A POESIA ANCESTRAL AMERÍNDIA NA PERFORMANCE DO SONHO XAVANTE
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<p><em>O presente artigo tem por objeto analisar a poesia ancestral ameríndia através dos registros da performance do sonho Xavante, realizados por Laura Graham, privilegiando-a, sobretudo, como um dispositivo literário de conservação e recriação da memória ancestral, na construção de um saber onírico, holístico e integrativo, por meio do poético. Ao abordar a poesia ameríndia através da performance Xavante, tentaremos aproximar as dimensões mnemônicas e oníricas de sua tessitura sob a experiência do poético, caracterizando-a como um ato sobretudo político de resistência e reinvenção histórica e cultural por meio da memória, na luta contra o colonialismo. Trata-se, por fim, de privilegiar o modo pelo qual a experiência do poético é capaz de atuar na preservação das tradições e da cosmologia Xavante através das intervenções xamânicas, vislumbrando a perpetuação do saber ancestral ameríndia.</em></p>sergio assunção
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144775O SONHO YANOMAMI CONTRA O FETICHE DA MERCADORIA
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<p><span style="font-weight: 400;">Nosso ensaio aborda aspectos da crítica xamânica da forma-mercadoria - bem como do complexo social que ela engendra - a partir do manifesto cosmopolítico de Davi Kopenawa em </span><em><span style="font-weight: 400;">A queda do céu</span></em><span style="font-weight: 400;">: palavras de um xamã yanomami (2015). Para Kopenawa, a “paixão pela mercadoria” obscurece o pensamento, encolhe os espíritos e as palavras, obstrui a capacidade de sonhar. O </span><em><span style="font-weight: 400;">sonho yanomani</span></em><span style="font-weight: 400;">, por sua vez, é contraponto àquilo que a mercadoria institui; onde a mercadoria gera morte e esquecimento da floresta, o sonho permite sua defesa e compreensão. Com a finalidade de ampliar o escopo de nossas reflexões, cotejamos a cosmologia da forma-mercadoria desenvolvida por Davi Kopenawa às teses do filósofo alemão Karl Marx sobre ser a forma-mercadoria a gênese do modo de produção capitalista e da sociabilidade fetichista que ele necessariamente institui. No que diz respeito à centralidade do sonho como sistema de conhecimento para as sociedades yanomami, nos referenciamos, também, nas pesquisas de Ana Limulja (2022), intercultura de Kopenawa, para quem </span><em><span style="font-weight: 400;">A queda do céu </span></em><span style="font-weight: 400;">poderia ser nomeada também como </span><em><span style="font-weight: 400;">Livro dos sonhos yanomami</span></em><span style="font-weight: 400;">, dada a organicidade que o sonho assume no cotidiano do grupo. </span></p>Karina Morais e SilvaEmanuel Lucas de Sousa Nobre
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144376Histórias de verdade
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<p>Este ensaio tem como objetivo entender a produção de narrativas do povo Mbya Guarani, sua ontologia e seu regime de verdade, isto é, como e por que esse povo considera uma história verdadeira, e o que isso significa. Faz-se, além disso, um paralelo com a produção não indígena de narrativas e seus mesmos regimes discursivos de verdade, refletindo sobre suas formas de produzir realidade e verdade. Por fim, faz-se uma reflexão sobre essas formas de produzir verdade e como isso se conecta a um modo de ser, uma cultura, e o que isso significa para dar sentido a essas histórias.</p>Eduardo Santos Schaan
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144783A CONFLUÊNCIA, O ENCANTAMENTO E A VIVACIDADE DOS RIOS:
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<p><em>Este texto se dedica a observar a presença dos rios em poemas de três escritoras indígenas de Abya Yala – Ellen Lima Wassu, Natalie Diaz e Trudruá Dorrico. Como apoio crítico, verifica-se que pensadoras e pensadores indígenas de diferentes localizações deste continente – como Moira Millán e Ailton Krenak – apresentam defesas muito semelhantes, enfatizando necessidade de se confrontar a colonialidade para que se possa ouvir e perceber a linguagem das águas e demais expressões cosmológicas. Assim, compreende-se que este é um caminho incontornável para cultivar modos mais cuidadosos de conviver e bem viver com a Terra e com as demais formas de vida. Outra grandiosa contribuição parte do legado contra-colonial de Antonio Bispo dos Santos (Nego Bispo), que também propôs inspiradoras formas de confrontar a colonialidade, a exemplo de seu ato de semear palavras. Confluência é um dos conceitos cultivados por ele que contribui significativamente para nutrir as reflexões apresentadas neste trabalho. Somando-se a ele, outros importantes conceitos na ambientação das considerações aqui apresentadas foram encantamento e vivacidade, desenvolvidos pelos pensadores Luiz Rufino e Luiz Antônio Simas. Em sua argumentação, estes pensadores enfatizam que práticas de encantamento e de ativação da vivacidade são caminhos indispensáveis de afirmação da vida. </em></p>Thiago Alexandre Correa
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144373MBOAPY YAKÃ, O AUDIOVISUAL DE PATRÍCIA FERREIRA PARÁ YXAPY E A PESQUISA NA UNIVERSIDADE NUESTROAMERICANA: “O QUE VALE A PENA REALMENTE FALAR?”
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<p><em><span style="font-weight: 400;">A defesa de uma universidade nuestroamericana (Segato, 2013) parte da compreensão de formas de perceber os conhecimentos produzidos por sujeitos desconsiderados nos estudos de epistemologias que circulam nas instituições de ensino. No que tange aos povos originários, identifica-se que, dentro e fora das aldeias, mulheres indígenas se mobilizam pela continuidade das tradições ao mesmo tempo em que se inserem na produção audiovisual e reelaboram e constroem narrativas anticoloniais e antirracistas. Nesse cenário, analisamos o projeto e o roteiro de Mboapy Yakã - Três rios, assinado por Patrícia Ferreira Pará Yxapy em parceria com o cineasta Leonardo Josef Schifino Wittmann, projeto de longa-metragem que, ao ser finalizado, será a primeira obra de ficção assinada por uma mulher indígena no Brasil. A partir da história de duas personagens mulheres mbyá-guarani, com o aporte dos referenciais decoloniais de cosmopráxis (Stutzman, 2009), das alianças afetivas (Krenak, 2016), das mulheres de Abya Yala e suas diferenças comuns (Espinosa-Miñoso, 2021) e do feminismo comunitário de corpo-território (Cabnal, 2010), nos propusemos a pensá-las enquanto corpos-territórios empenhados na preservação do nhandereko. Desde as ideias do pensamento de vínculo, acreditamos que a recuperação e o compartilhamento dos significados do sonho e da reza para os guarani foram os caminhos eleitos pela cineasta para encontrar o nhe’e que se “vale a pena falar” ao não-indígena e para narrar uma história de corpo-territórios, ancestralidade e de futuro. Pretendemos, portanto, oferecer às bibliotecas aquilo que alcançamos do modo de conhecer e de estar no mundo mbyá-guarani.</span></em></p>Liliam Ramos Nôva Marques Brando
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144639Comentário a três poemas de Graça Graúna sobre a seca
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<p><em>O ensaio apresenta um comentário a três poemas de Graça Graúna presentes no livro </em>Canto mestizo, <em>de 1999</em>. <em>O comentário procura se sensibilizar com as formas dos poemas, ressaltando suas constantes e sutilezas construtivas</em>.<em> Tais formas parecem convidar a interpretação a tensionar imagens correntes a respeito das secas no Nordeste, ao propor imagens que se ligam à esperança se expressando em mundos criados por vozes diversas, humanas e mais-que-humanas.</em></p>Atilio Bergamini
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144691CONFLUÊNCIA E RESISTÊNCIA GUARANI NA MEMÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL
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<p><em>Este artigo tem por objetivo discutir de que forma a presença guarani é abordada em narrativas histórico-literárias constituidoras do atual território do Rio Grande do Sul. Busca-se, para tanto, destacar algumas das trajetórias dos Guarani a partir de narrativas da história oficial, da literatura e do cancioneiro missioneiro no recorte espacial sul-rio-grandense até a contemporaneidade. As análises de narrativas de indígenas e de não indígenas permitem identificar representações acerca de Sepé Tiaraju, da Mboi Guaçu e das lutas dos Guarani pela terra, além de evidenciar confluências e desdobramentos operados entre povos indígenas e não indígenas no Rio Grande do Sul, sobretudo em relação à atualização da memória e da resistência guarani na contemporaneidade.</em></p>Mônica Chissini
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144234CARTAS PARA AS MAIS VELHAS
https://seer.ufrgs.br/index.php/organon/article/view/144806
<p><em>As produções de autoria indígena elaboradas por mulheres na Bahia ainda precisam ser mais estudadas pela crítica literária. Diante disso, para contribuir com essa urgente tarefa, o objetivo deste trabalho é analisar algumas cartas que integram o livro </em>Tecendo histórias do meu lugar<em> (2022), de Ane Kethleen Pataxó, ilustrado por Zig Pataxó. O livro reúne diversas formas textuais, tais como cartas, biografias, narrativas e cantos da tradição oral. Neste estudo, busca-se investigar duas cartas produzidas pela jovem escritora, com destino à sua bisavó Luciana Zabelê (anciã que lutou em defesa do território e pelo direito de uma educação escolar intercultural dentro da comunidade) e à sua mãe Márcia Neves (inspiração para Ane buscar o acesso ao ensino superior). A dimensão analítico-crítica do estudo demanda o percurso metodológico ancorado na pesquisa bibliográfica, recorrendo principalmente à produção intelectual indígena (Graúna, 2013; Pesca, 2020; Potiguara, 2018; entre outras). Assim, este trabalho revela que a produção da autora Pataxó reúne várias gerações femininas e textualidades para fortalecer o afeto entre elas e a voz coletiva, o que contribui para a resistência das comunidades indígenas na Bahia.</em></p>Randra Kevelyn Barbosa Barros
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144806CARTAS, EPÍSTOLAS E LITERATURA INDÍGENA
https://seer.ufrgs.br/index.php/organon/article/view/144375
<p><em>O </em>corpus<em> da literatura indígena no Brasil expandiu-se consideravelmente após o século XX. Contudo, a maioria das pesquisas realizadas sobre a produção literária em prosa e sobre a história da literatura indígena não alude à escrita de cartas e de epístolas, apesar da importante correlação temática entre esses escritos e a literatura indígena. Efetuando breve revisão bibliográfica sobre o gênero carta na literatura indígena, a proposta deste artigo é analisar, sob prisma histórico e literário, cartas e epístolas de autoria indígenas divulgadas por meios impressos ou virtuais, visando delimitar e examinar os principais temas partilhados por cartas, epístolas e escritos literários indígenas. </em></p>Maria Alice Ribeiro Gabriel
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2025-04-102025-04-10407910.22456/2238-8915.144375