A cidade é uma só?
autoficcionalização, interrogação do arquivo e sentido de dissenso
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583201533.76-89Palavras-chave:
documentário, autoficcionalização, arquivo, dissensoResumo
Por meio da articulação de duas estratégias fílmicas – a autoficcionalização dos personagens e a ressignificação de materiais de arquivos oficiais –, o documentário A cidade é uma só? propõe uma crítica radical ao discurso de poder que circunscreveu a Campanha de Erradicação das Invasões (CEI), iniciativa que removeu populações pobres da área central de Brasília, levando-as a formar as então chamadas cidadessatélites dos anos 70. Este trabalho propõe-se a uma análise do documentário de Adirley Queirós com vistas a apreender, pela materialidade fílmica, os modos como a obra viabiliza a ressignificação de uma memória coletiva à medida que os protagonistas se empoderam de representações sociais que colidem com as disposições do poder estabelecido. O próprio enunciado fílmico, assim, estrutura-se pelo sentido de dissenso, como aquilo que é próprio de uma política da arte (RANCIÈRE, 2005b).
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