“Nunca de ti, cidade, eu pude partir”: a experiência da emigração e a desterritorialização na poesia de Czesław Miłosz

Autores

  • Olga Kempinska UFF

Resumo

Ao encenar um dos maiores paradoxos da experiência da emigração, a saber, o da impressão subjetiva da permanência no lugar de origem apesar do deslocamento, o poema “Nunca de ti, cidade” atualiza a oposição entre a natureza e a cultura para indagar a heterogeneidade das diversas tradições. Articulada por meio do endereçamento de um narrador e vinculada aos domínios estético e religioso, a imagem alegórica da cidade, ao mesmo tempo presente e ausente, escapa a sua plena cristalização na forma tradicional da alegoria graças à evocação dos elementos concretos e realistas. Inscrita dentro da estrutura do jogo, no regime onírico da experiência e envolta em uma esfera de irrealidade, a predominação afetiva da cidade de origem faz com que o espaço seja experimentado pelo narrador enquanto heterogêneo, ou seja, como disposto em volta do lugar central, no qual se concentra o teor imaginário da representação. Questionando o estatuto da ficção em sua relação com a realidade e partilhando do medo do monologismo totalitário, o poema de Miłosz esboça as possibilidades discursivas da resistência subjetiva.

Palavras-chave: Narratividade; subjetividade; alegoria; ficção; Czesław Miłosz.

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Publicado

22-09-2020

Como Citar

KEMPINSKA, O. “Nunca de ti, cidade, eu pude partir”: a experiência da emigração e a desterritorialização na poesia de Czesław Miłosz. Revista Contraponto, [S. l.], v. 7, n. 1, 2020. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/contraponto/article/view/96158. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos