O 'Mistério de Nàpoles' e o parasitismo social em Bomfim e Gramsci
DOI:
https://doi.org/10.22456/2594-8962.55698Resumo
Uma aproximação entre Bomfim e Gramsci ocorre sobretudo pelo viés histórico e ideológico e não conceitual. Pelo contrário, entre as obras dos dois pensadores, existem alguns elos comuns do ponto de vista da perspetiva teórica, como por exemplo o tema do parasitismo social. Se Manuel Bomfim, em particular em América latina males de origem (1905), adota a categoria como poderosa ferramenta analítica que estrutura o esqueleto da sua obra seminal de interpretação da formação do Brasil, ainda que mantendo-a dentro dos limites do pensamento organicista do tempo, Gramsci, nos Quaderni del carcere, a conceitualiza dialeticamente para construir um não menos eficaz dispositivo crítico que, conjugando parasitismo e americanismo, proporciona os meios para interpretar criticamente o famoso “mistério de Nápoles”, ou seja, o lado mais sombrio e relacional do processo impetuoso da modernização excludente.