A HETEROGENEIDADE DA CONDIÇÃO MIGRANTE NA LITERATURA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA
DOI:
https://doi.org/10.22456/2594-8962.136210Resumo
O presente artigo tem como objetivo pensar a produção de escritores de origem angolana no âmbito da literatura portuguesa contemporânea, compreendendo a necessidade de tratar tais escritores e suas obras sem a marca da “outridade”, advinda não apenas da condição migrante, mas também da questão étnico-racial e de um imaginário colonial que ainda persiste em Portugal. Identificar a diversidade na abordagem do tema da migração entre Angola e Portugal, a partir das obras de Tvon, Yara Monteiro, Kalaf Epalanga e Djaimilia Pereira de Almeida, é significativo para evitar categorizações excludentes, como se esses corpos representassem uma homogeneidade estrangeira em solo português. Partindo do contexto vivenciado em Portugal após a Revolução dos Cravos e a descolonização dos territórios africanos, o conceito postmigration é utilizado para evidenciar a necessidade de pensarmos a sociedade portuguesa como uma sociedade atravessada por processos migratórios e que precisa enfrentar suas dinâmicas de caráter colonial para rever a forma como pensa a imagem de povo luso, excluindo outras vivências.