ENTRE A METRÓPOLE E COLÔNIA – A BRANQUITUDE DE SEGUNDA CLASSE EM O RETORNO, DE DULCE CARDOSO
BETWEEN THE MOTHER COUNTRY AND COLONY – THE SECOND CLASS WHITENESS IN DULCE CARDOSO’S O RETORNO
DOI:
https://doi.org/10.22456/2594-8962.135981Resumo
Resumo: Este trabalho tem como objetivo discutir o problema da branquitude na obra O Retorno (2011), de Dulce Cardoso enquanto representação da tensão colonial existente entre a metrópole (Portugal), e a colônia (Angola), no contexto da independência. Na obra, a escritora representa os eventos que sucederam a independência de Angola, em 1975, e o início da Guerra Civil 1975-2002. Neste contexto, cidadãos angolanos brancos passam a ser vistos como inimigos e têm de deixar o país. Seu destino, então, é Portugal, para onde eles “retornam” metaforicamente, mesmo sem nunca terem estado lá. Assim, enquanto retornados, ou migrantes, os personagens sofrem com o choque de serem tratados como inferiores, “cidadãos de segunda classe”, da mesma forma como tratavam os cidadãos negros em Angola. Tal perspectiva, leva ao debate acerca da branquitude hegemônica no contexto da obra, assim como revela a tensão entre centro-periferia sobre o qual se estrutura o mundo colonial. Como suporte teórico, utilizou-se os conceitos de nacionalidade e identidade (Anderson, 2008), branquitude (Banton, 2000; Schucman, 2020), pactos narcísicos (Bento, 2003), branquitude acrítica (Cardoso, 2014), colonialismo (Fanon, 2008; Goody, 2013), estuturas coloniais (Quilomba, 2019) e a história colonial de Angola (Tutikian, 2006).
Palavras-chave: Branquitude. O Retorno. Dulce Cardoso. Angola. Colonialismo.