REFLEXÕES SOBRE (IN)CERTEZAS EM TEMPOS DE POLÍTICA ARMAMENTISTA
Resumo
Objetivamos, neste artigo, refletir sobre os modos de significação da (in)certeza em enunciações na contemporaneidade. Para tanto, como materialidade para análise, selecionamos alguns atos de fala do presidente da República Jair Bolsonaro durante seu governo (2019-2022) e mais outros que se deram pouco antes, durante sua campanha eleitoral. Estes dizeres validam armar o povo brasileiro sob a justificativa de ser uma política de segurança pública que irá combater a “bandidagem”, além de evitar uma “ditadura comunista”. Para as análises, tomamos a certeza e a performatividade da linguagem a partir de estudos de Austin [1962]/(1990) e Elias de Oliveira (2020), dialogando com trabalhos de Wittgenstein (1969), Derrida (1990) e Butler (2003), além de perspectivas teóricas que vêem o corpo performático em sua discursividade como acontecimento social/político. Assim, observamos nas relações entre palavra e corpo, que dizer é fazer, visto que o gesto presidencial legitima o Estado e os traficantes e as milícias a violentar e matar, sobretudo, a população negra, indígenas, trans, operários, trabalhadores rurais e refugiados. Também analisamos a política de morte e a gestão da saúde no cenário pandêmico que apresentou inverdades como certezas.