Vereda da Salvação: intersecções entre raça, gênero e crença na dramaturgia de Jorge Andrade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/2236-3254.146232

Resumo

Em 1955, o município de Malacacheta, Minas Gerais, testemunhava um episódio de fanatismo religioso que levou à morte quatro crianças violentamente assassinadas. Uma década após o ocorrido, Jorge Andrade, escritor paulista, se propõe a retratar o caso em uma dramaturgia de denúncia e alerta. Vereda da Salvação (1965) é pertinente e atual na discussão acerca do fanatismo religioso, porém, o presente trabalho se propõe a analisar o modo como o dramaturgo expõe as intersecções de gênero, raça e crença. Infelizmente, o autor faz escolhas discursivas que omitem a racialidade das personagens, bem como torna a trama das protagonistas femininas orbitantes em relação às narrativas dos homens. Em sua obra, Andrade nos leva a refletir acerca dos perigos de um discurso religioso calcado na promessa de uma nova terra direcionada às pessoas que nunca tiveram um pedaço de terra para si. A esperança torna-se vilã neste processo, de tal modo que a realidade perde seu espaço, dando lugar à fantasia e ao delírio coletivo de uma ascensão aos céus. Apesar de uma crítica contundente à posição catequizadora de algumas doutrinas neopentecostais, o autor parece querer retratar o conflito ocorrido apenas pelo viés  da luta de classes sociais, negligenciando as intersecções de raça e gênero presentes na dramaturgia e no acontecimento em Minas Gerais.

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Biografia do Autor

André L. Rosa, Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá/PR, Brasil

André Rosa transita entre as artes da cena e do audiovisual, a pedagogia e os saberes anticoloniais. Artista e pesquisador das Poéticas do Corpo e das Imagens em Movimento. É docente na Licenciatura em Teatro da Universidade Estadual de Maringá. Doutor em Estudos Artísticos (Teatrais e Performativos) pela Universidade de Coimbra/Portugal. Mestre em Artes Cênicas pelo PPGAC/UFBA. Licenciado em Educação Artística - Habilitação Plena em Artes Cênicas pela UNESP. Trabalha há mais de 25 anos com as artes da cena e o audiovisual, atuando em mais de 35 trabalhos artísticos entre o ao vivo e o mediado tecnologicamente. Fundou o Movimento Sem Prega (Brasil/Portugal) e o Núcleo de Estudos e Criação Cênico-Visual (CNPq/UEM): ambos investigam as dimensões culturais, políticas, espirituais, sexuais/gendéricas e linguísticas, funcionando como uma estrutura laboratorial nômade em arte, educação e mediações tecnológicas.

Giovanna de Carvalho Gasino, Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá/PR, Brasil

 
Giovanna é pessoa trans não binária, psicólogue e artista, formade em Psicologia e graduande em Artes Cênicas - Licenciatura em Teatro pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atualmente atua na clínica em psicoterapia, desenvolvendo também projetos com a poesia e com a escrita que visam costurar arte e saúde mental. Está presente em projetos de iniciação científica desde a primeira graduação, tendo como temas principais gênero, sexualidade e maternidade. A pesquisa foi realizada com subsídios do PIBIART 2024, Programa Institucional de Bolsas de Incentivo à Arte, com a orientação do Prof. Dr. André Luís Rosa.

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Publicado

2025-04-30

Como Citar

Rosa, A. L., & de Carvalho Gasino, G. (2025). Vereda da Salvação: intersecções entre raça, gênero e crença na dramaturgia de Jorge Andrade. Cena, 43(2). https://doi.org/10.22456/2236-3254.146232

Edição

Seção

Artigos