I fake it, ergo sum: o obsceno enquanto perturbador das convenções da cena

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DOI:

https://doi.org/10.22456/2236-3254.135465

Resumo

O presente ensaio aborda a noção de estado obsceno no interior das artes da cena. Considerando a existência de um conjunto de prerrogativas que balizam o que compõe ou não uma cena, o trabalho objetiva indicar como o conceito de obsceno pode ser situado como elemento de desestabilização das convenções da cena, da sexualidade e do corpo. Questiona-se a respeito do caráter ficcional envolvido tanto na composição cênica quanto no estabelecimento de parâmetros que normatizam o ato artístico ou a performance. Para abordar tal questão, parte-se da análise de duas performances de palhaçaria pós-pornográfica do coletivo ABA NAIA (Berlim, Alemanha), do uso de referências bibliográficas das artes e da filosofia, bem como de uma entrevista com André Masseno, artista brasileiro cuja obra foi tomada como referência pelo coletivo. Ao longo do ensaio, o obsceno é aproximado do cômico e da pós-pornografia. Ao considerar o uso da expressão em uma das performances I fake it, ergo sum, jocosamente derivada da célebre expressão cartesiana Ego Cogito ergo sum, o caráter ficcional das normas cênicas é abordado. Conclui-se que o coletivo ABA NAIA indica o caráter fake de convenções, utilizando-os como potência para dessacralizar noções de essência, de finalidade dos corpos e de natureza humana.

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Biografia do Autor

Kysy Amarante Fischer, Hochschulübergreifendes Zentrum Tanz Berlin – Berlin, Alemanha

Kysy Fischer (artista cênica residente em Berlin - Alemanha) usa o humor para confundir disciplinas como dança, performance e teatro. Como diretora do coletivo berlinense ABA NAIA, ela se interessa pelo exagero minimalista, busca formas de contato com o público, além de criticar hierarquias de práticas artísticas. Na Ballhaus Naunynstraße (teatro pós-migrante em Berlim), ela trabalhou como assistente de coreografia em peças como "Auf meinen Schultern", de Raphael Hillebrand. Kysy é Bacharel em Artes Cênicas - Interpretação teatral pela Faculdade de Artes do Paraná, é mestre pelo Programa de Pós-graduação em Teatro da UDESC (bolsista CAPES). Em 2023 ela conclui o mestrado em Coreografia na HZT Berlin com a performance "Super Superficial". Ela esteve com projetos de teatro, dança e performance em países como Alemanha ("We Can Do It Moaning" no ETB|IPAC, Ringlokschuppen, PAF, "otherMess" no Tanztage Potsdam), Brasil, Suíça, Finlândia e Sri Lanka.

Vinícius Armiliato, Universidade da Região de Joinville – Univille, Joinville/SC, Brasil

Pós-doutorado na linha de Filosofia da Psicanálise do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PPGF-PUCPR), com bolsa CAPES/Fundação Araucária. Professor Adjunto I do curso de Psicologia da Universidade da Região de Joinville (Univille), Professor Assistente do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e psicólogo clínico de orientação psicanalítica (atendendo crianças, adolescentes e adultos). Doutor e Mestre em Filosofia pela PUCPR (linha de pesquisa: Filosofia da Psicanálise). Realizou estágio doutoral na Université de Paris 7 - Diderot (mar/17-fev/18), no Centre de Recherches Psychanalyse Médecine et Societé. Especialista em Sociologia Política (UFPR), graduado em Psicologia (PUC-PR) e Bacharel em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP). Recentemente organizou o livro "Um lugar para o singular: Georges Canguilhem em Perspectiva", publicado pela editora CRV. Possui experiência na realização de mediações no âmbito da inclusão escolar e do autismo. Atualmente desenvolve pesquisa sobre as influências da biologia evolutiva na construção das noções de normal e patológico e na psicanálise freudiana. Tem interesse nas seguintes áreas: Psicopatologia, Psicanálise, Filosofia, Epistemologia, Educação, Inclusão escolar, Autismo, Ensino-Aprendizagem, Filosofia, Políticas Públicas, Teatro e Política

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Publicado

2024-01-22

Como Citar

Amarante Fischer, K., & Armiliato, V. (2024). I fake it, ergo sum: o obsceno enquanto perturbador das convenções da cena. Cena, 42(1), 01–14. https://doi.org/10.22456/2236-3254.135465