Geo-helmintíases no Rio Grande do Sul: uma análise a partir da perspectiva de Saúde Única

Autores

  • Marina Ziliotto Laboratório de Imunobiologia e Imunogenética, Departamento de Genética, Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
  • Joel Henrique Ellwanger Laboratório de Imunobiologia e Imunogenética, Departamento de Genética, Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
  • José Artur Bogo Chies Laboratório de Imunobiologia e Imunogenética, Departamento de Genética, Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

Resumo

Os helmintos intestinais Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e os ancilostomídeos Ancylostoma duodenale e Necator americanus apresentam importante relevância em termos de saúde pública no Brasil, sendo associados com deficiências nutricionais, problemas gastrointestinais e déficits no desenvolvimento infantil. Essas espécies são conhecidas conjuntamente como geo-helmintos, pois o solo (geo) exerce papel importante na transmissão e no desenvolvimento desses parasitas. A contaminação ambiental por ovos e larvas de geo-helmintos é particularmente comum em áreas com problemas de distribuição de água potável e no tratamento de esgoto. Humanos infectados por A. lumbricoides, T. trichiura e ancilostomídeos podem liberar uma grande quantidade de ovos dos parasitas nas fezes, facilitando a contaminação ambiental. Outros geo-helmintos, como Toxocara canis, Toxocara cati e A. caninum, possuem animais domésticos como hospedeiros definitivos e a contaminação ambiental por fezes de cães e gatos facilita a ocorrência de zoonoses, como a larva migrans. As geo-helmintíases são endêmicas no Brasil, mas as informações sobre geo-helmintos no estado do Rio Grande do Sul são escassas e geralmente estão descritas na literatura de forma fragmentada. Dessa forma, este artigo revisa, integra e discute dados e informações sobre geo-helmintos no Rio Grande do Sul, com base em estudos realizados com amostras humanas, animais e ambientais, em uma estratégia alinhada à perspectiva de Saúde Única. Os potenciais impactos das alterações ambientais observadas no Rio Grande do Sul sobre a ocorrência das geo-helmintíases também são abordados neste artigo.

The intestinal helminths Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura and the hookworms Ancylostoma duodenale and Necator americanus have strong public health relevance in Brazil, being associated with nutritional deficiencies, gastrointestinal problems and deficits in child development. These species are collectively known as soil-transmitted helminths, as the soil plays an important role in the transmission and development of these parasites. Environmental contamination by soil-transmitted helminth eggs and larvae is particularly common in areas with problems in potable water distribution and/or in sewage treatment systems. Humans infected with A. lumbricoides, T. trichiura and hookworms can release a large amount of parasite eggs in their feces, facilitating environmental contamination. Other soil-transmitted helminths, such as Toxocara canis, Toxocara cati and A. caninum, have domestic animals as definitive hosts. Therefore, environmental contamination by feces of dogs and cats facilitates the occurrence of zoonoses, such as larva migrans. Soil-transmitted helminth infections are endemic in Brazil, but information on soil-transmitted helminths in the Rio Grande do Sul State is scarce and is usually described in the literature in a fragmented way. Thus, this article reviews, integrates and discusses data and information on soil-transmitted helminths in the Rio Grande do Sul, based on studies carried out with human, animal and environmental samples, in a strategy aligned with the One Health perspective. The potential impacts of environmental changes observed in the Rio Grande do Sul on the occurrence of soil-transmitted helminths are also addressed in this article.

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Publicado

2022-12-23

Como Citar

ZILIOTTO, M.; ELLWANGER, J. H.; CHIES, J. A. B. Geo-helmintíases no Rio Grande do Sul: uma análise a partir da perspectiva de Saúde Única. Bio Diverso, Porto Alegre, v. 2, n. 1, 2022. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/biodiverso/article/view/124554. Acesso em: 21 set. 2023.

Edição

Seção

Revisão e Síntese