Fronteira e contrabando em Santana do Livramento (BR) - Rivera (UY)

Autores

  • Adriana DORFMAN Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

Santana do Livramento/Rivera, contrabando, fronteira, legal/legítimo, escalas geográficas

Resumo

Este artigo discute as possibilidades de interação e troca cultural, social eeconômica cotidianamente disponibilizados à população da(s) cidade(s) deSantana do Livramento e Rivera, na fronteira Brasil-Uruguai. Os fronteiriçosaumentam seu poder de compra abastecendo-se em ambos lados da fronteira,e cabe discutir as formas de acomodação entre essa interação por vezes ilegale outras práticas do lugar. Exploram-se aqui diferentes enunciados queinformam a análise do contrabando na escala local e o mapeamento dossujeitos nele envolvidos.O mercado transfronteiriço envolve agentes como bagayeros, camelôs,cambistas, aduaneiros etc. O transporte de mercadorias entre estados-naçãosem o pagamento de impostos é ilegal, constituindo "contrabando", ao qual seagrega o delito do aduaneiro, de "facilitação de contrabando". Localmente,entretanto, a ação é naturalizada, como indicam um certo "ethoscontrabandista" e o bordão fronteiriço "não é legal mas é legítimo". Nessaescala, o contrabando é visto como estratégia de abastecimento e ocupaçãoe, conforme o volume, como delito. Já os aduaneiros (cuja familiaridade comos contrabandistas é muitas vezes literal) são recriminados, ora consideradosimpiedosos, ora corruptos. Mesmo o judiciário relativiza o crime,condicionando o processo ao "princípio da insignificância", figura legal quedescarta a ação tributária/penal diante de pequenos volumes.

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Biografia do Autor

Adriana DORFMAN, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

É Licenciada e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1988 e 1989), Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1995) e Doutora em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professora adjunta do Departamento de Geografia da UFRGS e do Programa de Pós-Graduação em Geografia, coordenadora de publicações da Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção Porto Alegre. Tem experiência na área de Geografia Social, com ênfase em Geografia Política e Cultural, atuando principalmente nos seguintes temas: contrabando e fronteira, aproximações entre geografia e literatura e ensino da geografia.

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