Escolarização e territorialidade na cidade republicana: Belo Horizonte (1897-1912) - Schooling and territorialisation on the republic city: Belo Horizonte (1897-1912)
Palavras-chave:
escola- população-territorialidade- repúblicaResumo
O artigo tem como tema as relações entre demandas sociais e políticas estatais de instrução no decorrer da Primeira República. Tendo como cenário a cidade de Belo Horizonte, materialização do projeto republicano de ordenamento urbano, busca-se analisar o acesso à instrução das distintas populações, a partir de sua ocupação do território. Referenciado no diálogo entre história, geografia e urbanismo, focaliza-se a dinâmica entre o investimento em escolarização da população habitante das colônias agrícolas, preponderantemente de imigrantes, e as ações estatais no período entre sua criação, em 1897, e incorporação à zona suburbana em 1912. Verifica-se que a política segregacionista característica da planificação da cidade, em que a ocupação territorial foi definida de acordo com a condição social e étnico-racial das populações, impôs condições desiguais de acesso à escola. Por outro, dada a dinâmica de apropriação dos territórios pelas distintas populações, a mobilização dos habitantes das colônias pela instrução pública fez com que o Estado, ainda que de forma precária, destinasse recursos à escolarização desses grupos sociais.
Palavras-chave: escola, cidade, territorialização, imigração.
SCHOOLING AND TERRITORIALISATION ON THE REPUBLIC CITY: BELO HORIZONTE (1897-1912)
Abstract
The article focuses on the relationship between schooling demands and state policies during the First Republic. Set in the city of Belo Horizonte, materialization of the republican project of urban planning, it seeks to analyse the access to education of the different populations, considering their occupation of the territory. Using as analytical reference the dialogue between history, geography and urban planning, it focuses on the dynamic between the demands for schooling from the immigrant population inhabitant of agricultural colonies and state actions in the period between its creation in 1897 and incorporation to the suburban area in 1912. The segregationist policy of territorial occupation, defined according to the social and ethnic-racial condition of the city's population imposed conditions of unequal access to school. Even them, it is possible to identify investment and mobilization from the inhabitants of the colonies in their instruction
Key-words: schooling, city, territorialization, immigration.
ESCUELA Y TERRITORIALIZACCIÓN EN LA CUIDAD REPUBLICANA: BELO HORIZONTE (1897-1912)
Resumen
El artículo se centra en la relación entre las necesidades sociales y la educación de las políticas del Estado durante la Primera República. Situado en la ciudad de Belo Horizonte, la materialización del proyecto republicano de la planificación urbana, el articulo busca analizar el acceso a la educación de las diferentes poblaciones, desde su ocupación del territorio. Se hace referencia en el diálogo entre la historia, la geografía y la planificación urbana, se centra en la dinámica entre la inversión en la educación de la población local de las colonias agrícolas, principalmente inmigrantes, y las acciones del Estado en el período comprendido entre su creación en 1897, y la incorporación a la zona suburbana 1912. Parece que la característica política segregacionista de la planificación de la ciudad, donde se definió la ocupación territorial de acuerdo con la situación social y étnico-racial de las poblaciones, impuso condiciones desiguales de acceso a la escuela. Por otro lado, dada la dinámica de apropiación de territorios por diferentes poblaciones, la movilización de los habitantes de las colonias por la educación pública ha hecho que lo Estado, aunque precariamente, ha asignado recursos a la educación de estos grupos sociales.
Palabras-clave: escuela, territorializaccion, ciudad, imigraccion.
ÉCOLE ET TERRITOIRE ET LA VILLE REPUBLICAIN: BELO HORIZONTE (1906-1912)
Résumé
L'article se concentre sur la relation entre les besoins sociaux et l'éducation des politiques de l'Etat au cours de la Première République. Situé dans la ville de Belo Horizonte, la matérialisation du projet républicain de la planification urbaine, il cherche à analyser l'accès à l'éducation des différentes populations, de leur occupation du territoire. Référencé dans le dialogue entre l'histoire, la géographie et la planification urbaine, il se concentre sur la dynamique entre l'investissement dans l'éducation de la population locale des colonies agricoles, principalement les immigrants et les actions de l'Etat dans la période entre sa création en 1897, et l'incorporation dans la zone suburbaine 1912. il semble que la caractéristique de la politique ségrégationniste de la planification de la ville, où l'occupation territoriale a été définie en fonction de la situation sociale et ethno-raciale des populations, a imposé des conditions inégales d'accès à l'école. D'autre part, étant donné la dynamique d'appropriation de territoires par différentes populations, la mobilisation des habitants des colonies par l'éducation du public a fait l'État, bien que précaire, les ressources destinées à l'éducation de ces groupes sociaux.
Mots-clé: école, territoire, ville, immigrants.
Downloads
Referências
AGUIAR, Tito Flávio Rodrigues. Vastos subúrbios da nova capital: formação do espaço urbano na primeira periferia de Belo Horizonte. Belo Horizonte: UFMG, 2006. 312f. Tese (doutorado em História). Universidade Federal de Minas Gerais.
ARQUIVO PÚBLICO DA CIDADE DE BELO HORIZONTE. Coleção leis e decretos do Estado de Minas Gerais. 1847-1952 (CC.02/). 1999
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Relatórios de inspeção técnica do ensino. Belo Horizonte,1910, 1912.
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Relatórios de inspeção técnica do ensino. Belo Horizonte, 1910, 1912.
ARRUDA, Rogério Pereira. Cidades-capitais imaginadas pela fotografia: La Plata (Argentina) e Belo Horizonte (Brasil), 1880-1897. Belo Horizonte: UFMG, 2011. 327f. Tese (doutorado em História). Universidade Federal de Minas Gerais.
AVILA, Mirian. O retrato na rua: memórias e modernidade na cidade planejada. Belo Horizonte: UFMG, 2008.
BARROS, José D. Assunção. Cidade e história. Petrópolis: Vozes, 2007.
BORSAGLI, Alessandro. O Vale do Córrego do Leitão em Belo Horizonte: contribuições da cartografia para compreensão de sua ocupação. SEMINÁRIO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA HISTÓRICA, 1, 2011. Anais ... Paraty: UFMG, 2011. Disponível em <https://www.ufmg.br/rededemuseus/crch/simposio/BORSAGLI_ALESSANDRO.pdf>. Acesso em 20 abr. 2016.
BOTELHO, Tarcisio. A migração para Belo Horizonte, 1897-1940. Cadernos de História, v. 9, Belo Horizonte: PUCMinas, 2007, p. 11-33.
BRESCIANNI, Maria Stela. Cidade e história. In: OLIVEIRA, Lucia Lippi (org.). Cidade: história e desafios. Rio de Janeiro: FGV, 2002, p.16-35.
BURGUIERE, Andre (org.). Dicionário das ciências históricas. Rio de Janeiro: Imago, 1993.
CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
CORREA, Roberto Lobato. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
COSTA, Geralda Nelma. Imprensa italiana em terra estrangeira: vozes sociais em ação (Belo Horizonte 1900-1920). Belo Horizonte: UFMG, 2005. 147f. Dissertação (mestrado em História). Universidade Federal de Minas Gerais.
DEMARTINI, Zeila. Infância e imigração: questões para a pesquisa. In: FREITAS, Marcus César (org.). Desigualdade social e diversidade cultural na infância e juventude. São Paulo: Cortez, 2006, p. 113-153.
DULCI, Otávio. Partidos e eleições em Belo Horizonte. In: DULCI, Otávio (org.). Belo Horizonte: poder, política e movimentos sociais. Belo Horizonte: C/Arte, 1996, p. 13-31.
DUTRA, Eliana Regina de Freitas. Caminhos operários nas Minas Gerais. São Paulo: Hucitec, 1988.
FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia Greive. Belo Horizonte e os processos educativos no movimento da cidade. Varia Historia, Belo Horizonte, n. 18, 1997, p. 203-223.
FARIA FILHO, Luciano Mendes. Dos pardieiros aos palácios. Passo Fundo: UPF, 2001.
FERRARO, Alceu. História inacabada do analfabetismo no Brasil. São Paulo: Cortez, 2009.
GOMES, Ângela Castro (org.). A nova velha república. Revista Tempo, v. 13 n. 26, 2009.
GOUGH, Phillipe Drumond. O contrapeso da ordem: o desenvolvimento espacial de Belo Horizonte (1897-1964). Belo Horizonte: UFMG, 1994. 289f. Dissertação (mestrado em Economia). Universidade Federal de Minas Gerais.
GOUVEA, Maria Cristina; AFONSO, Bruna; BAHIENSE, Priscila; FIGUEIREDO, Elen Rose. O projeto republicano de instrução e as escolas isoladas urbanas: entre a transitoriedade e a permanência. Revista Brasileira de História da Educação, v. 16 n. 2, 2016, p. 311-340.
JACOB, Benjamin. Relatório apresentado ao Conselho Deliberativo pelo Prefeito Benjamin Jacob em 23 de setembro de 1907. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Geraes, 1907. Disponível em http://www.pbh.gov.br/arquivopublico/relatoriosdosprefeitos/1906-1907-Benjamim-Jacob.pdf. Acesso em 20 abr. 2016.
KINGSTON, Ralph. Mind over matter? History and the spatial turn. Cultural & social history, London: Berg, v. 7, issue 1, 2010, p. 111-122.
LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades. São Paulo: Unesp, 1998.
LITTLE, Paul E. Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia da territorialidade. Brasília: UNB, 2002.
MARINS, Paulo César. Habitação e vizinhança: limites da privacidade no surgimento das metrópoles brasileiras. In: SEVCENKO, Nicolai (org.). História da vida privada no Brasil - República: da belle epoque a era do rádio. São Paulo: Companhia das letras, 1998, p. 131-214.
MINAS GERAIS. Regulamento da Instrucção Primaria e Normal do Estado de Minas. Belo Horizonte, MG: Imprensa Official do Estado de Minas Gerais, 1906.
MINAS GERAIS. Recenseamento de 1912. Belo Horizonte: MG: Imprensa Official do Estado de Minas Gerais, 1912.
MINAS GERAES. Secretaria do Interior. Abaixo- assinado moradores Colônia Agrícola Afonso Pena. Relatórios de inspeção técnica. Arquivo Público Mineiro, SI 3358, 1912.
NASCIMENTO, Nilo; KRAJEWSKI, Jean-Luc; BRITTO, Ana Lucia. Águas urbanas e urbanismo na passagem do século 19 ao século XX. Revista UFMG, v. 20, n. 1, 2013, p. 102-133.
NICACIO, Karina; MYRHA, Paula. Demandas por ensino na cidade republicana: Belo Horizonte 1887-1924. CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 8 2015. Anais ... Maringá: Sociedade Brasileira de História da Educação, 2015.
PAULA, João Antonio; MONTE_MOR, Roberto. Processo histórico: três invenções da história de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 2004.
PETERSON, Paul. Urban politics and changing schools. In: GOODESOW, Ronald; RAVITCH, Diane (ed.). School in the cities: consensus and conflits in american educational history. New York: Hobes & Meier, 1983, p. 223-249.
RAMINELLI, Ronald. História urbana. In: CARDOSO, Ciro; VAINFAS, Ronaldo. Domínios da história. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
RODRIGUES, Maysa. Sob o céu de outra pátria: imigrantes e educação em Juiz de Fora e Belo Horizonte, Minas Gerais (1888-1912). Belo Horizonte: UFMG, 2009. 346f. Tese (doutorado em Educação). Universidade Federal de Minas Gerais.
SACK, Robert. Human territoriality: its theory, and history. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.
SENNET, Richard. Carne e pedra. Rio de Janeiro: Best bolso, 2008.
VAGO, Tarcisio Mauro. Cultura escolar, cultivo dos corpos: educação física e ginástica como práticas constitutivas dos corpos de crianças no ensino público primário de Belo Horizonte. Bragança: São Francisco, 2002.
VEIGA, Cynthia. Cidadania e educação na trama da cidade: a construção de Belo Horizonte em fins do século 19. Bragança Paulista: USF, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
História da Educação utiliza como base para transferência de direitos a licença CreativeCommons BY (creativecommons.org) para periódicos de acesso aberto - Open ArchivesIniciative (OAI), categoria greenroad.
Por acesso aberto entende-se a disponibilização gratuita na Internet, para que os usuários possam ler, fazer download, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar o texto integral dos documentos, processá-los para indexação, utilizá-los como dados de entrada de programas para softwares, ou usá-los para qualquer outro propósito legal, sem barreira financeira, legal ou técnica.
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença CreativeCommonsAttribution, que permite o compartilhamento do texto com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.