Pensar o homem como corpo: a cunhagem Simbólica em Portugal e Espanha (século 19) - Thinking man as body: symbolic coinage in Portugal and Spain (19th century)

Autores

  • José Viegas Brás Universidade Lusófona de Humanidade e TEcnologias
  • Maria Leal Gonçalves Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
  • José Hernandez Dias, Portugal Universidade de Salamanca

Palavras-chave:

corpo, história, manuais, civilidade.

Resumo

Neste artigo investigamos a construção do corpo pelos manuais de civilidade publicados em Portugal e em Espanha no século 19. Os manuais de civilidade constituíram um mecanismo de poder-saber disciplinador da burguesia em ascensão eque marcaram certo processo de subjectivação. A partir do corpo estabeleceu-se uma nova ordem, que elevou o orgânico ao funcional e simbólico, em sintonia com a classe burguesa em ascensão, e que buscou orientar cada indivíduo a constituir-se como um sujeito moral, dando-lhe distinção e prestígio.

Palavras-chave: corpo, história, manuais, civilidade.


THINKING MAN AS BODY: SYMBOLIC COINAGE IN PORTUGAL AND SPAIN (19TH CENTURY)

Abstract

In this paper, we study the construction of the body through civility course books published in Portugaland Spainin the 19th century. The civility course books were a mechanism of power-knowledge relationship disciplinary of the rising bourgeoisie which un le as he da certain process of subjectivity. From the body a new order was set up, which raised the organic to functional and symbolic-in line with the growing bourgeois class-and guide de ach individual to establish him/herself as a moral subject, giving him/her distinction and prestige.

Key-words: body, history, manuals, civility.


PENSANDO EN EL HOMBRE COMO CUERPO: INVENCIÓN SIMBÓLICAEN PORTUGAL Y ESPAÑA (SIGLO 19)

Resumen

En este trabajo, investigamos la construcción del cuerpo a través de los manuales de civilidad publicado en Portugal y en España en el siglo 19. Los manuales de civilidad eran un mecanismo de poder-saber disciplinador de la burguesía naciente que marcaron cierto proceso de subjetividad. Partiendo del cuerpo, si establece un nuevo orden que eleva el orgánico al funcional y simbólico, según la naciente burguesía, y que guío a cada individuo para constituirse como sujeto moral, dándole prestigio y distinción.

Palabras-clave: cuerpo, historia, manuales, civilidad.


PENSER L'HOMME COMME CORPS:ESTAMPAGE SYMBOLIQUE AU PORTUGAL ET EN ESPAGNE (19EME SIECLE)

Résumé

Dans cet article, nous étudions la construction du corps par les manuels de civilité publiés au Portugal et en Espagne au 19e siècle. Les manuels de civilité ont été un mécanisme de pouvoir-savoir pour discipliner la bourgeoisie montante, lesquels ont marqué certain processus de subjectivation. A partir du corps on a établi un  nouvel ordre qui a  élevé l'organique au fonctionnel et symbolique, d’après la classe bourgeoise en montée, et qui a orienté chaque individu à se constituer lui-même comme un sujet moral, en lui donnant de la distinction et du prestige.

Mots-clé: corps, histoire, manuels, civilité.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

José Viegas Brás, Universidade Lusófona de Humanidade e TEcnologias

José Viegas Brás é Professor e Investigador da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Doutor em História da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. Co-editor da Revista Lusófona de Educação. Autor de diversos artigos nas áreas de História da Educação, Ética, Educação Física e Desporto em revistas nacionais e internacionais.

Maria Leal Gonçalves, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Maria Neves Gonçalves é Professora e Investigadora do CeiEF da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Doutora em História da Educação pela Universidade de Évora. Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Co-editora da Revista Lusófona de Educação. Autora de obras e artigos na área das Ciências da Educação e da História da Educação.

José Hernandez Dias, Portugal, Universidade de Salamanca

José María Hernández Díaz é Catedrático de História de Educação da Universidade de Salamanca. E foi decano da Faculdade de Educação da Universidade de Salamanca de 1995 a 2003. Foi vice-reitor de 2003 a 2007. É director da revista Historia de la educación, desde 1982. É autor de uma vasta obra sobre História da Educação.

Referências

ADÃO, Aurea. Estado absoluto e ensino das primeiras letras: as escolas régias (1772-1794). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1997.

AGACINSKI, Sylviane. Política dos sexos. Oeiras: Celta, 1999.

AGOSTINHO, José. A civilidade. Porto: António Figueirinha, [1899?].

ALFERES, Valentim. Encenações e comportamentos sexuais. Porto: Afrontamento, 1997.

ALMEIDA, Miguel Vale. Senhores de si. Lisboa: Fim de Século, 2000.

AURORA, C. de. Código de civilidade e costumes de bom tom. Lisboa: Henrique Zeferino, 1894.

BIBLIOTECA NACIONAL. Novo manual de civilidade ou regras necessárias para qualquer pessoa poder frequentar a boa sociedade. Lisboa: Tip. Universal, 1883.

BAPTISTA, António Maria. Civilidade. Lisboa: David Corazz, 1886.

BOLUFER, Peruga. Ciencia del mundo: concepto y prácticas de la civilidad en la España del siglo 18. Valencia: Universitat de Valencia, 2002.

BORGES, Anselmo. Corpo e transcendência. Coimbra: Almedina, 2001.

BOURDIEU, Pierre. Conferência do prémio Goffman: a dominação masculina revisitada. In: LINS, Daniel (org.). A dominação revisitada. São Paulo: Papirus, 1998, p. 11-27.

BRÁS, José Viegas. A fabricação curricular da educação física: história de uma disciplina desde o Antigo Regime até a I República. Lisboa: FPCE, 2006. 696f. Tese (doutorado em Educação). Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.

BRÁS, José Viegas. A higiene e o governo das almas: o despertar de uma nova relação. Revista Lusófona de Educação, n. 12, 2008, p. 113-138.

BRAUDEL, Ferdinand. História e ciências sociais. Lisboa: Presença, 1992.

BRETON, André. Anthropologie du corps et modernité. Paris: Presses Universitaires de France, 2006.

GALVAN, Mariano. Catecismo de urbanidad civil y cristiana. Mexico: Imprenta de Santiago, 1843.

CANGUILHEM, Georges. Le normal et le pathologique. Paris: Presses Universitaires de France, 1966.

CATECISMO de moral, virtud y urbanidad. Biblioteca de la juventud. (s/A). Murguía, 1885.

CAVALHEIRO. Manual de civilidade e etiqueta: para uso da mocidade portugueza e brasileira. Lisboa: Socidade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, 1845.

CORTADA, D. Juan. La educación social: tratado completo de cortesanía. Barcelona: Libraría de Juan Bastinos e Hijo, 1868.

CRESPO, Jorge. A história do corpo. Lisboa: Difel, 1990.

DUERR, Hans Peter. A nudez e o pudor. Lisboa: Notícias, 2002.

ELIAS, Norbert. O processo civilizacional. Lisboa: Dom Quixote, 1990.

ELIAS, Norbert. A Génese do desporto: um problema sociológico. In: ELIAS, Norbert (org.). A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1992, p. 187-220.

FERREIRA, João Maria Baptista. Compêndio elementar de civilidade. Lisboa: Tip. Universal, 1897.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Lisboa: Relógio D´Água, 1984.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade II: o cuidado de si. Lisboa: Relógio D’ Água, 1994.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1996.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1987.

GELLNER, Ernest. Nações e nacionalismo. Lisboa: Gradiva, 1993.

GIDDENS, Antony. Transformações da intimidade. Oeiras: Celta,1996.

GUEREÑA, José. La transmission des codes sociaux dans l’espace scolaire en Espagne au 19 ème siècle. Romantisme, n. 96, 1997, p. 51-58.

LARANJEIRA. Ana Rita. Não és homem não és nada: masculinidade e comportamento de risco. In: AMÂNCIO, Lígia (org.). Aprender a ser homem. Lisboa: Livros Horizonte, 2004, p. 51-73.

LEFRANC, George. História do trabalho e dos trabalhadores. Odivelas: Europress, 1988

LOURO, Guacira Lopes. Prefácio. In: COUTO, Edvaldo et al (org.). O triunfo do corpo. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 11-13.

M. B. C. Manual abreviado de civilidade. Porto: em casa de Cruz Coutinho, 1862.

MELO, Carreira. Compêndio de civilidade. Lisboa: Tip. Universal de Thomaz Quintino Antunes, 1878.

MIRANDA, Ojeda. Los manuales de buenas costumbres: los principios de la urbanidad en la ciudad de Mérida durante el siglo 19. Takwá, n. 11-12, 2007, p. 131-155.

O´NEILL, John. Five bodies. USA: Cornell University Press, 1985.

SANTIAGO, Delegado de Jesús y María. Catecismo de urbanidad civil y cristiana. Madrid: Imprenta de Collado, 1817.

PEREZ, Benito. La cortesanía: nuevo manual práctico de urbanidad. Barcelona: Imprenta de D. José Pifreres, 1850.

PONTY-MERLEAU, Merleau. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

SANTOS, Maria Lourdes Lima. Para uma sociologia da cultura burguesa em Portugal no séc. 19. Lisboa: Presença, 1983.

SARTRE, Jean Paul. O ser e o nada. Petrópolis: Vozes, 2001.

SAVATER, Fernando. O valor de educar. Lisboa: Presença, 1997.

SHILLINGS, Chris. The body and social theory. London: Sage, 1993.

TURNER, Bryan. Regulating bodies. London: Routledge, 1992.

VIGARELLO, Georges. O limpo e o sujo. Lisboa: Fragmentos, 1985.

VISSER, Margaret. O ritual do jantar: as origens, evolução, excentricidades e significados das boas maneiras àmesa. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

Downloads

Publicado

2014-04-17

Como Citar

Brás, J. V., Gonçalves, M. L., & Dias, Portugal, J. H. (2014). Pensar o homem como corpo: a cunhagem Simbólica em Portugal e Espanha (século 19) - Thinking man as body: symbolic coinage in Portugal and Spain (19th century). Revista História Da Educação, 18(43), 109–126. Recuperado de https://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/article/view/42374

Edição

Seção

Artigo / Article / Artículo