Chamada para envio de submissões para o dossiê temático VERTIGEM da Revista-Valise (Qualis A3)
Fui tomado de vertigens e fiquei muito fraco. Balbuciava como um fantasma.
Enquanto se lê o livro A queda do céu de Davi Kopenawa e Bruce Albert (2020, p. 399), essa frase abre um vão na narrativa e nos faz pensar que essa sensação de vertigem também é algo que nos inclui, pertencendo-nos de muitos modos. A vertigem – que podemos pensar como o primeiro momento resultante dessa queda que nos atinge – assinala o inesperado e o insuspeitado. Os desafios da contemporaneidade nos colocam em constante estado de vertigem, expondo-nos a experiências de arrebatamento, como também de choque; de diminuições e acréscimos, mudanças de estado que inseparavelmente se imbricam.
A vertigem tem como ponto de partida os interstícios que ocorrem entre eventos, emoções e apreensões. Resulta da mudança drástica dos referenciais físicos e mentais que um corpo tenta conservar, desafiando-nos na produção de interpretações. É no momento quando não apreendemos o que nos atinge que nos encontramos em vertigem e tal perda de referenciais subtrai nosso equilíbrio, nossas certezas e modifica o que achávamos saber.
A arte pode nos proporcionar a experiência da vertigem, afetando a vivência e a percepção do mundo de maneira radical, ao fazer emergir de áreas antes previsíveis, navegáveis ou controláveis plataformas outras de desconhecimento que desafiam o óbvio. A interpelação surge: a vertigem é produtiva ou é meramente destrutiva? Apenas o prelúdio de uma queda ou é possível, a partir dela, encontrar maneiras distintas de se dispor no mundo? Ao destruir o caminho, o trajeto que parecia tão óbvio, apenas nos suspende ou nos propõe recalcular a rota?
Podemos pensar a vertigem na arte como uma faixa de Möbius. A qualquer momento, em qualquer ponto, se está simultaneamente dentro e fora dela. Não se chega a lugar nenhum, e no entanto, está-se em todo lugar… ou seria o contrário?
A Equipe Editorial da Revista-Valise lança o convite para a nova chamada da edição v. 15, n. 1 e para o envio de submissões no campo das Artes Visuais e áreas afins: artigos, ensaios visuais, entrevistas e traduções para o dossiê especial cujo tema é VERTIGEM, a ser publicado até junho de 2025.
O prazo para o recebimento dos respectivos envios será de 3 de fevereiro de 2025 – quando ocorrerá a abertura do fluxo em nosso sistema Seer para recebimento de submissões – até 14 de março de 2025. As submissões deverão possuir aderência ao dossiê temático e às linhas editoriais História, Teoria e Crítica de Arte, Poéticas Visuais e Arte: interlocuções e contaminações, bem como seguir rigorosamente as diretrizes para autores e o modelo de meta-artigo, podendo ser acessados pelo link: https://linktr.ee/revistavalise.
Submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas às autorias.