Pacientes Trans e Cuidado Multiprofissional em Centros de Atendimento Psicossocial
DOI:
https://doi.org/10.22456/2238-152X.105552Palavras-chave:
Pessoas trans, Centros de Atenção Psicossocial, Assistência à saúde.Resumo
Considerando a discriminação social contra pessoas trans como um determinante para o sofrimento psíquico, este trabalho objetiva analisar a assistência à saúde mental da população trans em dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de uma capital brasileira. Entrevistas com nove trabalhadores da equipe multiprofissional possibilitaram identificar práticas, crenças e percepções que permeiam este cuidado. A interpretação dos relatos foi pautada pela análise hermenêutico-dialética. Identifica-se que, mesmo as equipes compreendendo as demandas de saúde mental de pacientes trans como atreladas à discriminação, à violência e à marginalização, são remanescentes compreensões arraigadas em estereótipos, tal como a de que equidade para pacientes trans implicaria privilégio. Consoante à literatura sobre acesso de pessoas trans à saúde pública, o nome social também se afirmou como prática de acolhimento fundamental, porém, insuficiente quando dissociada do maior preparo das equipes nas etapas subsequentes ao atendimento. Sugere-se que a efetividade do cuidado trilha pela garantia do processo terapêutico humanizado, considerando iniquidades sociais enfrentadas (como preconiza o Sistema Único de Saúde) por pacientes trans.
Downloads
Referências
Arán, M., Murta, D., &Lionço, T. (2009). Transexualidade e saúde pública no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 14(4), 1141-1149. doi:10.1590/S1413-81232009000400020
Bento, B. (2008). O que é transexualidade. São Paulo: Brasiliense.
Bento, B. (2017). A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência sexual. (3a. ed.). Rio de Janeiro: Garamond.
Boni, V., & Quaresma, S. J. (2005). Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Em Tese, 2(1), 68-80. doi:10.5007/%25x
Brasil, Senado Federal (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília.
Brasil, Ministério da Saúde.(1990). Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Brasília.
Brasil, Ministério da Saúde. (2008). Portaria nº 457, de 19 de agosto de 2008. Brasília. Recuperado de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2008/prt0457_19_08_2008.html
Brasil, Ministério da Saúde. (2012a). Carta dos direitos dos usuários de saúde. Brasília. Recuperado de http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Carta5.pdf
Brasil, Ministério da Saúde. (2012b). Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília. Recuperado de https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html
Brasil, Ministério da Saúde. (2013). Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Brasília. Recuperado de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf
Brasil, Ministério da Saúde. (2013). Portaria nº 2.803, de 19 de novembro de 2013. Brasília. Recuperado de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2803_19_11_2013.html
Corrêa, F. H. M., Rodrigues, B. B., Mendonça, J. C., & Cruz, L. R. D. (2020). Pensamento suicida entre a população transgênero: um estudo epidemiológico. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 69(1), 13-22. doi:10.1590/0047-2085000000256
Davis, D. (2009). Transgender issues in the workplace: HRD's newest challenge/opportunity. Advances in Developing Human Resources, 11(1), 109-120. doi:10.1177/1523422308329189
Glaser B. G., & Strauss A. L. (1967). The discovery of grounded theory: strategies for qualitative research. New York: Aldine de Gruyter.
Lionço, T. (2008). Que direito à saúde para a população GLBT? Considerando direitos humanos, sexuais e reprodutivos em busca da integralidade e da eqüidade. Saúde e sociedade, 17(2), 11-21. doi:10.1590/S0104-12902008000200003
Mello, L., Perilo, M., Braz, C. A. D., & Pedrosa, C. (2011). Políticas de saúde para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no Brasil: em busca de universalidade, integralidade e equidade. Sexualidad, Salud y Sociedad, (9), 7-28. doi:10.1590/S1984-64872011000400002
Minayo, M. C. S. (2002). Hermenêutica-dialética como caminho do pensamento social. In: M. C. S. Minayo& S. F. Deslandes (Orgs.), Caminhos do pensamento: epistemologia e método (pp. 106-139). Rio de Janeiro, Brasil: Fiocruz.
Muller, M. I., &Knauth, D. R. (2008). Desigualdades no SUS: o caso do atendimento às travestis é ‘babado’!. Cadernos Ebape.BR, 6(2), 1-14. doi:10.1590/S1679-39512008000200002
Namaste, V. (2006). Transsexual, transgender, and queer: Interview with Viviane Namaste. In Seidman, S., Fischer, N., Meeks, C. (Eds.), Handbook of the new sexuality studies (pp. 193-200). New York, NY: Routledge.
Oliveira, I. D., & Romanini, M. (2020). (Re)escrevendo roteiros (in)visíveis: a trajetória de mulheres transgênero nas políticas públicas de saúde. Saúde e Sociedade, 29, e170961. doi:10.1590/S0104-12902020170961
Rocon, P. C., Wandekoken, K. D., Barros, M. E. B. D., Duarte, M. J. O., & Sodré, F. (2020). Acesso à saúde pela população trans no Brasil: nas entrelinhas da revisão integrativa. Trabalho, Educação e Saúde, 18(1), 1-18. doi:10.1590/1981-7746-sol00234
Rocon, P. C., Rodrigues, A., Zamboni, J., &Pedrini, M. D. (2016). Dificuldades vividas por pessoas trans no acesso ao Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 21, 2517-2526. doi:10.1590/1413-81232015218.14362015
Rocon, P. C., Sodré, F., Zamboni, J., Rodrigues, A., & Roseiro, M. C. F. B. (2018). O que esperam pessoas trans do Sistema Único de Saúde?. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 22(64), 43-53. doi:10.1590/1807-57622016.0712
Santos, A. B. D., Shimizu, H. E., &Merchan-Hamann, E. (2014). Processo de formação das representações sociais sobre transexualidade dos profissionais de saúde: possíveis caminhos para superação do preconceito. Ciência & Saúde Coletiva, 19, 4545-4554. doi:10.1590/1413-812320141911.15702013
Sehnem, G. D., Rodrigues, R. L., Lipinski, J. M., Vasquez, M. E. D., & Schmidt, A. (2017). Assistência em saúde às travestis na atenção primária: do acesso ao atendimento. Rev. enferm. UFPE online, 11(4), 1676-1684. doi:10.5205/reuol.9763-85423-1-SM.1104201716
Soich, M. (2019). A exclusão começa em casa: análise crítica da construção da representação discursiva da identidade de gênero trans em relação à família e a outros atores sociais. Cadernos de Linguagem e Sociedade, 20(1), 173–200. doi:10.26512/les.v20i1.11184
Tenório, F. (2002). Reforma psiquiátrica brasileira, da década de 1980 aos dias atuais: História e conceitos. História, Ciência, Saúde, 9(1), 25-59. doi:10.1590/S0104-59702002000100003
Thanem, T., &Wallenberg, L. (2014). Just doing gender?Transvestism and the power of undergoing gender in everyday life and work. Organization, 23(2), 250-271.doi:10.1177/1350508414547559
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
IMPORTANTE: a carta de declaração de direitos deverá ser submetida como documento suplementar.