DE VÍTIMAS A INDICIADOS, UM PROCESSO DE PONTA-CABEÇA: SURUÍ AIKEWÁRA VERSUS DIVINO ETERNO - LAUDO ANTROPOLÓGICO

Autores

  • Jane felipe Beltrão UFPA
  • Luiza de Nazaré Mastop-Lima UFPA
  • Hélio Luiz Fonseca Moreira UFPA

DOI:

https://doi.org/10.22456/1982-6524.7175

Palavras-chave:

Suruí Aikewára, Etnologia indígena, conflitos interétnicos, laudo antropológico.

Resumo

Após 30 anos de incômoda convivência com a estrada estadual, antes conhecida como OP–2, posteriormente PA–253 e hoje BR–153, aberta pelo exército brasileiro à época da Guerrilha do Araguaia, os Suruí Aikewára conseguiram com auxílio da Procuradoria da República estabelecer, mediante laudo antropológico e estudos de impacto ambiental, “acordo” com o Governo do Estado do Pará para mitigar o impacto da rodovia. Entretanto, as cláusulas da negociação não vêm sendo cumpridas, fato que gera descontentamento entre os índios. Os Suruí, premidos pelos problemas causados pela rodovia, não possuem outro recurso que “entupedinir” (obstruir) a rodovia, vez por outra, para chamar atenção das autoridades. À última manifestação de descontentamento em março de 2003, provocada pela descoberta de mais um cadáver “despejado” em suas terras, o caminhoneiro de nome Divino Eterno ultrapassou os obstáculos e atirou o veículo sobre os jovens Suruí que guarneciam a obstrução da rodovia. Na defesa de seu território e na ausência de autoridades constituídas, os guerreiros retiveram o veículo, o motorista e a mulher que o acompanhava. Depois de algum tempo, a “liberação” dos retidos e do veículo pelos representantes do órgão tutelar, à revelia dos Suruí, possibilitou que, liberado, Divino Eterno oferecesse queixa, na delegacia de São Geraldo do Araguaia, contra três Suruí Aikewára. A ação dos representantes da FUNAI gerou um processo de ponta-cabeça, posto que de vítimas (agredidos) os Suruí passaram a indiciados (agressores).

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Biografia do Autor

Jane felipe Beltrão, UFPA

Antropóloga e historiadora, pesquisadora do CNPq, mestre em Antropologia pela Universidade de Brasília e doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas em 1999. Atualmente é Professor associado I doutor junto a Universidade Federal do Pará e membro de diversas sociedades científicas. Publica com regularidade em periódicos nacionais, além de ter expressiva publicação em livros. Forma e orienta novos profissionais nas áreas de antropologia, direito e saúde. Coordena projetos de pesquisa de perfil multidisciplinar com ênfase na área de Antropologia e História entre grupos sociais indígenas e não-indígenas dialogando a partir da saúde e da doença, de gênero e etnicidade, educação e cidadania, direitos humanos e étnicos. Interage com outros profissionais com quem publica sistematicamente, inclusive, textos didáticos para utilização em cursos de formação de professores e para o quotidiano escolar. Trabalha com patrimônio histórico e antropológico, especialmente com coleções etnográficas e elaboração de vistorias e laudos antropológicos.

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Publicado

2008-12-31

Como Citar

BELTRÃO, J. felipe; MASTOP-LIMA, L. de N.; MOREIRA, H. L. F. DE VÍTIMAS A INDICIADOS, UM PROCESSO DE PONTA-CABEÇA: SURUÍ AIKEWÁRA VERSUS DIVINO ETERNO - LAUDO ANTROPOLÓGICO. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 2, n. 2, p. 194, 2008. DOI: 10.22456/1982-6524.7175. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/EspacoAmerindio/article/view/7175. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

RELATÓRIOS