A DANÇA E O XAMANISMO: OS PROCESSOS EDUCATIVOS MITO-RITUALÍSTICO DO COTIDIANO GUARANI

Autores

  • Ana Luisa Menezes Universidade de Santa Cruz do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22456/1982-6524.4686

Palavras-chave:

Dança Guarani, Mito, Rito, Xamanismo e Educação

Resumo

Este artigo busca desenvolver uma reflexão sobre a dança Guarani e o xamanismo, enfocando os aspectos mitológicos e ritualísticos dentro de um processo educativo e cotidiano. Na dança, a consciência da coletividade é vivenciada através do pensamento e do sentimento. A vivência provocada pelo coletivo na dança pode ser traduzida como nhandereté, corpo de todos, como divina e produtora de alegria. Nas intempéries do cotidiano, o Guarani produz beleza e alegria, porque são a expressão de suas identidades divinas. Através de conversas e depoimentos com os jovens Guaranis, buscou-se enfocar as elaborações feitas por estes, do conhecimento mitológico e da vivência cotidiana.O rito cumpre uma função vivificadora do mito e estes dois aspectos são percebidos como entrelaçados à dança e à Opy. Todos estes aspectos são vividos pelos jovens e adultos de uma forma muito inquietante que os levam à um movimento permanente de indagações, buscas e redefinições. Dentro desse processo, a Opy, o Karaí e a dança são destacadas como fundantes da cultura Guarani e servem como pontos de estabilização dentro de um cotidiano tão dinâmico. A dança, enquanto rito, transporta os Guaranis a um tempo de reconhecimento de suas identidades, de um ritmo de vida. O rito Guarani está ligado a uma estrutura profunda de organização coletiva emocional, dentro de uma função vital, de elevação espiritual e uma integração ao seu sistema de pertença. Para os Guaranis, Nhanderú ensinou a dança e mandou dançar a dança. Esta surge de uma percepção mitológica e o seu surgimento confunde-se com a própria existência Guarani. A espiritualidade nasce de uma relação vital, de movimento.A educação xamânica é apreendida pelos sentidos. A noção principal de conhecimento é o Arandurekó, conhecimento que se aprende ao longo da vida, num tempo-ritmo próprio. A dança-rito possibilita a conexão entre corpo e espírito, proporcionando uma escuta sensível dos gestos, das doenças, dos comportamentos como espaços reflexivos de aprendizagem. Pôr-se em movimento, no contexto ritualístico xamânico Guarani, estimula o transe, um estado alterado de percepção, como um fluir na mente, que permite que as imagens e os sentidos aflorem, estimulando um processo de aprendizagem vivencial e reflexivo. A educação de cada Guarani é permitir e favorecer esta conexão processual. Para isso, é exigido um esforço de toda uma vida, uma formação e também uma perseverança que muitos jovens almejam ter.

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Biografia do Autor

Ana Luisa Menezes, Universidade de Santa Cruz do Sul

Graduação em Psicologia na UFC Mestrado em Psicologia Social -PUC/RS Doutorado em Educação -UFRGS Professora de Psicologia -UNISC

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Publicado

2008-06-29

Como Citar

MENEZES, A. L. A DANÇA E O XAMANISMO: OS PROCESSOS EDUCATIVOS MITO-RITUALÍSTICO DO COTIDIANO GUARANI. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 2, n. 1, p. 111, 2008. DOI: 10.22456/1982-6524.4686. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/EspacoAmerindio/article/view/4686. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS