RETORNOS E RETOMADAS PATAXÓ HÃHÃHÃI
NOTAS ETNOGRÁFICAS DESDE O SUL DA BAHIA
DOI:
https://doi.org/10.22456/1982-6524.137472Resumo
Descrever a mobilização do povo Pataxó Hãhãhãi para reunir o povo e retomar o território tradicional, localizado no sul da Bahia, é o principal objetivo deste artigo. Para tanto, elegi a trajetória de uma família do povo durante a dispersão ocasionada pela invasão da Terra Indígena Caramuru-Paraguassu, localizada entre os municípios de Itaju do Colônia, Pau Brasil e Camacã, para compreender as dinâmicas de localização das pessoas. Através de uma concepção que interpreta a dispersão como “esparramamento” ou “viver esparramado”, os Pataxó Hãhãhãi reconstituíram através de regimes de memória o período em que viveram alijados do território, as engrenagens para reunir as pessoas e efetivar as retomadas de terras. Organizada em quatro ciclos de retomadas, a luta pela terra Pataxó Hãhãhãi durou 30 anos até a expulsão do último invasor. Este artigo, que tratará especificamente da dispersão de uma família e do II ciclo de retomadas (1997-2000), é fruto de uma etnografia que primou pelo registro narrativo da relação do povo com a terra, e a luta para reavê-la.