“EU QUERIA ESTAR NA ALDEIA, MAS TEM QUE SAIR DE LÁ JUSTAMENTE PORQUE É PARA GARANTIR ESSES ESPAÇOS QUE NÓS TEMOS HOJE”
OS INDÍGENAS URBANOS E EM CONTEXTO URBANO NA CIDADE DE OIAPOQUE, AMAPÁ
Resumo
Na cidade amapaense de Oiapoque, a 592 Km de Macapá, na fronteira internacional com a Guiana Francesa, observa-se a presença das comunidades indígenas Palikur, Galibi Marworno, Karipuna e Galibi Kalinã, as quais vivem entre as terras indígenas brasileiras e municípios franceses, usando a cidade de Oiapoque como passagem para ambos pontos referenciais, e também estabelecem-se nela, sobretudo pela busca de renda, saúde e educação públicas de qualidade, constituindo no meio urbano suas estratégias de vida e visando estabilidade e melhores condições, não alcançadas em sua plenitude nas aldeias. Utilizando procedimentos etnográficos, a partir de entrevistas semiestruturadas com indígenas moradores da cidade de Oiapoque e pesquisas bibliográficas sobre a presença indígena em zonas urbanas do Brasil e em países da América do Sul, o presente artigo propõe uma análise a respeito das motivações dos indígenas em fixar-se ou manter-se em constante mobilidade nas áreas urbanas, suas vivências cotidianas, e como estes utilizam das redes de sociabilidade com instituições e parentes étnicos que vivem nas aldeias, visando o processo cotidiano de manutenção da vida em espaços urbanos.