A desterritorialização dos saberes e fazeres antropológicos e o desentendimento no corpo de verdade da letra
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9325Resumo
O tema da desterritorialização/descolonização dos saberes e fazeres antropológicos pela via da crítica ao estatuto da escrita na construção da representação etnográfica e dos processos de mundialização, vem engendrando ao longo das ultimas décadas o debate acerca da ética do antropólogo diante da diversidade cultural. Instrumento de poder ou via real do saber adotamos com J. Rancière o ponto de vista segundo o qual o ato da escrita é ato de partilha do sensível (modos do fazer, modos do ser e do dizer) para refletir sobre as condições que cercam a etnografia como texto. Com isto a intenção é recolocar alguns dos dilemas que vive a Antropologia em termos das possibilidades da escrita etnográfica configurar-se como uma partilha do sensível entre os próprios antropólogos.
Segundo postula J. Rancière, mais do que a partilha de um saber objetivo ancorado no estatuto de uma linguagem de "verdade" que emana da letra, órfã, a partilha do sensível é lugar desde onde o inteligível se apresenta, não mais o inteligível como o entendimento recortando os objetos, mas como parte do comum de sentido construído por uma comunidade. Interessa-nos neste artigo pensar o comum de sentido que os próprios antropólogos atribuem ao lugar da escrita para a produção de seus saberes e fazeres. Em especial, ao se colocar as diferenças da etnografia fora do trabalho de campo e no interior do corpo da letra, descobrimos que a escrita antropológica é coisa política porque recoloca o diálogo entre civilizações nos termos das relações entre, por um lado, um conjunto comum partilhado de saberes e, por outro, a sua divisão em partes exclusivas (saberes tradicionais/saberes científicos, o que pertence ao “nativo”/o que pertence ao etnógrafo).
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