A imagem de si e do outro, entre a identidade e a globalização

Autores

  • Ana Luiza Carvalho da Rocha BIEV - PPGAS - UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.9267

Resumo

Gostaria de introduzir o tema da Identidade, no início de minha apresentação, diretamente no interior do debate da Globalização uma vez que considero que este fenômeno remete, hoje, em suas múltiplas feições, ao tema, já clássico nas ciências humanas, da crise da civilização. Ou seja, no corpo de parte da problemática proposta por esta Oficina (Psicanálise e campos de cultura: identidades e diferenças, o tema da Identidade contempla as diferentes formas adotadas pelo mundo ocidental para pensar a própria imagem que as nossas sociedades complexas, moderno-contemporâneas, veiculam de si mesmas. Alguns estudos recentes sobre globalização tem, inúmeras vezes, insistido sobre o problema da interpretação/tradução das culturas pela cultura de consumo como elemento chave para a compreensão tanto das raízes e conseqüências que o processo globalizador provoca no curso dos parâmetros da condição humana atual. quanto para os resíduos de sentido que escapa a sua tendência de promover a unificação do globo.

 

Em muitos destes estudos, a “globalização” desponta como um destino irremediável das culturas, um processo irreversível e violento, indicando, como causas e conseqüências sociais deste fenômeno, a presença da incomunicabilidade da experiência do outro (individual ou coletivo) no interior de um processo globalizador, ao mesmo tempo, que informando a unidade de efeitos que provoca sobre as economias, políticas, estruturas sociais e percepções de tempo e espaço locais. No entanto, para os antropólogos que atuam, nos dias de hoje, no interior das sociedades moderno-contemporâneas, o fenômeno indesejado e cruel da globalização adquire outros contornos, bem mais complexos. Pesquisando processos de fixação no tempo e no espaço dos grupos humanos, à revelia do processo globalizador, nós antropólogos reavaliamos o emprego do próprio conceito de Identidade que, num mundo pós-colonial, não pode ser pensado senão no corpo de conteúdos culturais profundamente heterogêneos. Ao mesmo tempo, damo-nos conta da vizinhança de processos de localização e dos processos de globalização que o impõem, ao antropólogo, o desafio de pensar os conjuntos das sociedades humanas para além de sua dispersão no tempo e no espaço.

 

Portanto, o debate em torno da controvérsia da condição contemporânea de nossa civilização - dedicada a explorar, ao mesmo tempo, o movimento de construção/consolidação de identidades e os processos de globalização - merece destaque, principalmente no âmbito de XXIII Congresso Latino-americano de Psicanálise, com referência ao VI Simpósio Internacional de Mitos como nos mostra o folder de divulgação do evento. Uma das razões para isso é que a tendência a exclusão e a fragmentação, no interior do fenômeno da globalização, percorre o nosso tempo, criando diferenças de sexos, diferenças étnicas, diferenças culturais, diferenças regionais, diferenças nacionais. Num mundo saturado de hibridismo culturais, o tema da Diferença sinaliza para o debate em torno da autênticidade, do Idêntico e do Mesmo (e das suas propriedades), no plano dos conteúdos culturais, isto é, do que lhes é próprio.

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Biografia do Autor

Ana Luiza Carvalho da Rocha, BIEV - PPGAS - UFRGS

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Publicado

2007-12-03

Como Citar

ROCHA, A. L. C. da. A imagem de si e do outro, entre a identidade e a globalização. ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 8, n. 18, 2007. DOI: 10.22456/1984-1191.9267. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/9267. Acesso em: 19 abr. 2024.