A narrativa e a captura do movimento da vida vivida
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9184Resumo
Aproximar a tradição de pesquisa em torno da cultura oral, inaugurada por estudiosos do folclore popular, dos estudos clássicos sobre narrativa no âmbito das sociedades complexas moderno-contemporâneas é um desafio, pois ela pode gerar constrangimentos epistemológicos e metodológicos para ambos os campos de conhecimento em termos das possíveis tensões paradigmáticas que podem vir a ser pontuada, como por exemplo, a irredutibilidade das diferentes tradições de pensamento, oral e escrito, que orientam a conformação de tais estudos.
Ao provocar o confronto dessas tradições na formação do pensamento antropológico nos nossos estudos sobre memórias coletivas e itinerários urbanos em Porto Alegre e outras cidades do Estado do Rio Grande do Sul, temos a intenção, mesmo que modesta, de contribuir para a compreensão das próprias fronteiras do conhecimento antropológico naquilo que o constitui, ou seja, o “lugar” atópico no interior do qual se inscreve o próprio trabalho de campo do antropólogo em sua intenção de compreender as formas de viver e de pensar de indivíduos e/ou grupos nas modernas sociedades complexas urbano-industriais.
Posto isso, lembremo-nos dos atos de leitura e de escrita, silenciosos e individuais, que a nossa própria tradição letrada exige para a formalização conceitual e teórica dos saberes e dos fazeres antropológicos acadêmicos. Ambos são convites para se pensar a figura do antropólogo como um certo tipo de narrador e, precisamente por essa razão, herdeiro de uma certa comunidade lingüística, ela própria uma comunidade de vida.
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