Artes de Intervenção, Inventar Cidades

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.112374

Palavras-chave:

Arte contemporânea, Cidade, Micropolíticas, Invenção, Cartografia

Resumo

Habitamos a cidade que nos habita, atravessamos a cidade que nos atravessa. Com interesse sobretudo na resistência pelos afetos e nas micropolíticas acionadas pelo desejo e pelo que nos faz querer viver, partimos em pesquisa-expedição, no encontro da arte contemporânea com a cartografia. Como pesquisar e intervir pode ativar experiências estéticas, com diferentes espaços-tempos da cidade e da universidade? Esta questão norteia as ações realizadas pelo Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR), entre elas: ConversAções na Praia do Vizinho e Micropolítica e Revolução, apresentadas neste trabalho. Movimentar as artes e a universidade com o cotidiano urbano demanda a invenção de modos de fazer-saber. As questões da cidade instigam conversas e encontros com as ruas; revolução, utopia e heterotopias transbordam em imagens que tomam corpo em projeções audiovisuais colaborativas, lambe, fotografia e colagens. As artes de intervenção entrelaçam-se com modos de viver e conviver, impulsionando a potência de processos coletivos e singulares em resistir e inventar cidades. 

Palavras-chave: Arte contemporânea. Cidade. Micropolíticas. Invenção. Cartografia.

 

 

ARTS OF INTERVENTION, INVENTING CITIES

 

Abstract: We inhabit the city that inhabits us, we go through the city that goes through us. Especially interested in resistance through affects, and the micropolitics activated by desire and what makes us want to live, we go on a research-expedition, where contemporary art meets cartography. How to research and intervene as a way to activate aesthetic experiences, with the different times-spaces of the city and the university? This question guides the activities of LAMUR, the Arts and Urban Micropolitics Laboratory (Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas), and among them, ConversAções at the Vizinho Beach, and Micropolitics and Revolution, presented in this work. Moving the arts and the university with urban everyday life demands inventing ways of savoir-faire. The city’s questions instigate conversations and gatherings with the streets; revolution, utopia and heterotopias overflow in images that become collaborative audiovisual projections, wheatpaste, photography and collages. The arts of interventions are entwining with ways of living and living together, propelling the potency of collective and singular processes in resisting and inventing cities.

Keywords: Contemporary art. City. Micropolitics. Invention. Cartography.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João Miguel Diógenes de Araújo Lima, Universidade Federal do Ceará

Pesquisador do Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas - LAMUR, vinculado ao Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará.

Referências

ANDRADE, L. A. B.; SILVA, E. P.; LONGO, W. P. E.; PASSOS, E. A utopia da poiesis universitária. Revista Educação Brasileira do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras - CRUB, Brasília, v. 24, n. 48 e 49, p. 61-78, 2002. Disponível em: http://www.waldimir.longo.nom.br/artigos/106.doc. Acesso em: 10 mar. 2020.

BARROS, Manoel de. Livro sobre nada. São Paulo, Alfagarra, 2016.

BASBAUM, Ricardo. Manual do Artista-etc. 1 ed. Rio de Janeiro, Beco do Azougue, 2013.

______. O artista como pesquisador. Concinnitas, Rio de Janeiro, v. 1, p. 70-76, 2006.

BRITTO, Fabiana Dultra; JACQUES, Paola Berenstein. Corpocidade: arte enquanto micro-resistência urbana. Fractal: Revista de Psicologia, Niterói, v. 21, n. 2, p. 337-350, maio/ago. 2009. Disponível em:

https://www.scielo.br/pdf/fractal/v21n2/10.pdf. Acesso em: 12 fev. 2021.

CARERI, Francesco. Walkscapes: O caminhar como prática estética. São Paulo, Editorial Gustavo Gili, 2013.

______. Caminhar e parar. Trad. Aurora Fornoni Bernardini. São Paulo, Editorial Gustavo Gili, 2017.

COSTA, Luciano Bedin da. Aos que ainda escrevem: a escrita acadêmica nos designs do neoliberalismo. Linha Mestra, Campinas, n. 33, p. 21-28, set./dez. 2017. Disponível em: https://linhamestra0033.files.wordpress.com/2018/01/03_luciano_bedin_da_costa.pdf. Acesso em: 08 mar. 2021.

COUTO, Mia. Incendiador de Caminhos. In: ______. E se Obama fosse africano? E outras intervenções. São Paulo, Companhia das Letras, 2011. p. 69-76.

DELEUZE, Gilles. Crítica e Clínica. Trad. Peter Pal Perbart. São Paulo, Editora 34, 1997.

______. O ato de criação. São Paulo, Folha de São Paulo, 1987.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia. V. 1. São Paulo, Ed. 34, 2012.

______. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia. V. 5. São Paulo, Ed. 34, 1995.

______. Mil platôs: Capitalismo e esquizofrenia. V. 3. São Paulo, Ed. 34, 1996.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Trad. Vera Casa Nova e Márcia Arbex. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2014.

DOYON, Hélène e DEMERS, Jean Pierre. Manobras: Viúvas de Caça. Revista Poiésis, Niterói, n. 13, p. 192-211, ago. 2009. Disponível em: http://www.poiesis.uff.br/PDF/poiesis13/Poiesis_13_manoeuvre.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020.

E a revolução. Intérprete: Nei Lisboa. Compositor: Nei Lisboa. Porto Alegre: Antídoto, 2001. 1 CD, faixa 8.

FAVARETTO, Celso. A invenção de Hélio Oiticica. 2. ed., 1a reimpr. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2015.

FONSECA, Tania M. G.; NASCIMENTO, Maria L. e MARASCHIN, Cleci (Orgs.). Pesquisar na diferença. Um abecedário. Porto Alegre, Editora Sulina, 2012.

FOUCAULT, Michel. As heteroropias. In: O corpo utópico; as heterotopias. São Paulo, n-1 Edições, 2013. p. 19-30.

GOMES, Maria Fabiola. Audiovisuais que inventam o bairro: o Serviluz que insiste em fazer a sua história. 2017. Monografia (Graduação em Cinema e Audiovisual) – Instituto de Cultura e Arte, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2017.

GORCZEVSKI, Deisimer e SOARES, Sabrina K. A. Ilhas que resistem: Titanzinho, em Fortaleza; Arquipélago. In: GORCZEVSKI, Deisimer (Org.). Arte que inventa afetos. 1. ed. Fortaleza, Imprensa Universitária - UFC, 2015. p. 187-202. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/15857. Acesso em: 25 fev. 2021.

GORCZEVSKI, D.; ALBUQUERQUE, A.; ARAÚJO, S. e SHIKI, C. Sobre poéticas e políticas: micro intervenções na cidade de Fortaleza. In: ENCONTRO REGIONAL DA ANPAP NORDESTE, 1; DIÁLOGOS INTERNACIONAIS EM ARTES VISUAIS, 4, 2015, Recife. Arte e Política [...]. Recife: Programa Associado de Pós-graduação em Artes Visuais UFPB/UFPE, Editora UFPE, 2015. p. 335-350. Disponível em: https://issuu.com/jmlima/docs/sobre_poeticas_politicas_-_micro_in . Acesso em: 15 jan. 2021.

GORCZEVSKI, D. e LIMA, J. M. D. de A. ConversAções: encontros entre as artes, a cidade e a universidade. Vazantes, Fortaleza, v.1 n. 2. p. 96-113, 2017. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/vazantes/article/view/20499. Acesso em: 10 maio 2020.

GORCZEVSKI, D.; GOMES, M. F.; FERNANDES, P. e ARAÚJO, S. (Orgs.). Cinema que Inventa o Bairro: Cine Ser Ver Luz. 1 ed. Fortaleza, Imprensa Universitária, 2019. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/45940. Acesso em: 6 mar. 2021.

GORCZEVSKI, Deisimer e GOIS, Wilma Farias, Pesquisar e inventar: experiências com a observação e a cartografia. In: FRANCISCO, Deise Juliana; GORCZEVSKI, Deisimer e DEMOLY, Karla Rosane do Amaral. (Orgs.). Pesquisa em perspectiva: percursos metodológicos na invenção da vida e do conhecimento. Mossoró, EdUFERSA, 2014. p. 121-156.

GUATTARI, Félix. Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo. Tradução de Suely Rolnik. 3. ed. São Paulo, Brasiliense, 1987.

JACQUES, Paola Berenstein. Elogio aos errantes. Salvador, EDUFBA, 2012.

KASTRUP, Virgínia. O método da cartografia e os quatro níveis da pesquisa-intervenção. In: CASTRO, L. R. e BESSET, V. L. (Orgs.). Pesquisa-intervenção na infância e juventude. 1 ed. Rio de Janeiro, Nau, 2008, v. 1. p. 465-489.

______. A atenção na experiência estética: cognição, arte e produção de subjetividade. Revista TRAMA Interdisciplinar, São Paulo, v. 3, p. 23-33, 2012.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo, Companhia das Letras, 2015.

KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo, Companhia das Letras, 2019.

LAZZAROTO, Gislei D. R. e CARVALHO, Julia D., Afetar. In: FONSECA, Tania M. G.; NASCIMENTO, Maria L. e MARASCHIN, Cleci (Orgs). Pesquisar a diferença. Um abecedário. Porto Alegre, Editora Sulina, 2012. p. 23-25.

LEMINSKI, Paulo. Distraídos Venceremos. 2.ed. São Paulo, Editora Brasiliense,1990.

______. Toda poesia [quarenta clics em Curitiba; 1976]. São Paulo, Companhia das Letras, 2013.

LIMA, João Miguel. Natureza e[m] movimento. In: GORCZEVSKI, D.; GOMES, M. F.; FERNANDES, P. e ARAÚJO, S. (Orgs.). Cinema que inventa o bairro. 1 ed. Fortaleza, Imprensa Universitária, 2019, v. 1. p. 72-73. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/45940. Acesso em: 18 mar. 2021.

MATURANA, H. R. e VARELA, F. J. El árbol del conocimiento: Las bases biológicas del entendimento humano. Santiago de Chile, Editora Universitária, 1990.

______. De Máquinas e Seres Vivos: Autopoiese – A Organização do Vivo. Porto Alegre, Artmed, 1997.

MATURANA, Humberto. Ontologia da Realidade. Belo Horizonte, Editora UFMG, 1999.

______. Cognição, Ciência e Vida Cotidiana. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2001.

______. La realidad: Objetiva o Construída. I Fundamentos biológicos de la realidad. Volume I. Barcelona & Cidade do México, Instituto Tecnológico y de Estudos Superiores de Occidente (ITESO), 1995-1996.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios, Rio de Janeiro, n. 36, p. 122-151, dez. 2016. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993/7169. Acesso em 23 maio 2021.

MEIRELES, Cecília. Os melhores poemas de Cecília Meireles: Seleção Maria Fernanda. São Paulo, Global Editora, 2002.

NIETZSCHE, Friedriech. A vontade de poder. Trad. Marcos Sinésio Pereira Fernandes e Francisco José Dias de Moraes. Rio de Janeiro, Contraponto, 2008.

NOGUEIRA, André Aguiar. Fogo, vento, terra e mar: a arte de falar dos trabalhadores do mar. São Paulo, Secretaria de Cultura do Município de Caçapava, 2007.

______. Da pesca ao surfe: natureza, cultura e resistência na praia do Titanzinho, em Fortaleza. In: GORCZEVSKI, Deisimer (Org.). Arte que inventa afetos. Fortaleza, Imprensa Universitária, 2015. p. 143-153. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/15857. Acesso em: 25 fev. 2021.

OITICICA, Hélio. Esquema geral da nova objetividade. In: FERREIRA, G. e COTRIM, C. (Orgs.). Escritos de artistas: anos 60/70. 2 ed. Rio de Janeiro, Zahar, 2009. p. 154-168.

PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virginia e ESCÓSSIA, Liliana da. (Orgs.). Pistas do método da cartografia. Pesquisa-Intervenção e produção de subjetividade. V. 1. Porto Alegre, Ed, Sulina. 2010.

PEDROSA, Mário. O pensamento vivo de Mário Pedrosa. Entrevista concedida a Lygia Pape, Ricky Goodwin, Jaguar, Ferreira Gullar, Darwin Brandão, Pelão, Ziraldo, Hélio Pellegrino, Félix de Athayde, Washington Noaves. Pasquim, Rio de Janeiro, ano XIII, n. 646, 12-18 nov. 1981. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/14513/9717. Acesso em: 10 abr. 2018.

PELLANDA, Nize Maria Campos. Sofrimento escolar como impedimento da construção de conhecimento/subjetividade. Educação & Sociedade, Campinas, v. 29, n. 105, p. 1069-1088, dez 2008.

______ e GUSTSACK, Felipe. Autonarrativas e invenção de si. In:

GORCZEVSKI, Deisimer (org.). Arte que inventa afetos. Fortaleza, Imprensa Universitária, 2015. p. 39-54. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/15857. Acesso em: 25 fev. 2021.

PINK, Sarah. From embodiment to emplacement: re-thinking competing bodies, senses and spatialities. Sport, education and society, v. 16, n. 3, p. 343-355, jun. 2011. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/13573322.2011.565965. Acesso em 20 maio 2021.

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: Estética e política. São Paulo, Ed. 34, 2010.

______. O espectador emancipado. São Paulo, Martins Fontes, 2012.

RICHARD, Alain-Martin. Arte como não lugar. Tradução de Tradução de João Miguel D. de A. Lima. Vazantes, Fortaleza, v. 1, n. 2, p. 06-17, 2017. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/vazantes/article/view/20469/30906. Acesso em: 27 fev. 2021.

ROCHA, Enrico. Vizinhança. In: RIBAS, Cristina (Ed.). Vocabulário político para processos estéticos. Rio de Janeiro, 2014. p. 316-318. Disponível em: https://vocabpol.cristinaribas.org/wp-content/uploads/2015/01/vocabpol_links-completo.pdf. Acesso em: 10 mar. 2020.

ROLNIK, Suely. Cartografia Sentimental. Transformações contemporâneas do desejo. São Paulo, Editora Estação Liberdade, 1989.

ROSA, João Guimarães. Tutameia (Terceiras histórias). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.

VARELA, Francisco. Entrevista concedida a Rogério da Costa. In: COSTA, Rogério da (Org.). Limiares do Contemporâneo. São Paulo, Escuta, 1993.

______. Conhecer: as ciências cognitivas: tendências e perspectivas. Lisboa, Instituto Piaget, 1994.

______; THOMPSON, E. e ROSCH, E. De Cuerpo presente: las ciencias cognitivas y la experiencia humana. Barcelona, Gedisa, 1992.

Downloads

Publicado

2021-06-18

Como Citar

GORCZEVSKI, D.; ALBUQUERQUE, A. M.; LIMA, J. M. D. de A. Artes de Intervenção, Inventar Cidades. ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 22, n. 56, 2021. DOI: 10.22456/1984-1191.112374. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/112374. Acesso em: 18 abr. 2024.