"A Escada da Memória": Arte e sobrevivência no Complexo do Alemão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.104698

Palavras-chave:

Art. Complexo do Alemão. Culturas de Sobrevivência

Resumo

Resumo: Este artigo analisa um evento ocorrido durante pesquisa de campo realizada no Complexo do Alemão entre 2012 e 2014. A partir de um grafite pintado nos escombros de uma casa removida pelas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, lançado em 2007 pelo governo federal), e sua posterior destruição pelas autoridades municipais cariocas, a autora reflete sobre o significado da arte no contexto de culturas de sobrevivência, categoria analítica desenvolvida a partir da fala de um interlocutor da pesquisa, artista e morador do território. Sobreviver é entendido como experiência de driblar adversidades e produzir conhecimento e criatividade a partir da precariedade material e de direitos. Tal experiência molda relações temporais específicas e, no caso da criação estética, implica pensar a efemeridade e a perenidade da arte quando a vida está sob permanente ameaça.

Palavras-chave: Arte. Complexo do Alemão. Culturas de Sobrevivência

 

 

“THE STAIRS OF MEMORY”: ART AND SURVIVAL IN THE COMPLEXO DO ALEMÃO

 

 

Abstract: This article analyses an event that took place during field research in Complexo do Alemão between 2012 and 2014. Based on a graffiti painted on the ruin of a house destroyed by the PAC (Growth Acceleration Program, launched in 2007 by the federal government), and its subsequent destruction by Rio's municipal authorities, the author reflects on the meaning of art in the context of cultures of survival, an analytical category developed from the speech of an artist, and resident of the territory. Survival is understood as the experience of dribbling adversity and producing knowledge and creativity from material precariousness and lack of rights. Such experience shapes specific temporal relationships and, in the case of aesthetic creation, implies thinking about the ephemerality and perenniality of art when life is under permanent threat.

Keywords: Art. Complexo do Alemão. Cultures of Survival  

 

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Biografia do Autor

Adriana Facina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional

Graduada em História pela Universidade Federal Fluminense (1995), mestre em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1997), doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002), com pós-doutorado pela mesma instituição (2008-2009). Pesquisadora do CNPq, é professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/Museu Nacional/UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades/UFF. Tem experiência nas áreas de Antropologia e História, com ênfase em Antropologia Urbana e História Cultural, atuando principalmente nos seguintes temas: experiência urbana e criação artística, literatura e letramento, teorias da cultura, indústria cultural e mediações, música popular, criminalização da pobreza, criação e fruição cultural em favelas. Integra o Laboratório em Cultura, Etnicidade e Desenvolvimento (LACED), integra o grupo de pesquisa Observatório Indisciplinar de Fazeres Culturais e Letramentos (OICULT) e o Núcleo de Estudos das Sociedades Complexas (NESCOM). Membro da coordenação da Universidade da Cidadania. Publicou, entre outros, os livros Santos e canalhas: uma análise antropológica da obra de Nelson Rodrigues (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2004), Literatura e sociedade (Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004), Vou fazer você gostar de mim. Debates sobre a música brega (Multifoco, 2011) e Acari Cultural (Mauad, 2014). Desenvolveu pesquisa de pós-doutoramento sobre música e lazer popular no Rio de Janeiro, com ênfase no funk. Atualmente pesquisa trajetórias de artistas com experiências de sobrevivência.

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Publicado

2020-09-30

Como Citar

FACINA, A. "A Escada da Memória": Arte e sobrevivência no Complexo do Alemão. ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 21, n. 54, 2020. DOI: 10.22456/1984-1191.104698. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/104698. Acesso em: 28 mar. 2024.