Os Xikrin da Terra Indígena Trincheira-Bacajá e os Estudos Complementares do Rio Bacajá: reflexões sobre a elaboração de um laudo de impacto ambiental.

Autores

  • Thais Regina Mantovanelli Universidade Federal de São Carlos

Resumo

Resumo

Como se produz um Estudo de Impacto Ambiental? O objetivo aqui é apresentar o processo de elaboração de dados e redação dos Estudos Complementares do Rio Bacajá, um estudo de impacto ambiental realizado na Terra Indígena Trincheira-Bacajá decorrente da construção do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte na região do Médio Xingu. Através do acompanhamento das equipes de especialistas nas aldeias, durante a etapa de coleta de dados, e do descontentamento dos Xikrin com o resultado final do laudo, intenta-se problematizar a forma de realização desse tipo de documento. Como garantir a presença e a voz dos conhecimentos dos povos indígenas nesses processos? Com essa questão colocada pelos Xikrin, durante a apresentação do resultado final dos Estudos, pretendo tornar visíveis as teorias dos Xikrin sobre a relação hidrológica do rio Bacajá com o rio Xingu e suas previsões de impacto, que foram obliteradas pela versão final do documento. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thais Regina Mantovanelli, Universidade Federal de São Carlos

PPGAS UFSCar (doutoranda).

Referências

ALMEIDA, Mauro William. Caipora e outros conflitos ontológicos. Revista de Antropologia da UFSCar, São Carlos, ano 5, n.1, p. 7-28, jan.-jun. 2013.

ANDRELLO, Geraldo. Histórias tariano e tukano: política e ritual no rio Uaupés. Revista de Antropologia da USP, São Paulo, ano 55, n.1, p. 291-331, jan-jun. 2012.

COELHO DE SOUZA, Marcela S. O traço e o círculo: o conceito de parentesco entre os Jê e seus antropólogos. 2002. Tese (Doutorado em Antropologia Social)- PPGAS, Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.

______. A pintura esquecida e o desenho roubado: contrato, troca e criatividade entre os kῖsêdjê. Revista de Antropologia da USP, São Paulo, ano 55, n. 1, p. 209-255, 2012.

COFFACI DE LIMA, Edilene. “A gente é quem sabe” ou sobre as coisas Katukina. Revista de Antropologia da USP, São Paulo, ano 55, n. 1, p. 139-171, 2012.

COHN, Clarice. A criança indígena: a concepção Xikrin da infância e do aprendizado. 2000. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social)- PPGAS, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

______. Culturas em transformação: os índios e a civilização. São Paulo Perspectiva. São Paulo, v.15, n.2, p. 36-42, abr. 2001. Disponível em: < http: //www.scielo.br>. Acesso em: 14 jul. 2014.

______. Relações de diferença no Brasil Central: Os Mebengokre e seus outros. 2005. Tese (Doutorado em Antropologia Social)- PPGAS, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

______. Belo Monte e os processos de licenciamento ambiental: as percepções e as atuações dos Xikrin e dos seus antropólogos. Revista de Antropologia da UFSCar, São Carlos, ano 2, n.2, p. 224-251, jul-dez. 2010.

COHN, Clarice; SZTUTMAN, Renato. O visível e o invisível na guerra ameríndia. Sexta feira: antropologia, artes e humanidades, São Paulo, ano 1, n.7, p. 43-56, 2003.

FISHER, William. Rain forest exchanges: industrial and community on Amazonian frontier. Washington: Smithsonian Intituition Press, 2000.

FUNAI (Fundação Nacional do Indío), Ministério da Justiça. Parecer Técnico 21. Análise do Componente Indígena dos Estudos de Impacto Ambiental UHE Belo Monte, Brasília, 99p, 2009.

GIANNINI, Isabele. V. A. A ave resgatada: a impossibilidade da leveza do ser. 1991. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social)- PPGAS, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991.

GORDON, Cesar. Nossas utopias não são as deles: os Mebengokrê (Kayapó) e o mundo dos brancos. Sexta-feira: antropologia, artes e humanidades, ano 1, n. 6, p. 123-36, 2001.

______. Economia selvagem: ritual e mercadoria entre os índios Xikrin-Mebêngôkre. São Paulo: Editora UNESP, ISA; Rio de Janeiro: NUTI, 2006.

______. Em nome do belo: o valor das coisas Xikrin-mebêngokre. In: SILVA, Fabiola; GORDON, Cesar. Xikrin. Uma coleção etnográfica. São Paulo: Edusp, 2011, p. 207-222.

KOHN, Eduardo. Natural Engagements and ecological asthetics among the Ávila Runa of Amazonian Ecuador. 2002. Tese (Doutorado em Antropologia)- University of Wisconsin-Madison, Madison, 2002.

HARAWAY, Donna. Situated Knowledges: the Science question in feminism and the privilegie of partial perspective. Feminist Studies, v. 14, n. 2, p. 575-599, 1988.

______. When species meet. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2008.

LEA, Vanessa. Nomes e “nekrets” Kayapó: uma concepção de riqueza. 1986. Tese (Doutorado em Antropologia Social)- PPGAS, Museu Nacional/ Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1986.

______. Riquezas Intangíveis de Pessoas Partíveis: Os Mebêngôkre (Kayapó) do Brasil Central. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.

LEME ENGENHARIA LTDA. 2008. Estudo de Impacto Ambiental do Projeto AHE Belo Monte. ELETROBRAS/CAMARGO CORRÊA/ANDRADE GUTIERREZ/ODEBRECHT.

LEME ENGENHARIA LTDA. 2012. Estudos Complementares do Rio Bacajá. ELETROBRAS/CAMARGO CORRÊA/ANDRADE GUTIERREZ/ODEBRECHT.

MORAWAKA VIANNA, C. Lições em engenharia social: a lógica da matriz de projeto na cooperação internacional. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 20, n 41, p. 87-115, jan/jun. 2014.

NAHUM-CLAUDEL, Chloe. Enawene-nawe “potlatch against The state”. Social Anthropology, ano 20, n. 4, p. 444–457, 2012.

OLIVEIRA, João Pacheco de; COHN, Clarice. Belo Monte e a questão indígena. Brasília - DF: ABA, 2014.

RILES, Annelise. The Network Inside Out. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2001.

______. Documents: artifacts of modern knowledge. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2006.

STRATHERN, Marilyn. Partial Connections. Walnut Creek, CA: Altamira Press - Rowman & Littlefield Publishers, 1991.

______. The tyranny of transparency. British Educational Research Journal, ano 26, n. 3, p. 309-321, 2000.

TSING, Anna Lowenhaupt. Friction: An Ethnography of Global Connection. Princeton, NJ & Oxford: Princeton University Press, 2005.

TURNER, Terence. Representing, resisting, rethinking: historical transformation of Kayapó culture and anthropological consciousness. In: STOCKING, G. Colonial situations: essays on the contextualization of ethnographic knowledge. Winsconsin: University of Winsconsin Press, 1991a, p. 285-313.

______. Baridjumoko em Altamira. Povos indígenas no Brasil, 1987-90 (Aconteceu Especial 18), São Paulo: Cedi (Centro Ecumênico de Documentação e Informação), p. 337-338, 1991b. Disponível em:<http://issuu.comk/instituto-sociambiental/docs>. Acesso em: 10 de setembro de 2014.

______. Os Mebengokre Kayapó: história e mudança social, de comunidades autônomas para coexistência interétnica. CARNEIRO DA CUNHA, Manulea. História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras/Fapesp, 1992, p. 311-338.

______. De cosmologia à história: resistência, adaptação e consciência social entre os Kayapó. In: VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo; CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Amazônia: etnologia e história indígena. São Paulo: NHII_UISP/Fapesp, 1993, p. 43-66.

VERSWIJVER, Gustaaf. The club-fighters of the Amazon: warfare among the Kaiapo Indians of central Brazil. Gent, Rijksunivrsiteit, 1992.

VIDAL, Lux Boelitz. Morte e vida de uma sociedade indígena brasileira. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1977.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Perspectival anthropology and the method of controlled equivocation. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America, v. 2, n.1, p. 3-22, 2004.

WILLERSLEV, Rane. Soul hunters: hunting, animism, and personhood among the Siberian Yukaghirs. Univ of California Press, 2007.

Publicado

2016-10-25