PERFIL IMUNOINFLAMATÓRIO NO CONTINUUM DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Autores

  • Nadine Clausell Serviço de Cardiologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil. Departamento de Medicina Interna, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil.

Palavras-chave:

Aterosclerose, inflamação, matriz extracelular, disfunção ventricular

Resumo

O conceito de que o processo inflamatório poderia ser importante na patogênese de doenças cardiovasculares ganhou maior impulso com a hipótese da lesão vascular de Russel Ross para o desenvolvimento da aterosclerose. A partir deste conceito, o conhecimento e a pesquisa na área de aterosclerose coronária pós-transplante cardíaco também foram impulsionados, além de servirem como modelo pertinente para o estudo de aspectos inflamatórios relacionados à parede vascular. Uma vez caracterizado que a vasculatura poderia ser alvo e até fonte de estímulo inflamatório, o coração também passou a ser visto como tal a partir da detecção de mediadores inflamatórios na circulação em pacientes com insuficiência cardíaca. Esta revisão aborda evidências de investigação
básica e clínica relacionadas aos aspectos imunoinflamatórios na aterosclerose e em situações de disfunção ventricular. Os resultados da linha de trabalhos experimentais apontam uma relação de causa e efeito entre ativação imunoinflamatória na parede vascular e acúmulo de fibronectina, o que
contribui para a formação neo-intimal em coronárias de suínos submetidos a transplante cardíaco. Achados similares foram observados em fragmentos de lesões ateroscleróticas coronárias obtidas por aterectomia de pacientes submetidos a transplante cardíaco. Também em lesões coronárias por
reestenose, foram identificados marcadores inflamatórios e acúmulo de matriz extracelular, indicando um padrão imunoinflamatório nesta condição, o que foi semelhante ao padrão observado em lesões de macrovasculopatia diabética, situação em que há um agressivo processo aterosclerótico. Além disto, marcadores inflamatórios foram também observados em situações de risco cardiovascular aumentado sem evidência de vasculopatia anatomicamente significativa: diabetes melito associado à dislipidemia e pacientes com dor torácica, porém, sem lesões coronárias angiograficamente definidas.
Finalmente, um gradiente imunoinflamatório foi identificado em pacientes com insuficiência cardíaca, e marcadores inflamatórios foram associados a mau prognóstico no choque séptico e a aparecimento de disfunção ventricular pós-cirurgia de revascularização miocárdica. Em conclusão, este conjunto de
dados reforça o envolvimento do sistema cardiovascular no processo de ativação imunoinflamatória, o que parece contribuir para a progressão de pelos menos duas condições patológicas importantes: a doença aterosclerótica e o desenvolvimento de disfunção ventricular e insuficiência cardíaca.
Unitermos: Aterosclerose, inflamação, matriz extracelular, disfunção ventricular.

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Publicado

2020-03-05

Como Citar

1.
Clausell N. PERFIL IMUNOINFLAMATÓRIO NO CONTINUUM DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA. Clin Biomed Res [Internet]. 5º de março de 2020 [citado 28º de março de 2024];25(3). Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/hcpa/article/view/100464

Edição

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