O MAPA DO BRASIL AO TEMPO DO IMPÉRIO: O CASO DA CRIAÇÃO DA “PROVÍNCIA DO RIO SÃO FRANCISCO (1873-1874)"

Autores

  • Nelson de Castro Senra IBGE - ENCE / IBGE

Resumo

Em 1873-1874, o parlamento do Império do Brasil debateu a proposta do gabinete presidido pelo Visconde do Rio Branco para a criação de uma nova Província. Segundo o governo a ideia era tornar mais eficiente a administração pública de uma vasta região do território. Já a oposição entendeu a proposta como uma manobra do governo para diminuir a força da bancada parlamentar da Província de Minas Gerais, a maior e mais forte do Império. Os debates foram intensos, seja na Câmara seja no Senado, levando a vitórias graduais da oposição, pouco a pouco conseguindo descaracterizar a proposta original, o que acabou levando o governo a se desinteressar, deixando-a esquecida nos arquivos do parlamento. Em meio aos debates, a origem da divisão então existente foi lembrada, ora para elogiá-la, ora para criticá-la. A oposição, tendo à frente a bancada mineira, chegou mesmo dizer que aceitava uma redivisão da Província de Minas Gerais, desde que posta no contexto de uma redivisão completa do território. Por demais, estatísticas do censo de 1872 foram demandadas, referidas à proposta do governo. Depois de algum tempo, elas foram apresentadas pelo governo e em nada ajudaram na discussão, já que era difícil, quase impossível, reorganizar as estatísticas obtidas pelo censo. A oposição diante dessa dificuldade, sem conseguir compreendê-la, ou não querendo compreendê-la, aproveitou para acusar o governo de maus gastos públicos, ao mandar fazer um censo tão caro. Essa situação logo levaria a uma redução do status da Diretoria Geral de Estatística, criada para fazer mais que o censo, tendo sido criada para fazer cumprir todo um programa estatístico, bastante amplo, bem aos moldes do sugerido nos Congressos Estatísticos Internacionais, assim perdeu o Brasil, que só teria outro censo em 1890, já sob o regime republicano.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nelson de Castro Senra, IBGE - ENCE / IBGE

Doutor em Ciência da Informação (UFRJ / ECO & CNPq / IBICT). Mestre em Economia (FGV / EPGE). Economista (UCAM). Pesquisador (aposentado) no IBGE. Professor no Programa de Mestrado em "Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais" na ENCE / IBGE. Sócio (fundador) da "Associação das Américas par a História da Estatística e do Cálculo de Probabilidade"; sócio efetivo do "Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro"; sócio da "Associação Brasileira de Educação".

Downloads

Publicado

2012-12-23

Edição

Seção

Artigos