UM SUICIDA REDENTOR: uma análise retórica
DOI:
https://doi.org/10.22456/2594-8962.65806Resumo
A carta-testamento do ex-presidente Getúlio Vargas, levada a público após seu suicídio, em agosto de 1954, teve, sobre a política brasileira, um impacto que reverteu os rumos da história: resgatou (e fortaleceu sobremaneira) a imagem de um líder desgastado e perpetuou seu modelo de governo para os anos seguintes. O autor da carta demonstra um preciso conhecimento das presunções de seu auditório (o povo brasileiro), então majoritariamente católico, e confia no ethos de “pai dos pobres” que havia construído para si. Assim, deixa uma carta na qual converte, de forma verossímil, um ato condenável religiosamente (o suicídio) em um ato nobre, redentor. E, para realizar tal inversão semântica, lança mão de alusões ao texto bíblico. Fundamentado nos pressupostos teóricos da Retórica, presentes nas obras de Aristóteles (2005), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), Meyer (2007), Reboul (2004) e Fiorin (2014), bem como no conceito de intertextualidade, trabalhado por Piègay-Gros (1996) e Cavalcante (2011), este artigo busca perscrutar e compreender a estrutura argumentativa da carta-testamento de Vargas, buscando, assim, identificar as estratégias que contribuíram para a sua eficácia retórica.Downloads
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Publicado
2016-06-28
Como Citar
Ferreira, F. A., & Figueiredo, M. F. (2016). UM SUICIDA REDENTOR: uma análise retórica. Revista Conexão Letras, 11(15). https://doi.org/10.22456/2594-8962.65806