Oralidade e Poesia Oral: paradigmas para a definição de uma oratura grega antiga
DOI:
https://doi.org/10.22456/2594-8962.110646Resumo
Neste artigo discutirei as principais contribuições à uma poética da oralidade que levam em conta a produção, disseminação, e recepção da poesia oral sem vê-la como um subtipo da literatura escrita. Irei argumentar que, como demonstram vários estudos, alguns dos quais aqui discutidos, a poesia oral não se define nem como oposta nem como subordinada à poesia escrita, mas, sobretudo, por um sistema cognitivo e conceitual distinto, capaz de gerar textos que, mesmo escritos, preservam características típicas de obras vocais. Através de paradigmas oriundos de outras culturas, tanto antigas quanto modernas, e de estudos de cunho etnológico e linguístico, irei argumentar da vantagem de se reconhecer na literatura grega antiga uma oratura, isto é, um corpus literário marcado por uma oralidade conceitual primária ou secundária.