A primeira modernidade e seu contexto intelectual: subordinação política e mundialização

Autores

  • Rubens Leonardo Panegassi Universidade Federal de Viçosa

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.68756

Palavras-chave:

Mundialização ibérica, Cristianismo primitivo, Subordinação política

Resumo

O objetivo deste artigo é circunscrever o contexto intelectual característico da formação do mundo moderno enquanto epaço de circulação de ideias e juízos diversos. Para isso, recuperamos o senso de ordem social próprio do imaginário europeu da primeira modernidade a partir de diferentes registros literários produzidos no contexto do Renascimento ibérico. Esta literatura nos remete ao ideário do cristianismo primitivo, referência intelectual coerente aos propósitos espirituais da mundialização levada a cabo por espanhóis e portugueses. Verificamos que embora as concepções etnológicas da primeira modernidade sejam tributárias do pensamento patrístico, encontram-se atreladas à experiência estatal moderna. Diante disso, cocluímos que a sujeição política foi a tônica dominante do fenômeno da mundialização.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rubens Leonardo Panegassi, Universidade Federal de Viçosa

Graduado, mestre e doutor em História pela Universidade de São Paulo, foi bolsista da FAPESP e é professor de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal de Viçosa desde 2011

Referências

ABULAFIA, David. The Discovery of mankind. Atlantic encounters in the age of Columbus. New Haven, CT: Yale University Press, 2008.

ACOSTA, José de. Historia natural y moral de las Indias. Estudio preliminar de Edmundo O’Gorman. México: Fundo de Cultura Económica, 1962.

AGNOLIN, Adone. Jesuítas e selvagens: a negociação da fé no encontro catequético-ritual americano-tupi (séculos XVI-XVII). São Paulo: Humanitas Editorial, 2007.

ARISTÓTELES. A política. Trad. Roberto Leal ferreira. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

BARROS, João de. Da Asia de João de Barros e de Diogo de Couto. Da Asia de João de Barros dos feitos que os portugueses fizeram no descobrimento dos mares e terras do Oriente. Decada Primeira. Parte Primeira. Nova Edição oferecida a sua Magestade D. Maria I. Rainha Fidelíssima. Lisboa: Na Régia Officina Typografica, 1778.

_______. Da Asia de João de Barros dos feitos que os portugueses fizeram no descobrimento dos mares e terras do Oriente. Decada Primeira. Parte Segunda. Lisboa: Na Régia Officina Typografica, 1777.

_______. Da Asia de João de Barros dos feitos que os portugueses fizeram no descobrimento dos mares e terras do Oriente. Decada Segunda. Parte Segunda. Lisboa: Na Régia Officina Typografica, 1777a.

_______. Da Asia de João de Barros dos feitos que os portugueses fizeram no descobrimento dos mares e terras do Oriente. Decada Terceira. Parte Primeira. Lisboa: Na Régia Officina Typografica, 1777b.

_______. Grammatica da lingua Portuguesa. Olyssipone: Lodouicum Rotorigiu Typographum: M.D.X.L. (1540).

_______. Panegíricos (Panegírico de D. João III e da Infanta D. Maria). Texto restituído, prefaciado e notas pelo prof. M. Rodrigues Lapa. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1943.

_______. Ropicapnefma. Reprodução fac-similada da edição de 1532. Leitura modernizada, notas e estudo de I. S. Révah. 2 v. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1983.

_______. Diálogo em louvor da nossa linguagem. In: Diálogos em defesa e louvor da Língua Portuguesa. Edição, introdução e notas Sheila Moura Hue. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007.

BASIL. The Hexaemeron. In: Nicene and post-Nicene Fathers. Basil: Letters and Select Works. Second Series. Peabody, Mass: Hendrickson Publishers, 2004.

Bíblia de Jerusalém. Nova edição revista e ampliada. Gilberto da Silva Gorgulho et al. (Coord.). Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais. Tradução das introduções e notas de La Bible de Jérusalem, edição em língua francesa. São Paulo: Paulus, 2003.

BIEDERMANN, Zoltán. Nos primórdios da antropologia moderna: a Ásia de João de Barros. Anais de História de Além-Mar, v. IV, p. 29-61, 2003.

BODIN, Jean. Os seis livros da República. Livro Primeiro. Tradução, introdução e notas, José Carlos Orsi Morel; revisão técnica da tradução, José Ignacio Coelho Mendes Neto. São Paulo: Íncone, 2011.

BOXER, Charles R. O império marítimo português, 1415 – 1825. Trad. Anna Olga de Barros Barreto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

BRAMANTE, Donato (Donato di Pascuccio). Heraclitus and Democritus. Fresco transferred to canvas, 1490–1492. Disponível em: http://pinacotecabrera.org/en/collezione-online/opere/heraclitus-and-democritus/. Acesso em: 25 ago. 2016.

CALDEIRA, Arlindo Manuel; NEVES, Carlos Agostinho das. A Igreja e a cultura. In: SERRÃO, Joel; OLIVEIRA MARQUES, A. H. (Dir.). Nova História da Expansão Portuguesa. A Colonização Atlântica. v. III, t. 2. Coord. Artur Teodoro de Matos. Lisboa: Editorial Estampa, 2005.

CHÂTELET, Noëlle. La aventura de comer. Trad. Isabel Izquierdo. Madrid: Ediciones Júcar, 1985.

CICÉRON. De la nature des dieux. Traduction nouvelle avec des notice et notes par Charles Appuhn. Paris Librarie Garnier Frères, 1935.

CLÉMENT D’ALEXANDRIE. Les Stromates. Introduction, texte critique et notes par Annewies Van Den Hoek. Traduction de Claude Mondésert, s. j. Paris: Les Éditions du Cerf, 2001.

COLOT, Blandine. Lactance, le ‘Cicéron chretien’: transmission des textes et contextes. In: BRIZAY, François et SARRAZIN, Véronique (sous la direction de). Érudition et culture savant. De l’Antiquité à l’époque moderne. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2015.

DÉMOCRITE. L’atomisme ancient. Fragments et témoignages. Textes traduits par Maurice Solovine. Révision de la traduction, introduction et commentaires de Pierre-Marie Morel. Paris: Pocket, 1993.

DUCHET, M. Anthropologie et histoire au siècle des Lumières. Paris: Albin Michel, 1995.

ELLIOTT, J. H. A Europe of Composite Monarchies. Past and Present, n. 137, The Cultural and Political Construction of Europe. p. 48-71, nov. 1992.

_______. O velho mundo e o novo 1492-1650. Trad. Maria Lucília Filipe. Lisboa: Querco, 1984.

FÉLIX, Minucio. Octavio. Introducción, traducción y notas de Víctor Sanz Santacruz. Madrid: Ciudad Nueva, 2000.

FERGUSON, A. B. Utter Antiquity: perception of Prehistory in Renaissance England. Durham: Duke University Press, 1993.

FERNÁNDEZ-ARMESTO, Felipe. Então você pensa que é humano? Uma breve história da humanidade. Trad. Rosaura Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

FOUCAULT, Michel. Tecnologias de si, 1982. Verve: Revista Semestral do NUSOL - Núcleo de Sociabilidade Libertária/Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. Trad. Andre Degenszajn. PUC-SP, n. 6, p. 321-360, out. 2004.

GARIN, Eugenio. L’umanesimo italiano. Filosofia e vita civile nel Rinascimento. Roma: Editori Laterza, 1993.

GASBARRO, Nicola. Missões: a civilização cristã em ação. In: MONTERO, Paula (Org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006.

GODELIER, Maurice. Economia. In: Enciclopédia Einaudi. v. 28. Produção/ Distribuição – Excedente. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1995.

GOODRUM, M. R. Biblical anthropology and the Idea of human Prehistory in Late Antiquity. In: History and Anthropolog y. v. 13, n. 2, p. 69-78, 2002.

GREGORY OF NYSSA. On the making of man. In: Nicene and post-Nicene Fathers. Gregory of Nyssa: Dogmatic Treatises, etc. Second Series. Peabody, Mass: Hendrickson Publishers, 2004.

GRUZINSKI, Serge. As quatro partes do mundo. História de uma mundialização. Trad. Cleonica Paes Barreto Mourão e Consuelo Fortes Santiago. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Edusp, 2014.

HARVEY, Paul. Dicionário Oxford de Literatura Clássica grega e latina. Trad. Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.

HESPANHA, António M. As estruturas políticas em Portugal na Época Moderna. In: TENGARRINHA, J. (Org.). História de Portugal. Bauru, SP: EDUSC; São Paulo, SP: UNESP; PORTUGAL, PT: Instituto Camões, 2001.

_______. Imbecillitas. As bem-aventuranças da inferioridade nas sociedades de Antigo Regime. São Paulo: Annablume, 2010.

HODGEN, M. T. Early anthropolog y in the sixteenth and seventeenth centuries. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1964.

LACTANCE. Institutions Divines. Livre II. Introduction, texte critique, traduction et notes par Pierre Monat. Paris, Éditions du Cerf, 1987.

LEACH, Edmund. Etnocentrismos. In: Enciclopédia Einaudi. v. 5. Anthropos – Homem. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Escritos Políticos. Trad. Lívio Xavier. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.

MONTANARI, Massimo. A fome e a abundância: história da alimentação na Europa. Trad. Andréa Doré. Bauru, SP: EDUSC, 2003.

MORESCHINI, Claudio e NORELLI, Enrico. História da literatura cristã antiga grega e latina. 3 v. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Edições Loyola, 2000 (v. II e III); 2014 (v. I).

NAY, Olivier. História das ideias políticas. Trad. Jaime A. Clasen. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

OESTREICH, G. Problemas estruturais do absolutismo europeu. In: HESPANHA, António Manuel. Poder e instituições na Europa do Antigo Regime. (colectânia de textos). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, s.d.

OVÍDIO. Metamorfoses. Trad. Bocage. São Paulo: Hedra, 2007.

PAGDEN, Anthony. La caida del hombre natural. El indio americano y los orígenes de la etnología comparativa. Trad. Belén Urrutia Domínguez. Madrid: Alianza Editorial, 1988.

_______. Povos e impérios: uma história de migrações e conquistas, da Grécia até a atualidade. Trad. Marta Miranda O’Shea. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

RÉVAH, I. S. ‘Antiquité et christianisme’, ‘anciens et modernes’ dans l’oevre de João de Barros. Revue philosophique de la France et de l’étranger, n. 92, Paris, p. 165-185, 1967.

ROCHE, Daniel. As práticas de escrita nas cidades francesas do século XVIII. In: CHARTIER, Roger (Org.). Práticas de leitura. Trad. Cristiane Nascimento. São Paulo: Estação Liberdade, 2001.

RUBIÉS, Joan-Pau. Travel and ethnolog y in the Renaissance. South India through European Eyes, 1250-1625. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.

SARAIVA, António José. Para a História da Cultura em Portugal. v. II. Lisboa: Publicações Europa-América, 1972.

TARANTO, Domenico. Tomás Morus (1478-1535), Tomás Campanela (1568-1639): o eudemonismo utópico. In: CAILLÉ, Alain et al. (Org.) História argumentada da filosofia moral e política. A felicidade e o útil. Trad. Alessandro Zir. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2006.

The Catholic Encyclopedia. s.d. Disponível em: http://www.newadvent.org/cathen/. Acesso em: 3 set. 2016.

THOMAZ, Luis Filipe F. R. De Ceuta a Timor. Lisboa, Difel: 1994.

_______. Introdução. In: MARQUES, A. H. de Oliveira (Dir.). História dos portugueses no extremo oriente. v. 1, t. I. Em torno de Macau. Lisboa: Fundação Oriente, 1998.

VALERI, Renée. Alimentação. In: Enciclopédia Einaudi. v. 16. Homo-Domesticação/Cultura material. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1989.

Downloads

Publicado

2017-07-31

Como Citar

Panegassi, R. L. (2017). A primeira modernidade e seu contexto intelectual: subordinação política e mundialização. Anos 90, 24(45), 45–72. https://doi.org/10.22456/1983-201X.68756

Edição

Seção

Dossiê: As conexões e as dinâmicas atlânticas na formação do mundo moderno