A formação do regime de autonomia avaliativo no Sistema Nacional de Pós-graduação e o futuro das relações entre historiografia, ensino e experiência da história

Autores

  • Valdei Araujo UFOP

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.66436

Palavras-chave:

Ensino de história, Avaliação, Pós-graduação, Regimes de autonomia

Resumo

Neste artigo analiso como a acomodação da historiografia em um regime de autonomia marcado por modelos avaliativos metrificáveis afasta o campo de suas origens disciplinares no século XIX e do desenvolvimento profissional processado ao longo do século XX.  Entendo por "regime de autonomia" o arranjo de forças históricas que possibilita um determinado discurso ganhar individualidade e diferenciar-se no tecido de enunciações disponíveis em época e lugar definidos. Um "regime" é a forma de descrevermos como a interação dessas forças afeta e configura o discurso, em especial a relação entre os vetores autor, leitor, circulação, linguagens, conceitos e médias. A hipótese aqui desenvolvida é que um "regime de autonomia avaliativo", comum a outras esferas da ciência moderna, tem transformado a historiografia e o historiador contemporâneo, celebrando um perfil de alta especialização, baixa relevância e comunicabilidade social que coloca em risco a capacidade deste profissional colaborar para a diversificação das formas de experiência histórica.

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Biografia do Autor

Valdei Araujo, UFOP

Professor Associado de Teoria e História da Historiografia da Universidade Federal de Ouro Preto. Doutor em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com estágio PDEE na Universidade de Stanford.

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Publicado

2017-05-26

Como Citar

Araujo, V. (2017). A formação do regime de autonomia avaliativo no Sistema Nacional de Pós-graduação e o futuro das relações entre historiografia, ensino e experiência da história. Anos 90, 23(44), 85–110. https://doi.org/10.22456/1983-201X.66436

Edição

Seção

Dossiê: DILEMAS E POSSIBILIDADES DA PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA NO BRASIL