Antiguidade tardia como forma da História

Autores

  • Uiran Gebara da Silva

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.18927

Palavras-chave:

Historiografia, Antiguidade tardia, Império Romano, Teoria da História

Resumo

Este artigo apresenta uma investigação cujo objetivo é examinar o problema do confronto de paradigmas explicativos a respeito do fim da Antiguidade: a ascensão da Antiguidade Tardia, uma nova Forma da História, e o Declínio do Império Romano. Nos últimos trinta anos, essa visão tem sido progressivamente contestada por historiadores das mais variadas tendências, que defendem desde uma diminuição do impacto da ruptura causada pelo fim do Império, até a completa negação desta ruptura. Fundamentando esse processo, conceitos estruturais da interpretação tradicional, como o de crise, de decadência e de invasões germânicas, perdem seu espaço para outros como a ideia de continuidade da Romania e a de acomodação dos povos germânicos. Essa avaliação busca entender em que medida o fim do século XX influiu nessa mudança na historiografia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Uiran Gebara da Silva

Doutorando do Programa de História Social da Universidade de São Paulo. Bolsista Fapesp.

Referências

ANDERSON, Benedict. Nação e consciência nacional. São Paulo: Ática, 1989.

ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 2000.

ARANTES, Paulo. Extinção. São Paulo: Boitempo, 2007.

AUERBACH, Erich. Ensaios de Literatura Ocidental. São Paulo: Duas Cidades, 2007.

BEARD, Mary et HENDERSON, John. Antiguidade Clássica. Uma brevíssima introdução. Rio de janeiro: Zahar, 1998.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: Obras Escolhidas. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1996, p. 222-232.

BERNAL, Martin. A imagem da Grécia Antiga como uma ferramenta para o colonialismo e para a hegemonia europeia. In: Funari, P. P. A. (Org.) Repensando o

Mundo Antigo. Campinas: IFCH/UNICAMP, 2005. Coleção Textos Didáticos.

BOWERSOCK, G. BROWN, P. GRABAR, O. Interpreting Late antiquity: essays on the post classical world. Cambridge and London: Belknap, 2001.

BROWN, Peter. Santo Agostinho. Uma Biografia. Peter Brown. Rio de Janeiro: Record, 2004.

______. Society and the holy in Late Antiquity. London: Faber and Faber, 1982.

______. The cult of the saints: its rise and function in latin christianity. Chicago: The University of Chicago, 1982.

______. Antiguidade Tardia. In: Veyne, Paul. História da vida privada – do império romano ao ano mil. vol. I. Cia das letras: São Paulo, 1990.

______. Corpo e sociedade: o homem, a mulher e a renúncia sexual no início do cristianismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.

______. The world of Late Antiquity. Thames and Hudson, Londres, 1995.

______. The making of Late Antiquity. Massachusetts: Harvard University, 1997.

______. The Rise of Western Christendom. Triumph and Diversity, Ad 200-1000. Oxford: Blackwell, 2003.

BURKE, Peter. A revolução francesa da historiografia: a Escola dos Annales (1929-1989). São Paulo: EDUNESP, 1992.

______. (Org.) A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: EDUNESP, 1992.

CAMERON, Averil. Christianity and the rhetoric of empire : the development of christian discourse. Berkeley: University of California, 1994.

______. The Mediterranean World in Late Antiquity AD 395-600. London: Routledge, 1993.

CAMERON, Averil, GARNSEY, Peter. The Cambridge Ancient History. Vol. XIII , The Late Empire AD 337-425. Cambridge: Cambridge University, 1998.

CAPELATO, Maria Helena Rolim. et al. A Escola Uspiana de História. In: Produção histórica no Brasil. 1985-1994. São Paulo: FFLCH, 1995.

CARRIÉ, Jean-Michel, ROUSSELLE, Aline. L’Empire romain en mutation, des Sévères à Constantin. Paris: Seuil, 1999.

CARVALHO, Margarida Maria de, et al. Barbarização do exército romano e renovação historiográfica: novas perspectivas sobre o tema. História: Questões & Debates. Curitiba, UFPR, n. 48/49, 2008, p. 147-16.

CHASTAGNOL, Andre. L’évolution politique, sociale et économique du monde romain de Dioclétien à Julien: La mise en place du régime du Bas-Empire (284-363), Paris: SEDES, 1985.

CHESNEAUX, Jean. Devemos fazer tabula raza do passado? Sobre a história e historiadores. São Paulo: Ática, 1995.

COURCELLE, Pierre. História Literária das Grandes Invasões Germânicas. Rio de Janeiro: Vozes, 1955.

CURTIUS, Ernst Robert. Literatura Europeia e Idade Média Latina. São Paulo: Hucitec, 1996.

DAVIES, Ioan. Cultural Studies and Beyond. Fragments of Empire. New York: Routledge, 1995.

DEJEAN, Joan. Antigos contra Modernos. As Guerras Culturais e a construção de um fin de siècle. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

DOSSE, François. A história em migalhas. São Paulo: Ensaio, 1994.

ESTEPA, Carlos. La transición del esclavismo al feudalismo. Madrid: Akal, 1980.

FINLEY, M. I. Ancient Economy. Berkeley: University of California, 1999.

FRIGHETTO, Renan. Cultura e Poder na Antiguidade Tardia Ocidental. Curitiba: Juruá, 2000.

GARNSEY, Peter, SALLER, Richard. The Roman Empire. London: Duckworth, 1987.

GEARY, Patrick. O Mito das Nações. A invenção do Nacionalismo. São Paulo: Conrad, 2005.

GIARDINA, Andrea. Esplosione di tardoantico. Studi Storici. Roma: Fondazione Instituto Gramsci, anno 40, n. 1, 1999, p. 157-180.

GOFFART, Walter. Barbarians and Romans (A.D. 418 – 584) The techiniques of accommodation. Princeton: Princeton University, 1980.

GOMBRICH, Ernst. História da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.

GUARINELLO, Norberto Luiz. Memória Coletiva e História Científica. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 14, n. 28, 1994, p. 180-193.

______. Uma morfologia da História: as formas da História Antiga. In: Politeia - História e Sociedade. Vitória da Conquista, v. 3, n. 1, 2003, p. 41-62.

______. História científica, história contemporânea e história cotidiana. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 26, n. 52, 2006, p.227-248.

______. Escravos sem senhores: escravidão, trabalho e poder no mundo romano. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 24, n. 48, 2004, p.13-38.

GUINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais. São Paulo: Cia. das Letras, 1999.

______. Relações de força: História, retórica, prova. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

______. O fio e os rastros. Verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.

HEATHER, Peter. The Fall of the roman Empire. A new History of Rome and the barbarians. New York: Oxford University, 2006.

HINGLEY, Richard. Concepções de Roma: uma perspectiva inglesa. In: Funari, P.P.A. (Org.) Repensando o Mundo Antigo. Campinas: IFCH/UNICAMP, 2005. Coleção Textos Didáticos.

HOBSBAWM, Eric. A curiosa história da Europa. In: Sobre História. São Paulo: Cia das Letras, 2000, p. 232-244.

HORDEN, Peregrine e PURCELL, Nicholas. The Corrupting Sea. A study of Mediterranean History. Oxford: Blackwell, 2000.

JONES, A.H.M. The Later Roman Empire.284-602. Baltimore: Johns Hopkins, 1992.

KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 2006.

LEPELLEY, Claude. L’empire romain et le christianisme. Paris: Flammarion, 1969.

LIEBESCHUETZ, J.H.W.G. The End of the Roman army in the western empire. In: RICH, John e SHIPLEY, Graham. War and society in the Roman world. London: Routledge, 1993, p. 265-276.

LOT, Ferdinand. O fim do mundo antigo e o princípios da Idade Média. Lisboa: Edições 70, 1982.

MARROU, Henry-Irenne. História da Educação na Antiguidade. São Paulo: Herder-EDUSP, 1969.

MATTHEWS, John F. Western aristocracies and imperial court. Ad 364-425. N. York: Oxford,1990.

MAZZARINO, S. O fim do Mundo Antigo. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

MILLES, Richard (Org). Constructing Identiies in Late Antiquity. London: Routledge, 1999.

MOMIGLIANO, A. As raízes clássicas da historiografia moderna. Bauru: Edusc, 2002.

MUSSET, Lucien. Las Invasiones. Las Oleadas Germanicas. Barcelona: Labor, 1967.

NEGRI, Antonio. Cinco lições sobre Império. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

PIRENNE, Henri. Maomé e Carlos Magno. Dom Quixote: Lisboa, 1970.

OLIVEIRA, J. C. M. Poder, religião e violência popular no Império Romano Tardio: os motins de Calama de junho de 408 d.C. In: História. Questões e Debates, v. 48/49, 2008, p. 165-192.

RÉMONDON, Roger. La crisis del Imperio Romano – de Marco Aurelio a Anastasio. Barcelona: Nueva Clio, 1984.

ROBERTS, M. The Jeweled Style. Poetry and Poetics in Late Antiquity. Ithaca: Cornel University, 1989.

ROSTOVTZEFF, Mikhail I. História de Roma. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

RUGGINI, Lellia Cracco. Le associazioni de mestieri in età imperiale: ruolo político e coscienza professionale. In: Vera, Domenico (Org.) La societá del Basso Impero. Roma: Laterza, 1983.

SALIBA, Elias Thomé. As luzes e as fadas: reflexões sobre o marxismo e as recentes tendências da historiografia. In: Coggiola, Osvaldo. Marx e Engels na História. São Paulo: Xamã, 1996, p. 39-50.

SARTRE, Jean-Paul. Questão de método. In: Os pensadores, v. XLV. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

SCHIAVONE, Aldo. Uma história rompida. Roma antiga e o Ocidente moderno. São Paulo: Edusp, 2005.

SILVA, Gilvan Ventura da. O fim do Mundo Antigo: uma discussão historiográfica. Mirabilia, Brasil, v. 1, 2001, p. 1-10.

______. Reis, santos e feiticeiros: Constâncio II e os fundamentos místicos da basileia (337-361). Vitória: Edufes, 2003.

STE. CROIX, G.E.M. de. The class strugle in the Ancient Greek world. Ithaca: Cornell University, 1998.

STONE, Lawrence. O ressurgimento da narrativa: reflexões sobre uma nova velha história. In: Revista de História. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1991.

STUDI STORICI. Roma: Fondazione Instituto Gramsci, anno 45, n. 1, 2004.

VAN DAM, R. The Pirenne thesis and fifth century Gaul. In: DRINKWATER, J. and ELTON, H. Fifth-Century Gaul: A Crisis of Identity? Cambridge: Cambridge University, 1992. p. 321-333.

VERA, Domenico. (Org.) La societá del Basso Impero. Roma: Laterza, 1983.

VEYNE, Paul. O Império Romano. In: História da vida privada – do império romano ao ano mil. v. 1, São Paulo: Cia. das Letras, 1990.

WARD-PERKINS, Brian. The Fall of Rome: and the end of civilization. New York: Oxford University, 2005.

WEBER, Max. As causas sociais da decadência da cultura antiga. In: COHN, Gabriel. (Org.) Weber. São Paulo: Ática, 1983.

______. Ensayos sobre sociología de la religión . v. I. Madrid: Taurus, 1992.

______. Introducción. In: WEBER, Max (1992, p. 11-24).

WICKHAM, Chris. The other transition: from the Ancient World to Feudalism. In: Past and Present, 103, Oxford, 1984.

Downloads

Publicado

2009-12-30

Como Citar

Silva, U. G. da. (2009). Antiguidade tardia como forma da História. Anos 90, 16(30), 77–108. https://doi.org/10.22456/1983-201X.18927

Edição

Seção

Dossiê Antiguidade no Brasil Contemporâneo