A BATALHA DE HAFRSFJORD (c. 890) NA EGILS SAGA (c. 1220-1230)

Renan Marques Birro 1

 

Resumo: Este artigo utilizou como fonte primordial a Egils saga (c. 1220-1230), redigida pelo erudito islandês Snorri Sturluson (1178-1241). O objetivo foi descrever a imagem do rei Haraldr inn hárfagri (Haroldo dos belos cabelos, c. 850-933) na Batalha de Hafrsfjord (c. 890) e as relações de ambiguidade entre islandeses e noruegueses do século XIII que foram transpostas à obra.

Palavras-chave:Egils saga; Escandinávia Medieval; Batalha de Hafrsfjord.

A Noruega foi o palco de várias batalhas na segunda metade do século IX. O cenário político era propício para tal condição: a Dinamarca estava enfraquecida demais para exercer a autoridade sobre a região e, como aconteceu com frequência na Idade Média, os líderes locais e reizetes se dedicaram a guerras sem fim, com a intenção de ampliar sua área de influência e, ao mesmo tempo, negavam uma autoridade central (LUND, 2006, p.212; BRADBURY, 2004, p.129).
Nesse ínterim, um dos pretendentes se destacou: Haraldr Hálfdanarson. Segundo a Haralds saga hins hárfagra (A saga de Haraldr inn hárfagri, c. 1230), ele herdou o trono aos dez anos, logo após a morte de seu pai, Hálfdan svarti, um pequeno rei de Vestfold (sudeste da Noruega). Alto, forte, belo e sábio: essas eram as características do jovem Haraldr (HARALDS..., 1870, p.I).
Após vencer os soberanos vizinhos e subjugar as províncias centrais norueguesas, Haraldr tentou esposar Giða, filha do rei de Horthaland. Ela se negou: não queria se casar com um rei que dispunha de poucas posses, mas com um que tomasse para si toda a Noruega. Em razão dessa afronta, o monarca fez uma promessa: não cortaria seu cabelo até que conquistasse toda a Noruega (HARALDS..., 1870, VI). Assim, ele prosseguiu com as conquistas e, tudo levava a crer, ele atingiria seus objetivos. Porém, o futuro rei da Noruega encontrou um grande empecilho: uma coligação de inimigos de Horthaland, Rogaland, Agthir e Thelamork ameaçava seus planos 2.
Nesse ponto a Egils saga (Saga de Egill, c. 1220-1230) confirma a Heimskringla, mas o relato é um pouco mais curto: além de não citar a região de Thelamork, não menciona o nome de todos os mentores da sublevação (EGILS SAGA, 2003, p.10).Assim,

 

Haraldr konungr helt norðan liði sínu. Hann hafði sjálfr skip mikit ok skipat hirð sinni. Þar var í stafni Þórólfr Kveld-Úlfsson ok Bárðr hvíti ok synir Berðlu-Kára, Ölvir hnúfa ok Eyvindr lambi, en berserkir konungs tólf váru í söxum.
Fundr þeira var suðr á Rogalandi í Hafrsfirði. Var þar in mesta orrosta, er Haraldr konungr hafði átta, ok mikit mannfall í hvárratveggju liði. Lagði konungr framarliga skip sitt, ok var þar ströngust orrostan. En svá lauk, at Haraldr konungr fekk sigr, en þar fell Þórir haklangr, konungr af Ögðum, en Kjötvi inn auðgi flýði ok allt lið hans, þat er upp stóð, nema þat, er til handa gekk eftir orrostuna.
Þá er kannat var lið Haralds konungs, var margt fallit, ok margir váru mjök sárir. Þórólfr var sárr mjök, en Bárðr meir, ok engi var ósárr á konungsskipinu fyrir framan siglu nema þeir, er eigi bitu járn, en þat váru berserkir.

Harold held on his way from the north, with a large force, having his guards on board. In the forecastle of the king's ship were Thorolf Kveldulfsson, Bard the White, Kari of Berdla's sons, Aulvir Hnuf and Eyvind Lambi, and in the prow were twelve Berserks of the king.
The fleets met south in Rogaland in Hafrsfjord. There was fought the greatest battle that king Harold had had, with much slaughter in either host. The king set his own ship in the van, and there the battle was most stubborn, but the end was that king Harold won the victory. Thorir Longchin, king of Agdir, fell there, but Kjotvi the wealthy fled with all his men that could stand, save some that surrendered after the battle.
When the roll of Harold's army was called, many were they that had fallen, and many were sore wounded. Thorolf was badly wounded, Bard even worse; nor was there a man unwounded in the king's ship before the mast, except those whom iron bit not to wit, the berserks (EGILS SAGA, 2003, p.10).

Nessa pequena passagem, o autor enfatizou: 1) a bravura de Þórolfr e os filhos de Berdlu-Kári (pois estavam junto com os doze berserkir do rei na proa do navio real); 2) a importância da batalha de Hafrsfjord, 3) o espírito belígero de Haraldr (que se colocou no ponto mais turbulento da batalha); 4) a vitória do rei, e 5) as perdas de ambos os lados (com destaque novamente para os berserkir.
Um dos elementos mais surpreendentes desse extrato foi o elogio ofertado ao rei. Ao enfatizar a coragem de Haraldr, o autor nos privilegiou com um dos únicos momentos em que o monarca foi louvado em toda a saga. Uma das principais características das skaldasögur (sagas de escaldos) são as odes oferecidas aos reis. A Egils saga é a única do gênero que apresenta uma hostilidade explícita com a monarquia norueguesa, o que muitos relacionam com o período de composição e a relação do provável autor com o rei da Noruega (NORDAL, 2008, p.317; FAULKES, 2008, p.313-314).
O encômio se torna mais relevante ainda com a análise meticulosa da sequência narrativa: o rei desloca o navio para a região fulcral da batalha e, em seguida, o autor da saga indica que o rei venceu a batalha (EGILS SAGA, 2003, p.10). Esses passos não devem ser ignorados, pois indicam que a ação real foi decisiva para o desfecho do confronto.
Após a vitória do rei, foram feitas a contagem dos homens. Þórólfr e Bárðr estavam muito feridos, assim como os demais homens do barco de Haraldr, exceto os berserkir. Houve uma grande mortandade de ambos os lados (EGILS SAGA, 2003, p.10). Porém, a saga não relatou nenhum ferimento do rei, apesar dele ter direcionado o barco para o coração da batalha. Enquanto os guerreiros comuns jaziam no chão, a imagem real permaneceu incólume, além, obviamente, daqueles que não podiam ser feridos. A narrativa é reveladora, pois coloca o monarca  em uma condição superior à de seus homens, apesar do antagonismo que o autor claramente demonstra no início da saga em relação à sua figura  (EGILS SAGA, 2003, p.3-4).
Esse paradoxo suscita primeiramente a seguinte pergunta: seria uma sugestão tácita do autor que o rei era um berserkr? Primeiramente acreditei que não: a Egils saga e a Heimskringla não aludem diretamente que Haraldr poderia sê-lo, ou até mesmo que ele manifestasse alguma característica desses guerreiro. Assim, a conferência do poema Haraldskvæthi (séc. X) (ÞÓRBJÖRN HORNKLOFI, 1936, v. 7-8) 3era o primeiro procedimento metodológico para solucionar esse problema:

 

Heyrði í Hafrsfirði,     hvé hizig barðisk
konungr hinn kynstóri     við Kjötva hinn auðlagða;
knerrir kómu austan     kapps of lystir
með gínöndum höfðum     ok gröfnum tinglum.

Hlaðnir óru hölða     ok hvítra skjalda,
vigra vestrœnna     ok valskra sverða;
grenjuðu berserkir,     guðr vas á sinnum,
emjuðu Ulfheðnar     ok ísörn dúðu.

Hearken how the high-born one in the Hafrs-firth fought there,
the keen-eyed king’s son, against Kiotvi the wealthy:
came the fleet from the eastward, eager for fighting,
with gaping figureheads and graven ship-prows.

They were laden with franklins and lindenshields gleaming,
with Westland spearshafts and with Welsh broadswords.
The berserkers bellowed as the battle opened,
the wolf-coats shrieked loud and shook their weapon.

A composição de Thórbiorn exaltou Haraldr como um bem nascido, além de acentuar a figura de seus mais proeminentes guerreiros, tão ansiosos pela batalha que urraram com o despontar do combate. Porém, como a obra sugere, o rei não foi acometido pelo berserksgangr. No entanto, pude constatar alusões indiretas ao berserkr ao verificar cuidadosamente o léxico da Heimskringla em outra batalha de Haraldr:

 

Ok at lyktum varð Haraldr konungr svá óðr ok reiðr, at hann gékk fram á rausn á skipi sínu, ok barðist þá svá snarpliga, at allir frambyggjar á skipi Arnviðar hrukku aptr til siglu, en sumir féllu.

Finally King Haraldr grew so frentic [óðr] and furious [reiðr] that he went forward in his ship and fought, so valiantly that all the men in the bow of king Arnvith’s ship retreated to the mast and some fell (HARALDS, 1870, p.XI) 4

Snorri Sturluson utilizou os adjetivos óðr e reiðr para descrever o rei. A primeira palavra é o radical do nome de Oðinn, e seus possíveis significados são “frenético” e “furioso”. Reiðr, por sua vez, exprime “encolerizado”. (CLEASBY & VIGFUSSON, 1874, p.174; p.470).
De acordo com Lois Bragg (2004), apesar do rei não ser considerado um berserkr, a única exigência para atingir esse estado era simplesmente a habilidade de se tornar incontrolavelmente selvagem em batalha (p.143). Porém, todas essas indicações só enaltecem ainda mais Haraldr, enquanto outros aspectos ainda permanecem ocultos.
Para solucionar essa aparente contradição do autor da saga, elenquei uma solução possível, graças a alguns aspectos essenciais das Íslendingasögur:

  1. A ênfase no papel da sorte e do destino para o desenvolvimento dos personagens (LÖNRÖTH, 2008, p.309);
  2. A noção de ordem e caos, um ponto comum na tradição literária islandesa (DAVIDSON, 1993, p.65) 5;
  3. A importância dos atributos guerreiros manifestos nos personagens: a bravura, a obstinação, a destreza e a honra (SPRAGUE, 2007, p.139);
  4. O papel do autor e sua relação com a composição da Egils saga (FAULKES, 2008, p.313-314);
  5. A importância das ambiguidades da narrativa (ANDERSSON, 2003, p.102-118).

A sorte de Haraldr foi confirmada logo no início da obra: Kveldúlfr afirmou, certa vez, que a ventura do futuro rei da Noruega o protegia e era grande, enquanto seu adversário de batalha dispunha apenas de um punhado dela (EGILS SAGA, 2003, p.3) 6. Assim, a saga sugere, na medida em que a narrativa prossegue, que Haraldr estava destinado a exercer a atividade régia. Contudo, a Batalha de Hafrsfjord ameaça a série de vitórias do rei. Aqui temos um momento de caos utilizado na narrativa, provavelmente um recurso do autor para ampliar a dramaticidade do momento. O monarca foi obrigado a convocar um grande leiðangr 7 para enfrentar o perigo da revolta nobiliárquica (EGILS SAGA, 2003, p.10). Para reforçar a idéia desse recurso, há de se considerar outro testemunho: a Grettis saga (c. 1400). Quando essa narrativa aborda a Batalha de Hafrsfjord,

 

Fundur þeirra Haralds konungs varð á Rogalandi, í firði þeim er heitir í Hafursfirði. Höfðu þeir hvorirtveggju mikið lið. Þessi orusta hefir einhver verið mest í Noregi. Koma hér og flestar sögur við, því að frá þeim er flest sagt er þá segir helst frá. Kom þar og lið um allt landið og margt úr öðrum löndum og fjöldi víkinga.

Önundur lagði skip sitt á annað borð skipi Þóris haklangs. Var það mjög í miðjum hernum. Haraldur konungur lagði að skipi Þóris haklangs því að Þórir var hinn mesti berserkur og fullhugi. Var þar hin harðasta orusta af hvorumtveggjum. Þá hét konungur á berserki sína til framgöngu. Þeir voru kallaðir úlfhéðnar en á þá bitu engi járn. En er þeir geystust fram þá hélst ekki við. Þórir barðist alldjarflega og féll á skipi sínu með mikilli hreysti.

They met King Harald in a fjord in Rogaland called Hafrsfjord. The forces on each side were very large, and the battle was one of the greatest ever fought in Norway. There are many accounts of it, for one always hears much about those people of whom the saga is told. Troops had come in from all the country around and from other countries as well, besides a multitude of vikings.

Onund brought his ship alongside of that of Thorir Long-chin in the very middle of the battle. King Harald made for Thorir's ship, knowing him to be a terrible berserk, and very brave. The fighting was desperate on either side. Then the king ordered his berserks, the men called wolfskins, forward. No iron could hurt them, and when they charged nothing could withstand them. Thorir defended himself bravely and fell on his ship fighting valiantly (GRETTIS SAGA, 2009, p.II) 8.

Primeiro, o autor da saga nos informa que há várias histórias (sögur) sobre a Batalha de Hafrsfjord. Em seguida, ele destacou a participação de um personagem até então de menor importância: o berserkr Þórir haklangr . O rei ordenou que os seus berserkir dessem cabo do inimigo, que lutou até o fim em seu barco de maneira valente. A ênfase dada pelo autor para quantidade de versões do conflito é uma prova de que havia relatos discordantes, senão quanto ao desfecho da história – uma informação objetiva –, ao menos quanto aos seus detalhes. A presença de um berserkr adversário nesse testemunho é um deles, pois a batalha só atingiu seu desfecho quando Þórir foi eliminado. Não seria justo furtar o leitor de um detalhe fundamental: o adversário foi muito elogiado, apesar de ser um inimigo: “Þórir barðist alldjarflega og féll á skipi sínu með mikilli hreysti” (“Þórir defendeu a si próprio bravamente e caiu em seu navio lutando valorosamente”).
É possível que o autor da Grettis saga tentasse ampliar ainda mais a dramaticidade da história ao inserir um novo personagem que complicasse a relação de superioridade que o rei tinha em relação às outras narrativas, pois na Egils saga e na Heimskringla não houve a menção de nenhum berserkr na hoste inimiga. Assim, há duas possibilidades plausíveis: 1) a adoção de uma tradição diferenciada sobre o mesmo evento, 2) como sugeriu Andersson para a Egils saga, uma versão controlada e independente de um autor sobre uma tradição (ANDERSSON, 2003, p.118).
Um ponto comum em todas as histórias é o ardor da disputa, o que nos sugere um equilíbrio ao menos quantitativo de ambos os lados. Esse quesito reforça ainda mais a sorte e o papel do destino do futuro monarca de toda Noruega. A coragem do rei também é merecedora de destaque. Durante a batalha, Haraldr apresentou as características de um líder corajoso e arrojado. Ao aprumar o navio para o ponto fulcral da batalha, o destino do conflito foi encerrado. Uma atitude diferente poderia ter modificado os resultados da peleja. A Egils saga premia os corajosos e sacrifica os covardes: algumas passagens aludem diretamente a esse hábito (EGILS SAGA, 2003, p.78-79).
Há ainda o papel do autor: a relação desse letrado com a monarquia norueguesa é contraditória (FAULKES, 2008, p.311-314; NORDAL, 1920). Na Heimskringla, Snorri Sturluson não apresentou Haraldr como um déspota, mas como um rei que beneficiou os proprietários que se aliaram a ele. Aqueles que optaram pelo monarca se tornaram muito mais prósperos e poderosos do que eram antes (BULHOSA, 2005, p.13-39). A ambiguidade na aventura de Egill foi uma hábil estratégia do autor do documento para concatenar o interesse de ouvintes tão diversificados, como bem mencionou Andersson em um trabalho recente. Enquanto os islandeses notavam o orgulho ancestral e a resistência heróica, os noruegueses percebiam reinvindicações soberbas e ridículas, e uma autoilusão patriótica dos islandeses (ANDERSSON, 2003, p.116-117). Além disso, o rei Haraldr não era uma ameaça manifesta para os personagens principais da narrativa até a passagem da Batalha de Hafrsfjord. Assim, Snorri descreveu uma imagem amistosa do monarca naquele momento da Egils saga.

***

Relações conflituosas entre a nascente monarquia e os proprietários de terra, vinganças e rixas familiares, aventuras e violência: eis os ingredientes da Egils saga. Apesar dos recursos literários empregados e da ficção, esse documento medieval, como muitas outras fontes islandesas similares, é uma excelente forma de se observar e compreender o passado.
Alguns elementos são ricos em informações válidas para o estudo daquele período: mesmo o autor da saga se rendeu aos valores recorrentes de seu tempo ao descrever a batalha de Hafrsfjord, apesar da antipatia que nutria pela monarquia norueguesa.
Como fonte histórica, a Egils saga é o relato que nos orienta no labirinto da realidade e nos leva aos rastros. Sua leitura nos presenteia com ricas informações sobre os usos e costumes da Islândia medieval e as intenções de quem a produziu (GINZBURG, 2007, p.7-14). O verdadeiro, o falso e o fictício coexistem nesse documento, e a divisão das sagas entre história e ficção propostas por alguns eruditos são contra a natureza desses textos medievais.
Ao considerar o início da narrativa e ausência de animosidades entre islandeses e noruegueses nesse ponto, o autor conseguia de maneira hábil, ao menos em tese, manter a concentração de ouvintes com pontos de vista diferentes. Porém, não devemos ignorar os elementos que fugiram do controle do autor, como o singelo elogio ao rei Haraldr na Batalha de Hafrsfjord, seja pelo gênio do autor ou por pertencer a uma tradição oral. Portanto, essa saga é um documento singular por apresentar uma visão diferente das Íslendingasögur e da Heimskringla, exemplo latente dos encantos e das dificuldades do ofício do historiador.

 

 

The Hafrsfjord battle (c. 890) in Egils saga (c. 1220-1230)

Abstract:This article used as primordial source the Egils saga (c. 1220 -1230), written by the Icelandic erudite Snorri Sturluson (1178 -1241). The objective was to describe the king's image Haraldr inn hárfagri (Harald Finehair, c. 850 -933) in the Hafrsfjord battle (c. 890) and the ambiguity relationships among Icelanders and Norwegian of the century XIII that were transposed to the work.

Keywords:Egils saga; Medieval Scandinavia; Hafrsfjord battle.


1 Graduando em História da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e orientando de Iniciação Científica (2008-2009) sob a supervisão do Prof. Dr. Ricardo da Costa. E-mail para contato: rmarquesb@gmail.com.

2 Haralds saga hins hárfagra, 1870, XVIII.

3 A Haraldskvæthi (ou Hrafnsmól) foi composta pelo escaldo Thórbiorn Hornklofi (séc. IX-X). Pouco se sabe sobre ele: apenas que era nobre bem recebido na corte dos reis. Os especialistas lhe atribuem a autoria de outro poema: a Glymdrápa (séc. IX), canto que descreve várias batalhas do rei Haraldr antes de conquistar toda a Noruega. Os eruditos também acreditam que as estrofes 7 a 11 da Haraldskvæthi fazem parte de outro poema que se perdeu e, posteriormente, foi integrado a esta obra.

4 Na nota 3. O grifo é meu.

5 . Apesar de essa percepção ser própria dos textos mitológicos escandinavos, certas sagas manifestam essa questão e alguns eruditos se debruçaram sobre o tema: Bredsdorff sugeriu uma relação entre caos e amor nas sagas (envolvimento com concubinas, envolvimentos conflituosos dentro da família e amores traídos), enquanto os estudiosos soviéticos Steblin-Kamenskij e Gurevich se dedicaram as estruturas de percepção na  Escandinávia primitiva, com  base em uma análise linguística. Para eles há uma qualitativa heterogeneidade de tempo e espaço nos textos, onde tradições antiquíssimas são transpostas na redação das sagas sem uma correspondência das questões discutidas com a sociedade islandesa do século XIII. Para um resumo da discussão, ver: CLOVER,  2005, p. 259-263.

6 Nota 6. O grifo é meu.

7 O leiðangr era a convocação real de determinados distritos costeiros para prover equipamentos e homens para um navio de guerra (HOLMAN, 2003, p. 173).

8 O grifo é meu.

Referências:
ANDERSSON, Theodore Murdock. The Growth of the medieval icelandic sagas (1180-1280). New York: Cornell University Press, 2006.

BOULHOSA, Patrícia Pires. Sagas islandesas como fonte da história da Escandinávia Medieval. Signum, Nr. 7, 2005.

BRADBURY, Jim. The Routledge companion to Medieval Warfare. London: Routledge, 2004.

BRAGG, Lois. Oedipus borealis: the aberrant body in Old Icelandic Myth and saga. New York: Fairleigh Dickinson Univ Press, 2004.

CLEASBY, Richard; VIGFUSSON, Gudbrand. An Icelandic-English Dictionary. Oxford: Clarendon Press, 1874

CLOVER, Carol J. Icelandic Family sagas (Íslendingasögur) In: CLOVER, Carol et al. Old Norse-Icelandic Literature: A Critical Guide. Toronto: University of Toronto Press, 2005.

DAVIDSON, H. E. The lost beliefs of Northern Europe. Oxford: Routledge, 1993.

EGILS SAGA. Editado por Bjarni Einarsson, com notas e glossário. London: Viking Society for Northern Research, 2003.

FAULKES, Anthony. Snorri Sturluson: his life and work. In: BRINK, Stefan; PRICE, Neil (org.). The Viking World. Oxford: Routledge, 2008.

GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

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HOLMAN, Katherine. Historical Dictionary of the Vikings. Historical Dictionaries of Ancient Civilizations and Historical Eras, Nr. 11. Oxford: Scarecrow Press, 2003.

LÖNRÖTH, Lars. The icelandic sagas In: BRINK, Stefan; PRICE, Neil (Ed.). The Viking World. Oxford: Routledge, 2008.

LUND, Niels. Scandinavia, c. 700-1066 In: ABULAFIA, D. et al. The New Cambridge Medieval History. Vol. 2 (c. 700-900). Cambridge: Cambridge University Press, 2006.

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