História e memória: a melancolia de esquerda em Elegia a Alexandre de Chris Marker

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/2179-8001.98265

Palavras-chave:

Cinema Documentário. Cinema e Arquivo. Cinema e História. Cinema e memória. História e Memória.

Resumo

A imagem da história no filme Elegia a Alexandre de Chris Marker consiste em um ato duplo de rememoração: lembrar do amigo e cineasta falecido, Alexandre Medvedkin, bem como rever a história do comunismo no momento em que ele sucumbe. Discuto o filme na perspectiva da noção de “melancolia de esquerda” de Enzo Traverso. A melancolia no filme busca redimir os insurgentes que sucumbiram lutando por uma utopia autêntica. Ao fazer o duplo luto, Elegia a Alexandre assume o pathos da derrota, mas almeja salvar as vítimas lembrando da proposta do cinema-trem de Medvedkin, praticamente esquecido não fossem as páginas celebradas por Jay Leyda em seu livro Kino: História do cinema russo e soviético.

Abstract

The image of the history in the film The last Bolshevik by Chris Marker consists of a double act of remembrance: remembering the friend and deceased filmmaker, Alexandre Medvedkin, as well as reviewing the history of communism as it succumbs. I discuss the film in the perspective of Enzo Traverso's notion of "left melancholy." The melancholy in the film seeks to redeem the insurgents who have succumbed by fighting for an authentic utopia. In making the double mourning, The Last Bolshevik assumes the pathos of defeat, but aims to save the victims by remembering the idea of the Medvedkin for a cine-train, almost forgotten were it not for the pages celebrated by Jay Leyda in his book Kino: History of Russian cinema and Soviet Union.

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Biografia do Autor

Luiz Cláudio da Costa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), Brasil

Professor Associado do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), atuando nos cursos de Graduação e no Programa de Pós-graduação em Artes (PPGARTES/Uerj). Bolsista Produtividade do CNPq e Procientista da Uerj/Faperj. Foi coordenador do PPGARTES entre 2010 e 2013 e presidente da comissão de elaboração do curso de Doutorado. Foi vice-presidente da ANPAP no biênio 2011-12. Possui Doutorado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Estágio pós-doutoral Sênior na Université de Paris 1-Sorbonne. É membro do conselho consultivo da revista VIS da UNB; membro do conselho editorial da revista Modos. Publicou os livros A gravidade da imagem: arte e memória na contemporaneidade (Quartet, 2014) e Cinema brasileiro (anos 70-70), dissimetria, oscilação e simulacro (7 Letras, 2000). Foi editor responsável pelas coletâneas Narrativas, ficções, subjetividades (em parceria com Sheila Cabo Geraldo - Quartet, 2012), Dispositivos de registros na arte contemporânea (Contra Capa, 2010). Foi curador das exposições Tempo-Matéria (MAC-Niterói, 2010), Paisagem e extremos (CCJF, Rio de Janeiro, 2012), Cidade e desaparecimento (CCJF, Rio de Janeiro, 2011) e co-curador da exposição Carlos Zilio: paisagens 1974-1978 (Galeria Candido Portinari, UERJ, 2011). Publicou na ARS (USP), Arte e Ensaios (UFRJ, Poiéisis (UFF), entre outras. Atualmente, desenvolve a pesquisa A gravidade da imagem: apropriação e repetição na arte contemporânea (Poéticas do arquivo).

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Arquivos adicionais

Publicado

2019-11-25

Como Citar

Costa, L. C. da. (2019). História e memória: a melancolia de esquerda em Elegia a Alexandre de Chris Marker. PORTO ARTE: Revista De Artes Visuais (Qualis A2), 24(42). https://doi.org/10.22456/2179-8001.98265

Edição

Seção

DOSSIÊ: Apagamentos da memória na arte