Entre sufocamentos e alguns possíveis: violência urbana e políticas públicas

Autores

  • Luis Fernando de Souza Benicio Universidade Federal do Ceará
  • João Paulo Pereira Barros universidade Federal do Ceará
  • Dagualberto Barboza da Silva Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.22456/2238-152X.86349

Palavras-chave:

violência urbana, homicídios, juventudes, pesquisa-intervenção, psicologia social

Resumo

O objetivo deste artigo é problematizar implicações da intensificação da violência letal e desafios frente a isso no cotidiano de trabalhadores sociais que atuam em uma das regiões com maiores taxas de homicídios na cidade de Fortaleza. Trata-se de um desdobramento de uma pesquisa-intervenção, à luz do método da cartografia, que analisou práticas institucionais em torno da problemática dos homicídios de adolescentes e jovens. Os dados foram produzidos por observações, conversas no cotidiano, entrevistas e grupos de discussões. A seção de resultados e discussão destaca: 1) a violência como fortalecedora de barreiras no acesso de profissionais aos territórios e no acesso das juventudes mais estigmatizadas aos serviços existentes; 2) os desafios de profissionais de tomar a violência como objeto de ação-reflexão-ação e 3) a experiência de grupos de discussões intersetoriais na Barra do Ceará como estratégia de coletivização da problemática dos homicídios.

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Biografia do Autor

Luis Fernando de Souza Benicio, Universidade Federal do Ceará

Psicólogo com formação em Psicologia Hospitalar (Pró-Reitoria de Extensão/UFC - 2012). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) com sanduíche pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente, é apoiador da política de educação permanente do estado do Ceará, atuando no âmbito da gestão na Secretaria Estadual de Saúde do Ceará (SESA/CE) e professor visitante da Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará (ESP/CE). No âmbito da pesquisa-intervenção, é pesquisador do grupo de Pesquisas e intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação (VIESES/UFC). Coordenou o campo da pesquisa "Violência armada na cidade de Fortaleza e suas consequências humanitárias" (Instituto OCA e Comitê Internacional da Cruz Vermelha) e supervisionou o projeto de extensão Re-Tratos da juventude (UFC), atuando na formação de profissionais por meio da construção de dispositivos de análise coletiva e intervenção micropolítica, de caráter transversal e intersetorial em torno dos processos de subjetivação e dos direitos humanos de juventudes em territórios da cidade de Fortaleza-CE. Desenvolveu, ainda, um trabalho de Apoio Institucional na Rede de Atenção Psicossocial de Fortaleza (Secretaria Municipal de Saúde) e foi colaborador do projeto close certo - Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (Ministério da Saúde). Dedica-se aos seguintes temas, a partir de interlocuções com autores como Foucault, Deleuze, Guattari e outros/as que seguem caminhos investigativos semelhantes: violência e modos de subjetivação infantojuvenis na contemporaneidade; biopolítica; governamentalidade e processos de criminalização e extermínio de jovens no Brasil; direitos humanos; pesquisa-intervenção e cartografia de processos psicossociais contemporâneos nos campos das Políticas Públicas.

João Paulo Pereira Barros, universidade Federal do Ceará

Professor Adjunto do Departamento de Psicologia da UFC. É vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde participa tanto do curso de mestrado quanto no de doutorado. Membro do Colegiado da Coordenação do Curso de Psicologia da UFC, coordenando a unidade curricular "Processos Psicossociais". Doutor em Educação, mestre e graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Especialista em Saúde Mental pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Foi professor efetivo do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), na área de Psicologia e Saúde Coletiva. Tem experiência nas áreas de Psicologia Social/Psicologia Comunitária, Psicologia Escolar/Educacional e no campo da Saúde Coletiva/Saúde Mental. Lider do VIESES-UFC: Grupo de Pesquisas e Intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação, cadastrado no diretório de grupos de pesquisa do CNPQ e como Programa de Extensão do Departamento de Psicologia da UFC. É membro do GT/ANPEPP "Territorialidades, Violências, Políticas e Subjetividades". Dedica-se aos seguintes temas, a partir de interlocuções da Psicologia Social com autores como Foucault, Deleuze, Guattari, Mbembe,, Butler, Agamben, Arendt e Wacquant: violência e modos de subjetivação juvenis na contemporaneidade; bio/necropolítica, governamentalidade e processos de criminalização e extermínio de jovens no Brasil; direitos humanos, práticas sociais/institucionais e micropolítica; arquegenealogia da socioeducação; pesquisa-intervenção e cartografia de processos psicossociais contemporâneos; violência escolar e bullying como dispositivo analisador; formação e atuação da psicologia em políticas sociais com foco em estratégias intersetoriais frente às violências.

Dagualberto Barboza da Silva, Universidade Federal do Ceará

Graduando no Curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

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Publicado

2019-01-01

Como Citar

Benicio, L. F. de S., Barros, J. P. P., & Silva, D. B. da. (2019). Entre sufocamentos e alguns possíveis: violência urbana e políticas públicas. Revista Polis E Psique, 8(3), 129–156. https://doi.org/10.22456/2238-152X.86349

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